terça-feira, 31 de julho de 2012

AS PERNAS DA MENTIRA


 
Como são longas as pernas da mentira insistentemente repetida por muitos! Uma delas atropelou-me outro dia. Centenas de informações sustentam, na internet, que a anistia de 1979 foi aprovada no Congresso pelo estreito placar de 206 votos a 201. Por essa vantagem mínima, a Arena empurrara a tal anistia goela abaixo da oposição. Diante de informação tão homogênea e coincidente, eu a comprei por boa e passei a repeti-la. No entanto, algo não abotoava. Duzentos e um congressistas, adversários do regime militar, se teriam oposto à anistia? Seria paradoxal. Por que rejeitariam um projeto que beneficiou milhares de parceiros? Pesquisando, tropecei noutra das longas pernas em que essa história caminha através dos anos: o projeto teria sido rejeitado pela oposição porque se tratava de uma auto-anistia que só interessava aos militares.

Oh, verdade! Oh, história! O que fazem com vocês duas em nome da ideologia! Dia desses, soube que o JB disponibiliza um arquivo digitalizado de seus jornais desde os anos 30. A edição do dia 23 de agosto de 1979 quebra a perna dessas mentiras. Coisa feia. Fratura exposta. A véspera, dia da votação da anistia, fora tumultuado no Congresso. Pressão nas galerias. Exaltados discursos. O projeto do governo Figueiredo não anistiava quem tivesse participado de "terrorismo, assalto, sequestro e atentado pessoal". Para estes, as duras penas da lei. Mas havia uma emenda do deputado Djalma Marinho que anistiava a todos, ampla, geral e irrestritamente. Essa emenda, levada a votação, foi rejeitada por 206 votos a 201. Ah! Quer dizer que não houve 201 votos contra a anistia, mas 206 votos contra uma emenda que a ampliava? Os 201 votos que se diz terem sido contra o projeto de anistia, na verdade foram a favor de uma anistia muito mais ampla? Sim, foi isso mesmo. Aliás, a maioria parlamentar, a base do governo Figueiredo, entendia que os crimes contra a pessoa, crimes de sangue, não mereciam perdão. Para quem os cometera - a justiça. As penas da lei. Já o projeto em si - Lei nº 6683/79 - foi aprovado em acordo, por voto das lideranças.

O país não se pacificou. Nos seis anos seguintes, continuou a campanha pela anistia ampla, geral e irrestrita, finalmente aprovada, em 22/11/1985, por um Congresso com plena legitimidade democrática, no corpo da emenda que convocou a Constituinte. Apesar de as coisas terem transcorrido desse modo, a história, mal contada e muito repetida, sobre longas pernas, insiste, agora, em que a desejada, pleiteada e ansiada anistia ampla, geral e irrestrita foi uma injustiça. Curiosamente, reproduz a posição da bancada linha dura de 1979 e clama pelas duras penas da lei. Anistia, não! Justiça! Justiça! Também acho injusto que terroristas, guerrilheiros, assassinos e assaltantes responsáveis por mais de uma centena de mortes andem soltos e recebendo gordas indenizações. Digo outro tanto de quem torturou e seviciou. Tais impunidades não são justas!

Mas sei que por esse caminho não chegaríamos à normalidade democrática. O país só foi pacificado, só recuperou saúde institucional quando a Política superou a Justiça através da anistia de 1985. A anistia é um instrumento jurídico a serviço da Política. Da boa Política! Há conflitos, na história, que não se resolvem com Justiça, mas com Política. O passado não tinha conserto. Consertou-se o futuro. Foi esse o bom rumo que o Brasil escolheu e que alguns pernalongas, arrebatados pela ideologia do ódio, querem desandar.

Percival Puggina

DINHEIRO A RODO



Faltando pouco mais de 24 horas para o início do julgamento do Mensalão do PT, pelo Supremo Tribunal Federal, é tenso o clima nos bastidores da política e do mundo do direito. Enquanto os mensaleiros oram e fazem figas para que tudo saia a contento, advogados e assessores se movimentam na busca de melhores detalhes que garantam eventuais absolvições ou penas mais brandas.

Conhecido como implacável em suas decisões e profundo conhecedor da lei, a qual interpreta ao pé da letra, o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do Mensalão do PT, não deve ter aliviado a caneta no momento de condenar os envolvidos cuja participação no esquema ficou comprovada. Como a decisão será colegiada, alguns dos acusados serão contemplados pela absolvição, uma vez que torna-se plural o entendimento de culpa por parte dos ministros. Na esteira desse julgamento algumas absolvições ocorrerão por falta de provas, as quais não foram carreadas ao processo por causa da interferência do PT palaciano na CPI dos Correios.

Que o esquema de cooptação de apoio parlamentar através do pagamento de mesadas regulares existiu não restam dúvidas, pois depoimentos de alguns dos acusados não deixam dúvidas a respeito. Depois da eclosão do escândalo, a forma de compensar a chamada base aliada foi substituída pela distribuição de ministérios e cargos no segundo escalão da máquina federal, sendo que o ônus de qualquer imbróglio passou a ser dos partidos políticos, o que explica os escândalos mais recentes. O mensalão foi o primeiro modelo de corrupção a ser sugerido nos primórdios do governo Lula, mas o staff presidencial, com a discordância de alguns dos seus integrantes, preferiu o esquema criminoso de pagamento de mesadas.

Enquanto fazem juras de inocência e alegam jamais ter recebido qualquer dinheiro do maior caso de corrupção da história nacional, os acusados de envolvimento no escândalo parecem não se importar com os valores dos honorários cobrados pelos advogados contratados para defendê-los. Os denunciados mais ilustres recorreram a advogados à altura e devem desembolsar muito dinheiro. Em um caso como o do Mensalão do PT, um advogado com pouco brilho, que atende a raia miúda, cobra em média R$ 500 mil, já incluso o valor de sucesso da causa. Os considerados médios cobram até R$ 1,5 milhão. Contundo, há advogados cobrando acima de R$ 3 milhões por cada acusado

Fonte: Ucho.Info

A BRONCA ERRADA DE DILMA

Em mais um surto de mau humor, a presidente Dilma Rousseff prometeu punir empresas beneficiadas com incentivos fiscais e outros favores concedidos pelo governo, se houver corte de pessoal. A ameaça foi feita em Londres, onde a presidente assistiu, na sexta-feira, à abertura dos Jogos Olímpicos. Enquanto prepara mais um pacote de incentivos, o governo manda um recado aos empresários: só terá direito à ajuda federal quem se comprometer a preservar empregos e, em certos casos, a cumprir um programa de investimentos. As cobranças surgiram quando a imprensa noticiou a possível demissão de 1.500 trabalhadores da General Motors em São José dos Campos. Mas o recado sobre a exigência de contrapartidas vale, em princípio, para todos os setores premiados com as atenções do governo central. É cedo para dizer se essa pressão resultará no efeito prometido pelas autoridades. Mas pode-se fazer com segurança pelo menos uma previsão: novos pacotes produzirão efeitos muito limitados, se forem restritos a alguns setores e insuficientes para afetar a produtividade geral da economia brasileira. Favores a grupos e a segmentos empresariais eleitos pelos governantes são muito diferentes de políticas industriais e de planos de desenvolvimento.



Terminará em 31 de agosto o prazo da redução do IPI concedida ao setor automobilístico e aos fabricantes da chamada linha branca. Há expectativa de renovação, segundo fontes empresariais, mas há uma nova incerteza, também, diante das novas cobranças. Governo e indústria poderão discutir se os investimentos já realizados foram satisfatórios, mas o debate será certamente tão inconclusivo quanto inútil, porque o foco estará no ponto errado.

Ao mencionar a apresentação de novas medidas, em agosto e em setembro, a presidente Dilma Rousseff referiu-se à continuação de um "programa contracíclico". O uso dessa expressão é esclarecedor. A presidente e seus ministros econômicos parecem ter alguma dificuldade para estabelecer a distinção entre ações contracíclicas e medidas de política industrial ou, mais amplamente, de política de competitividade. A confusão é evidente no impropriamente chamado Plano Brasil Maior. A maior parte das ações anunciadas a partir do ano passado tem alcance meramente conjuntural. São medidas de efeito muito limitado, tanto por seu alcance meramente setorial quanto por seu caráter provisório.

Os grandes obstáculos ao crescimento econômico brasileiro, no entanto, são de outra natureza. Não são meramente conjunturais nem se resolvem com a mera depreciação cambial. Se for muito ampla, essa depreciação até poderá maquiar algumas ineficiências da economia nacional, mas de nenhum modo as eliminará. Demonstra visão curta quem insiste em calcular a sobrevalorização do real sem levar em conta as deficiências estruturais do País e as mais importantes vantagens competitivas de outras economias (boa formação escolar, infraestrutura mais completa e melhor, mais inovação, tributação mais racional e assim por diante).

A prometida redução de custos da eletricidade é uma das poucas medidas de alcance estrutural prometidas até agora. De fato, é até difícil lembrar de outras, exceto se a "política cambial ativa" e a redução dos juros forem incluídas nessa categoria. Além do mais, o barateamento do crédito terá alcance restrito, se o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) continuar empenhado em financiar prioritariamente grandes empresas - incluída a Petrobrás -, normalmente comprometidas com grandes investimentos e com acesso fácil às fontes internacionais de recursos.

As ações até agora desenvolvidas pelo governo federal têm alcance limitado como políticas contracíclicas, como comprovam a estagnação da indústria e a rápida erosão do saldo comercial. Têm alcance ainda mais limitado como componentes de uma estratégia de modernização e de crescimento. Se percebesse esses fatos, a presidente Dilma Rousseff reservaria suas broncas a seus estrategistas econômicos, antes de dirigir sua braveza ao setor empresarial.

O Estado de São Paulo

domingo, 29 de julho de 2012

R$ 101 MILHÕES EM PROPINAS

O publicitário Marcos Valerio Fernandes de Souza, suspeito de comandar o esquema nacionalmente conhecido como Mensalão, foi preso na madrugada desta sexta-feira (2) em Belo Horizonte(MG). O empresário foi detido no bairro Bandeirantes, na região da Pampulha, durante o cumprimento de mandados da Operação Terra do Nunca. Foto: Marcelo Prates/AE
Marcos Valério: imóveis milionários após escândalo
Brasília

Após sete anos de investigação e mais de 50 mil páginas de processo com inquirição de cerca de 600 testemunhas, peritos oficiais conseguiram mapear o tamanho do mensalão, esquema de pagamento de propina a parlamentares da base do governo Lula.

O chamado valerioduto, que o Ministério Público diz ter sido comandado pelo ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, movimentou pelo menos R$ 101,6 milhões. O número foi apurado por investigadores da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e do Tribunal de Contas da União (TCU).

Laudo da Polícia Federal confirma também que o esquema usou dinheiro público, originário do Banco do Brasil. Os saques de R$ 4,652 milhões realizados em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro têm como fonte recursos que a empresa DNA, de Marcos Valério, recebeu do fundo Visanet para prestar serviços de publicidade ao BB.

As informações constam da Ação Penal 470, que tem 38 réus e será julgada a partir de 2 de agosto pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Reforçam as chances de condenação de acusados no processo.

Casas milionárias
Nem a ruína de suas agências de publicidade nem a exposição pública de envolvido no mensalão impediram Marcos Valério de ampliar seus bens.

Duas casas milionárias na região da Pampulha, em Belo Horizonte, são as novas aquisições do lobista e não fazem parte do bloqueio imposto pela Justiça desde a descoberta do mensalão. Para fugir de impedimentos judiciais, Valério registrou os imóveis em nome da filha.

A primeira casa foi comprada em 2009 por R$ 550 mil e valia R$ 1 milhão à época. A segunda foi adquirida há sete meses do dentista Luiz Henrique Lage, que não quis dizer o valor da venda. Oficialmente, a transação foi registrada por R$ 500 mil. (O Globo)

sexta-feira, 27 de julho de 2012

A CRISE DA GERÊNCIA DA CRISE

O Estado de S.Paulo

A incompetência do governo federal como planejador e gestor de obras foi mais uma vez comprovada com o novo balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A execução continua lenta, apesar do aumento dos desembolsos, e o Ministério do Planejamento insiste em inflar os resultados com os financiamentos à habitação. A máquina pública e as empresas estavam despreparadas para investir em infraestrutura, disse a ministra Miriam Belchior, ao apresentar os últimos números nesta quinta-feira. Pelo menos quanto à máquina pública ela está certa. Dizendo talvez mais do que pretendia, a ministra lembrou os projetos suspensos para reelaboração pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Eram, segundo acrescentou, "projetos sem a mínima qualidade". Mas quando foram preparados e desde quando têm sido recusados?

O comentário da ministra do Planejamento é mais um reconhecimento, talvez involuntário, do desastroso padrão gerencial implantado no governo da União pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Exatamente no Ministério dos Transportes começou, há cerca de um ano, a faxina parcial executada, com evidente relutância, pela presidente Dilma Rousseff.

A vassourada foi além do gabinete ministerial e atingiu o Dnit, forçando a substituição de seu comando. Uma das consequências, ainda sensível neste ano, tem sido a lentidão maior na execução de projetos.

As palavras da ministra combinam muito bem com as declarações da nova presidente da Petrobrás, Graça Foster, no dia de sua posse. Ela recuou, dias depois, e tentou desfazer qualquer mal-estar criado por suas declarações. Não poderia, no entanto, simplesmente apagar as afirmações muito claras registradas por toda a imprensa. Sua mensagem foi inequívoca: a administração anterior havia descumprido boa parte das metas e assumido compromissos irrealistas, determinados por interesses políticos. Foi o caso da Refinaria Abreu e Lima, planejada para ser construída em parceria com a estatal venezuelana de petróleo. Nenhum centavo foi pingado, até agora, por essa empresa.

A marca do governo Lula é inegável nos dois casos - na subordinação da Petrobrás às fantasias ideológicas do PT e na devastação da máquina administrativa por meio do loteamento e do aparelhamento do governo. De fato, essas práticas foram mantidas.

Forçada a afastar vários ministros e a mexer em postos importantes de vários Ministérios, a presidente Dilma Rousseff preservou, no entanto, a partilha da administração entre os partidos da base governista. Conservou, portanto, o critério de apropriação do setor público e de seus recursos por um grupo interpartidário investido das prerrogativas de um bando conquistador. Não há surpresa. Pode haver mudança em alguns números, mas o conjunto é essencialmente o mesmo da gestão de seu antecessor e mentor político.

O espetáculo da ineficiência continua. Desde o início do PAC 2, no ano passado, até junho deste ano foram concluídas obras no valor de R$ 211 bilhões, segundo o balanço oficial. Os financiamentos de moradias, R$ 129,3 bilhões, corresponderam a 61,3% daquele total. O dinheiro destinado a habitações foi mais que o dobro do aplicado - R$ 55,1 bilhões - nas obras concluídas do setor energético. Além disso, equivaleu a mais de cinco vezes o valor destinado aos projetos terminados no setor de transportes, R$ 24,4 bilhões. O peso do programa habitacional é enorme até quando se considera o total das aplicações do PAC 2, R$ 324,3 bilhões em obras - as concluídas e aquelas em execução.

Quando se examina só o PAC orçamentário, custeado diretamente pelo Tesouro, o cenário é familiar. No primeiro semestre deste ano foram desembolsados R$ 19,7 bilhões, 32% mais que nos primeiros seis meses do ano passado. Mas esses pagamentos, equivalentes a 40,4% da verba orçamentária atualizada, foram na maior parte constituídos de restos a pagar, no valor de R$ 15,2 bilhões. A Europa, disse a presidente em Londres, enfrenta uma crise de gerência da crise. Não precisaria cruzar o Atlântico, no entanto, para encontrar exemplos de má administração. Seu governo é um exemplo digno de manual.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

ABSURDOS INEXPLICÁVEIS

A Voz do Brasil, noticiário de rádio da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) que vai ao ar todas as noites em rede nacional, destacou, no dia 10.07.12, o acordo de cooperação técnica firmada entre a Codevasf e o Corpo de Engenheiros do Exército Americano (USACE) para consultoria, visando ao desenvolvimento da hidrovia do São Francisco.

Na matéria, o presidente da Codevasf, Elmo Vaz, explica o andamento dos trabalhos no campo de provas em Barra, na Bahia, e o gerente de Concessões e Projetos Especiais da Codevasf, Roberto Strazer, destaca que o transporte de mercadorias pela hidrovia irá reduzir os custos dos produtores da região, além de ter baixo impacto ambiental e ser menos poluente que o transporte terrestre.

Com a parceria firmada com o USACE, em 2011, espera-se o desenvolvimento da hidrovia do São Francisco mediante o controle de processos erosivos, melhoria de navegabilidade e contenção de margens. Isto foi discutido com a comitiva do Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos (Commander of US Southern Command), liderada pelo comandante Douglas Fraser, tenente-brigadeiro da Força Aérea daquele país, na reunião naquela data em Brasília. O secretário extraordinário da Indústria Naval e Portuária do Estado da Bahia, Carlos Costa, também participou, além de diretores e técnicos da Codevasf.

Em seu pronunciamento, o tenente-brigadeiro Fraser falou da importância do trabalho conjunto com a Codevasf. "É um privilégio vir ao Brasil para conhecer melhor esse projeto. Esperamos que haja um fortalecimento dessa parceria com novas ações a partir dessa cooperação com a Codevasf", afirmou. Para o primeiro ano, até agora foram identificados os projetos de avaliação do campo de provas, em Barra (BA), e a aplicação dos tubos de geotêxtil, na Ilha Sambaíba, e Curralinho.

O monitoramento do projeto pelo USACE envolve também investigação geológica, avaliação geotécnica, análise da qualidade da construção, análise hidrológica e outros estudos.

De fato, trata-se de um absurdo inexplicável e imperdoável, em especial por tratar-se de um acordo entre um órgão do ministério da Integração Nacional e um organismo estrangeiro, a USACE, representada por um oficial general da mais alta patente das FFAA dos EUA. De início, não acreditamos na veracidade da mesma. Contudo, verificamos sua procedência, infelizmente. Cabe a primeira pergunta: Esta aberração está sendo concretizada com o conhecimento da Presidência da República? E, a seguir, o Congresso Nacional apreciou o assunto? E o Exército Brasileiro foi ignorado? Os (ir)responsáveis autores por acaso sabem que na região de Barra existe uma rica região mineral? Qual a justificativa de investigação geológica por estrangeiros na área? É revelador o fato, ainda mais ocorrendo na Bahia, onde o governador é do PT, Jacques Wagner.

Os absurdos prosseguem com a informação prestada em relatório de entidade britânica ao afirmar que brasileiros têm US$ 520 bi em contas em paraísos fiscais. O valor só é menor do que teriam chineses, russos e sul-coreanos e representa mais de um quinto do PIB nacional. É coerente com as estimativas da avaliação do montante da economia subterrânea no Brasil, em torno de R$ 663,4 bilhões, o que equivale a 18,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011. Contudo, há especialistas no assunto especulando ser o percentual bem maior. A pergunta lógica é : qual a ação das autoridades econômicas em relação a esta situação? São recursos vultosos capazes de, se corretamente recuperados e aplicados, minorar necessidades básicas (saúde, educação, segurança) da população brasileira tão desassistida, apesar da elevada carga tributária paga (quase 40 % do PIB).

E culmina com a sucessão de crimes de alto nível de periculosidade cometidos por "menores" de 18 anos, em todo o país. Fica clara a utilização de menores por marginais maiores de idade, para livrarem-se da responsabilidade, imputando-a aos ditos "menores", pois é sabido que não serão devidamente punidos. Um dos episódios apresentado pelas emissoras de televisão mostra um marginal com 20 anos e um menor, este com um revólver na mão, sequestrando uma professora em seu automóvel. A seguir entram no veículo, algumas moças também "menores" que, com certeza da impunidade, não somente torturam a vítima psicologicamente, como gravaram as cenas, através do celular da mesma.

Quando eles foram presos, elas, ao serem interrogadas, afirmaram que teriam sido forçadas por eles, sendo liberadas. Apenas agora, com a descoberta do celular é que foram denunciadas. O que nossos congressistas estão esperando para acabar com a indecente impunidade destes marginais, os quais são menores para serem punidos, mas mais cruéis do que os maiores, ao cometerem seus crimes? Em torno de 66 % dos brasileiros anseiam por esta ação, segundo pesquisas recentes. Ao invés de ficarem debatendo coisas menores, de interesses externos, como descriminalização da droga ou criminalização da "homofobia", deveriam

Prof. Marcos Coimbra

LULA, O MAIOR BENEFICIÁRIO DO MENSALÃO, NÃO SERÁ JULGADO



Contagem regressiva – Com a proximidade do início do julgamento do caso do Mensalão do PT, cresce no meio político a expectativa em relação ao futuro dos acusados de envolvimento no esquema de cooptação de apoio no Congresso Nacional através do pagamento de mesadas regulares. Na opinião do presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire, “será um julgamento que vai marcar a história do Brasil; não adianta o Supremo dizer que vai ser um julgamento como outro qualquer”. O julgamento do caso, marcado para começar no próximo dia 2 de agosto, marcará um período da sociedade e da República, afirma o parlamentar.
“O mensalão do Lula é o maior escândalo de corrupção da República brasileira e o julgamento terá ampla cobertura da imprensa brasileira; é uma grande estultice do PT acreditar que pode transformá-lo em secreto”, afirmou.

Chamamento

Para Freire, não importa o momento em que o caso seja julgado – perto ou longe das eleições –, pois a repercussão será sempre grande. “Eu já venho gravando para candidatos do PPS a prefeito e aliados participações em que chamo a atenção para a necessidade de se acompanhar atentamente o julgamento”, revelou o presidente do PPS.

O acontecimento já seria histórico, avalia. “A eleição é algo mais, apenas”. O julgamento, analisa, não será mais importante por causa da eleição. Seria a qualquer tempo, por causa de sua proporção e importância.

Sobre a estratégia de Delúbio Soares – que foi tesoureiro da campanha do PT e continuava na tesouraria do partido na época do escândalo, no primeiro mandato de Lula e – de chamar a juventude do PT para defendê-lo, Freire declarou que o mensaleiro faz o papel dele.
“Absurdo é a juventude se prestar a esse papel e ainda chamá-lo de herói guerreiro do povo brasileiro”. Para Roberto Freire, “isso é um escárnio que atenta não contra Delúbio, que já não tem muito o que perder, mas contra a juventude, que tem um setor do PT capaz de homenagens desse tipo”.

Freire ironizou, afirmando que já existem brincadeiras dando conta de que o ídolo da esquerda petista agora não é mais Che Guevara, mas Delúbio, “que é o herói e guerreiro do povo brasileiro; veja a que ponto se chegou a desfaçatez e o escárnio”.

Apesar de o mensalão ser do Lula, lembra Freire, o ex-presidente não será julgado. “O fato de Roberto Jefferson e Marcos Valério falarem sobre o envolvimento dele só mostra o que a sociedade já sabe: que ele foi o maior beneficiário do esquema; mas Lula não está nos autos e não será julgado”

Fonte: Ucho.Info.

terça-feira, 24 de julho de 2012

PORQUE ME ENVERGONHO DO MEU PAÍS


 Desde que o PT foi entronizado no posto mais alto da República a nação foi se acanalhando. A sucessão de escândalos anestesiou as mentes e poucos se indignam com a imoralidade reinante nos Poderes Constituídos. Os sentimentos populares foram amestrados pela propaganda incessante e o mito do pobre operário foi suficiente para que a corrupção sempre havida alcançasse seu paroxismo sem que nenhum protesto fosse ouvido. Não houve nem partidos, nem instituições, nem grupos de pressão que agissem como oposição ao desgoverno populista, perdulário, enganador.

Lula foi reeleito. Verborrágico como um caudilho latino-americano, debochado como um frequentador de boteco, praticante do autoelogio, ególatra ao extremo, ele conquistou as massas pobres iludidas com bolsas da caridade pública. Atraiu o apoio dos ricos que financiaram suas campanhas e, depois, se refestelaram nos lucros que ele lhes proporcionou. A classe média, especialmente a composta por professores e estudantes universitários, artistas, clérigos da Teologia da Libertação, ou seja, os entusiastas das utopias que prometeram o céu e transformaram a vida em inferno, viram no pelego sindicalista a ansiada personificação do proletário que iria liderar a lutas de classes.

Com Lula lá empunhando seu cetro diante de companheiros e seguidores, o pior da América Latina em termos de governantes se tornou expressivo. E o magnânimo presidente, em detrimento dos interesses brasileiros, facilitou a vida de déspotas travestidos de democratas como Fidel Castro, Hugo Chávez, Evo Morales, Rafael Correa e outros mais. Com tais compadres Lula compartilhou o ódio à liberdade de imprensa, como é também o caso de Cristina Kirchner, sempre adulada pelo petista.

Em todo mundo a política externa lulista seguiu vergonhosamente apoiando os piores tiranos que exercitam aberrante desrespeito aos direitos humanos como, por exemplo, o iraniano Mahmoud Ahmadinejad.

Acontece que Lula da Silva sempre foi um homem de muita sorte, o que é confundido com capacidade. Herdou a herança bendita do Plano Real, surfou durante seus dois mandatos, até 2008, nas águas calmas da economia mundial e ainda logrou eleger sua sucessora, Dilma Rousseff. Esta fiel seguidora do seu criador político imita seus gestos, perpetua seu populismo, não dá um passo sem consultá-lo. Sobre ela também um mito é tecido: é a gerente, a “faxineira”, a economista.

Entretanto, se Lula satisfazia a plateia contando piadas de mau gosto em péssimo português, Rousseff, quando discursa, parece não conseguir ligar um parágrafo com outro se levanta os olhos do papel. Sua linguagem é confusa. Seu pensamento obtuso. Mesmo quando tenta agradar assume uma atitude colérica como se vivesse em perpétua fúria.

Em política externa ele segue, como em tudo mais, as ordens do mestre. Foi assim que, por seu intermédio, em conluio com Cristina Kirchner e aquiescência de José Mujica, o Brasil mais uma vez encenou procedimento vergonhoso, covarde, arbitrário ao suspender o Paraguai do Mercosul por causa do impeachment de Fernando Lugo, um ato legítimo, legal e soberano daquele país.

Esta, sim, foi uma manobra desonesta levada a efeito para introduzir no Mercosul Hugo Chávez, o despótico governante da Venezuela que tentou assumir o poder através de um fracassado golpe. Posteriormente foi eleito, mas, alterando a Constituição a seu-bel prazer tem se perpetuado no cargo desde 1999. Prepara-se agora para nova eleição com pleno apoio e intromissão de Lula na política venezuelana.

Enquanto seguem as lutas do poder pelo poder, sinais preocupantes vão aparecendo na esfera econômica, em que pese o falso otimismo da presidente e de seu ministro da Fazenda, Guido Mantega. A produtividade da economia encolheu pelo segundo ano consecutivo. A Petrobrás estagnou. Segundo O Estado de S. Paulo, “a produção industrial recuou cinco anos e vai cair mais”. “De janeiro a junho o valor das exportações foi de 1,7%, menor do que um ano antes, enquanto o das importações foi 3,7% maior”. Aumenta a inadimplência e a inflação. O reflexo no desemprego será inevitável e já começou acontecer. E o PIB, que agora não tem importância para a presidente, pode ficar abaixo de 2%.

Culpa dos ricos, da crise mundial, dirão Rousseff e Mantega para esconder o próprio fiasco. Será só isso? Segundo o BIS, o Banco Central dos Bancos Centrais: “O caminho escolhido nos últimos anos para promover o crescimento econômico – crédito – se tornou insustentável e pode levar o Brasil ao desastre”.
Por essas e por outras me envergonho do meu país.

Maria Lucia Victor Barbosa

MENSALEIROS NO TRIBUNAL


 Depois de longa espera, finalmente o Supremo Tribunal Federal vai julgar o processo do Mensalão. A demora é só mais uma demonstração de quão ineficiente é o Judiciário. A lentidão é a maior característica do poder que devia ser célere, eficiente e, principalmente, justo. E não é por falta de recursos. Não. Basta observar as folhas de pagamento que, com muita dificuldade e depois de muita pressão do Conselho Nacional de Justiça, estão sendo divulgadas.

Os poderes Executivo e Legislativo estão maculados pela corrupção até a medula. Não há dia sem que apareça uma denúncia sobre o desvio de recursos públicos ou favorecimento de interesses privados. Os olhos do cidadão acabam, em um movimento natural, se dirigindo para o Judiciário. É um gesto de desespero e de impotência. Porém....

Não há otimismo que consiga reverter este quadro, ao menos a curto prazo. Vivemos um dos momentos mais difíceis da história republicana. Daí a enorme responsabilidade do STF no julgamento do Mensalão. Em 2005 fomos bombardeados por reportagens e entrevistas sobre o caso. O mais triste para os valores republicanos foram as sessões da CPMI dos Correios. Muitos depoimentos foram transmitidos ao vivo. Foi estarrecedor ouvir depoentes que tratavam de desvios de recursos públicos, de pagamento de campanhas eleitorais (como a presidencial de 2002) e da compra de apoio político no Congresso, com enorme tranquilidade, como se toda aquela podridão fizesse parte do jogo político em qualquer democracia. E quem agisse de forma distinta não passaria de um ingênuo. Em resumo, a ideia propagada pelos depoentes era de que política sempre foi assim.

Contudo, no decorrer dos trabalhos da CPMI, o clamor da opinião pública foi crescendo. A crise política se instalou. Alguns parlamentares do PT, envergonhados com a revelação do esquema de corrupção, saíram do partido. O presidente Lula foi à televisão e pediu, em rede nacional, desculpas pela ação dos dirigentes partidários. Disse desconhecer que, nas antessalas do Palácio do Planalto, tinha sido planejado o que ficou conhecido como Mensalão. Falou até que tinha sido traído. Não disse por quem e nem como.

O relatório final da CPMI pedindo o indiciamento dos responsáveis foi encaminhado à Procuradoria Geral da República. A aprovação foi comemorada. Em sinal de triunfo, o relator foi carregado pelos colegas. Para a oposição, o presidente Lula estava nas cordas, à beira de um nocaute. Caberia, disse, na época, um dos seus líderes, levá-lo sangrando até o ano seguinte para, então, vencê-lo facilmente nas urnas. Abrir um processo para apurar o crime de responsabilidade colocaria em risco o país. Estranha argumentação, mas serviu para justificar a inépcia oposicionista, a falta de brio republicano e uma irresponsabilidade que só a história poderá avaliar.

Em 2007 o STF aceitou a denúncia. Foi uma sessão bizarra. Advogados se sucediam na tribuna defendendo seus clientes, enquanto os ministros bocejavam, consultavam seus computadores, conversavam, riam e ironizavam seus colegas. Dois deles - Ricardo Lewandovsky e Carmen Lúcia - chegaram a trocar mensagens especulando sobre os votos dos ministros e tratando outros por apelidos. Eros Grau foi chamado de "Cupido", e Ellen Gracie, de "Professora". O ministro Cupido, ou melhor, Eros Grau, chegou ao ponto de mandar um bilhetinho para um advogado, um velho amigo, e que estava defendendo um dos indiciados. Teve advogado que falou por tempo superior ao regimental e, claro, como não podia deixar de ser, fomos quase sufocados pelo latinório vazio, a erudição postiça, tão típica dos nossos bacharéis. Em certos momentos, a sessão lembrou um animado piquenique. Pena, que em vez de um encontro de amigos, o recinto era da nossa Suprema Corte.

Apesar do clima descontraído, a denúncia foi aceita. E o processo se arrastou por um lustro. Deve ser registrado que, inicialmente, eram quarenta acusados e foram utilizados todos os mecanismos - que são legais - protelatórios. No final do ano passado, o ministro Joaquim Barbosa entregou ao presidente do STF o processo. De acordo com o regimento foi designado um ministro revisor. A escolha recaiu em Ricardo Lewandovski, o mesmo que, na noite da aceitação da denúncia, em 2007, foi visto e ouvido - principalmente ouvido - ao celular, em um restaurante de Brasília, falando nervosamente que a tendência dos ministros era "amaciar para José Dirceu", um dos acusados. Mas que, continuou o advogado de São Bernardo, a pressão da mídia teria impedido o "amaciamento" (curioso é que nessas horas a linguagem é bem popular, e o idioma de Virgílio é esquecido). O mesmo Lewandowski ficou seis meses com o processo. Foi uma das mais longas revisões da história. Argumentou que o processo era muito longo. Mas isto não impediu que realizasse diversas viagens pelo Brasil e para o exterior durante este período.

Depois de muita pressão - e foi pressão mesmo -, o ministro revisor entregou seu relatório. Só que, dias antes, o presidente Ayres Brito reuniu os ministros e estabeleceu o calendário do julgamento. Registre-se que Lewandovski não compareceu à reunião, demonstrando claramente sua insatisfação. O ápice das manobras de coação da Corte foram as reuniões de Lula com ministros ou prepostos de ministros. Se o Brasil fosse um país sério, o ex-presidente - que agora nega o que tinha declarado em 2005 sobre o Mensalão - teria sido processado. Mas, diria o otimista, ao menos, teremos o julgamento público do maior escândalo de corrupção da história recente.

Marco Antonio Villa

segunda-feira, 23 de julho de 2012

DE ONDA A TSUNAMI



É preciso insistir no assunto.
Por que, em pouco mais de dois meses, o país foi tomado por monumental onda de greves, prevendo-se para depois de agosto um tsunami de proporções asiáticas?
Vale, de início, a ressalva: porque os assalariados, públicos ou privados, sentem a cada dia diminuir o valor do que recebem pelo seu trabalho, em proporção aritmética, ao tempo em que suas despesas aumentam em proporção geométrica.
Não se fala, por certo, das minorias incrustadas no aparelho estatal, do tipo ministros, procuradores, parlamentares e penduricalhos. Sequer vale citar os vigaristas das estruturas privadas, do tipo banqueiros, empreiteiros, empreendedores, bem nascidos e similares. Estes, como aqueles, constituem a casta de quantos, milenarmente, vivem às custas da maioria.
A indagação vai por conta da gente comum, da massa de funcionários públicos, professores, trabalhadores, operários e até integrantes das profissões ditas liberais que de repente protestam contra o modo de vida a que se encontram reduzidos.
Pouco importa se componentes das massas miseráveis subiram de patamar, claro que não tanto quanto a propaganda oficial alardeia, porque na hora das greves são eles a integrar os primeiros contingentes do protesto.
Do que se indaga é das razões de porque, de um dia para outro, despertou a indignação dos oprimidos, alguns, até, sem motivos para indispor-se tão depressa assim diante de injustiças milenares.
É nessa parte da equação que se questiona a forma, não o fundo.
Alguma influência exógena terá precipitado a reação natural e justa das camadas oprimidas, acima e além de seus reclamos naturais.
Aqui pode repousar a resposta dessa charada envolta num mistério circundado por um enigma de proporções mais do que definidas: estão querendo despertar forças naturais através de métodos canhestros cujo objetivo é domínio do poder. Quem?

Aqueles empenhados em desempenhar o papel de defensores dos oprimidos, ainda que pretendendo oprimi-los um pouco mais.
A CUT e o PT e seus serviçais. Com que objetivo? De retomar o controle do Estado e de suas instituições, que um dia, durante os oito anos do governo Lula, mantiveram através da contenção dos movimentos sociais, conseguindo sufocá-los.
Descobre-se a chave para a compreensão dessa nova realidade. Querem enquadrar a presidente Dilma, transformá-la no marionete que era quando escolhida pelo primeiro-companheiro para sucede-la, transformando-se numa sombra.
Acontece que a presidente, se não libertou-se, ao menos sacudiu a crosta em que pretendiam envolve-la. Estrilou e discordou do modelo engendrado para torna-la mero interregno entre dois mandatos do Lula.
Como combate-la?
Ironicamente, com as armas que serviram para derrotar a ditadura. Estimulando greves que não tiveram lugar nos dois mandatos anteriores. E que não teriam agora caso a personalidade de Dilma fosse outra.
Na verdade, imaginaram deter o poder integral. Contrariados, tratam-na como adversária. Ninguém se iluda, vem mais por aí, atingindo outras categorias do serviço público
e, em especial, estendendo-se à área privada. Metalúrgicos e bancários estão sendo preparados.
Carlos Chagas

FALTA ALGUÉM NO BANCO DOS RÉUS DO MENSALÃO

Marcos Valério, um dos cérebros do mensalão, voltou a ameaçar Lula, segundo a VEJA desta semana.

Em pânico com a possibilidade de vir a ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal, que começará a julgar no próximo dia dois os 38 réus do mensalão, Valério se disse disposto a contar que esteve com Lula várias vezes, o que Lula sempre negou.

Foi Paulo Okamoto, uma espécie de diligente tesoureiro informal da família Lula, que de novo dobrou Valério. Naturalmente, Okamoto nega que Valério tenha feito qualquer ameaça a Lula. Ou dito que antes do estouro do escândalo do mensalão estivera com ele na Granja do Torto, uma das residências oficiais do presidente da República.

"[Valério] queria me encontrar porque às vezes quer saber das coisas. Em geral, ele quer saber como está a política, preocupado com algumas coisas", justificou Okamoto. Foi claro? Adiante.






Coube também ao advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, outra peça importante da engrenagem do PT, agir para sossegar o espírito atribulado de Valério.

Ponham-se no lugar do ex-publicitário mineiro. Era rico, riquíssimo antes de se meter com o PT de Delúbio Soares, Genoino e José Dirceu. Tinha duas agências de propaganda. E inventara uma forma de lavar dinheiro por meio de bancos para engordar o caixa 2 de políticos às vésperas de eleições. Eduardo Azeredo, do PSDB, foi um deles.

Procurado para fazer pelo PT o que fizera por Azeredo, imaginou ter tirado a sorte grande.O governo Lula estava nos seus meses iniciais. E a turma à frente do partido em busca do tempo perdido.

De repente, todas as portas se abriram para Valério. E ele passou a "fartar os olhos" admirando o dinheiro que entupia as suas burras.

Teria dado certo - não fosse o tresloucado gesto de Roberto Jefferson, presidente do PTB, que por pouco não pôs o governo a pique.

Em um sábado de junho de 2005, depois de tomar uns goles a mais na Granja do Torto, Lula falou em renunciar ao mandato. Ficara sabendo que Valério admitira envolvê-lo no escândalo.

José Dirceu, então chefe da Casa Civil da presidência da República, foi chamado às pressas em São Paulo. Escalado para dar um jeito em Valério, deu sem fazer barulho.

Naquele dia postei em meu blog que Lula falara em renúncia - embora eu não soubesse por que. Nunca recebi tantos desmentidos de porta-vozes e amigos do governo.

Ainda no segundo semestre de 2006, Valério voltou a atacar. Procurou um político de forte prestígio junto a Lula. Queixou-se de estar quebrado. Acumulava dívidas sem poder honrá-las. Seus bens haviam sido bloqueados. Caso não fosse socorrido, daria um tiro na cabeça ou faria com a Justiça um acordo de delação premiada.

O político pediu uma audiência a Lula. Recebido no gabinete presidencial do terceiro andar do Palácio do Planalto, o político reproduziu para Lula o que ouvira de Valério.

Em silêncio, Lula virou-se para uma das janelas do gabinete que lhe permitia observar parte do intenso movimento nas vizinhanças do palácio.

Então perguntou ao visitante: "Você falou sobre isso com Okamoto?" O visitante respondeu que não. E Lula mais não disse e nem lhe foi perguntado. Seria desnecessário.

O diligente Okamoto, aquele que pouco antes pagara do próprio bolso cerca de R$ 30 mil devidos por Lula ao PT, apascentou Valério.

Falta alguém em Nuremberg!

Quero dizer: falta alguém na denúncia oferecida pela Procuradoria Geral da República sobre a "organização criminosa" que tentou se apossar do aparelho do Estado.

Desviou-se dinheiro público - e não foi pouco. Pagou-se para que deputados votassem como queria o governo. Comprou-se o apoio de partidos.

Nada será capaz de reparar o mal produzido pelos que chegaram ao poder travestidos de legítimos hierarcas da decência - falsos hierarcas como se revelariam mais tarde.

Mas se a Justiça só enxergar inocentes entre eles, isso significará que também foram bem-sucedidos na tarefa de trucidar a esperança.

Blog do Noblat

domingo, 22 de julho de 2012

MARCOS VALÉRIO VOLTA A CHANTAGEAR LULA E O PT

Reportagem em VEJA desta semana mostra que o empresário ameaça revelar ao Ministério Público detalhes de conversas suas com o então presidente

Marcos Valério
Marcos Valério, ansioso às vésperas do julgamento: ameaças ao PT (Eugénio Moraes/Hoje em Dia/Futura Press)
Um dos amigos mais próximos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Paulo Okamotto está há dois meses às voltas com uma missão: o ex-metalúrgico foi encarregado de manter sob controle – e em silêncio – o empresário Marcos Valério. Reportagem publicada em VEJA desta semana revela que, às vésperas do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), o empresário está chantageando mais uma vez Lula e o PT.

Denunciado pelo procurador-geral da República como o operador do maior esquema de corrupção da história, Marcos Valério responde por cinco crimes cujas penas, somadas, podem chegar a 43 anos de prisão. Em maio, ele fez chegar à cúpula do PT uma ameaça: estava decidido a procurar o Ministério Público para revelar detalhes de suas conversas com Lula em Brasília. O ex-presidente sempre negou a existência de qualquer vínculo entre ele e o operador do mensalão.
Paulo Okamotto, hoje diretor-presidente do Instituto Lula, entrou em ação para evitar turbulências. Ele admite ter participado de reuniões com Marcos Valério, mas diz que isso nada tem a ver com ameaças ou chantagens. Indagado se as conversas envolviam assuntos financeiros, ele explicou: “Ele tem uma pendência lá com o partido, de empréstimo, coisa de partido”. Referia-se ao processo em que Valério cobra judicialmente 55 milhões de reais do PT, como pagamento pelos empréstimos fictícios que abasteceram o mensalão.
Okamotto concluiu, em tom enigmático: “Marcos Valério tinha relação com o partido, ele fez coisas com o partido. Eu nunca acompanhei isso. Então, quem pariu Mateus que o embale, né, meu querido?”
O advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, petista histórico e também integrante do círculo íntimo de Lula, foi destacado para descobrir se as ameaças, dessa vez, procediam. “Greenhalgh é o pacificador, é quem sempre dá as garantias a ele”, disse a VEJA uma fonte da confiança do empresário. Greenhalgh teria descoberto que tudo não passa de um blefe.
Blefando ou não, é no mínimo estranho que, sete anos depois do mensalão, Marcos Valério continue ameaçando o PT - e o PT continue assombrado com as ameaças de Marcos Valério.

Veja Online

NA POLITICA VALE TUDO

Quando para muitos parecia que nossos políticos tinham esgotado o repertório de subterfúgios para abusar da coisa pública em benefício próprio, descobre-se que o dono do PDT em São Paulo, deputado federal Paulinho da Força, candidato a prefeito da capital, mantinha controle sobre a Secretaria de Estado de Emprego e Relações de Trabalho por intermédio de seu filho, Alexandre Pereira da Silva, que, apesar de não ter nenhum vínculo formal com a pasta, ali dispunha de um gabinete completo, a partir do qual, em nome do pai, mandava e desmandava na área de operações. Alexandre é funcionário da Fundação para o Desenvolvimento das Artes e da Comunicação (Fundac), fundação de direito privado, sem fins lucrativos, que só este ano recebeu R$ 3,7 milhões da Secretaria do Trabalho.



Tendo o Estado revelado a maracutaia, o governador Geraldo Alckmin ordenou à Corregedoria-Geral da Administração, vinculada à Casa Civil, a investigação dos fatos. E na tarde da quarta-feira o pivô do imbróglio afastou-se da Secretaria, obedecendo à determinação provinda do Palácio dos Bandeirantes. Mas Alckmin, antecipando-se à rigorosa apuração que ordenara, fez eco às declarações de Paulinho da Força de que não havia no episódio "nenhuma irregularidade".

O secretário de Emprego e Relações de Trabalho chama-se Carlos Ortiz, é sindicalista filiado ao PDT e assumiu o cargo em março último, em decorrência de um acordo político por meio do qual Paulinho garantiu uma força - da legenda de que é dono e certamente também da central sindical da qual é presidente licenciado - à candidatura de Alckmin à reeleição, em 2014. A Coordenadoria de Operações da pasta é oficialmente dirigida por um funcionário de carreira sem filiação partidária, Marcos Wolff.

Mas era Alexandre quem dirigia de fato a unidade, recebendo diretamente os pleitos dos prefeitos e dispondo a seu critério dos recursos destinados à aplicação na área da Coordenadoria, que abrange 243 postos de atendimento a trabalhadores distribuídos por todo o Estado - uma base de operações perfeita... para cabos eleitorais.

Lamentável sob todos os aspectos, este é mais um episódio que evidencia, por um lado, o nível de banalização a que chegou a prática da mais deslavada apropriação privada dos bens e recursos públicos por parte de políticos e, por outro, que cada vez mais as principais legendas partidárias se revelam farinha do mesmo saco.

Há quase duas décadas governando o Estado de São Paulo, o PSDB age e deixa seus aliados agirem em seus domínios com a mesma falta de cerimônia com que seu figadal adversário, o PT, atropela a lei e os mais elementares princípios éticos para impor no plano federal seu desígnio de perpetuação no poder.

Da maneira como as coisas estão dispostas na política brasileira, os tucanos têm a pretensão de se apresentar como os principais opositores do lulopetismo. Mas o comportamento do PSDB, seja em seu principal reduto, o território paulista, seja em outras paragens como o Estado de Goiás - como a CPI do Cachoeira tem demonstrado -, revela que não existe muita diferença no modo como uns e outros manejam, na prática, o cotidiano da administração pública. O mesmo tipo de alianças de conveniência com que o PT procura garantir a "governabilidade" no plano federal se reproduz - guardadas as peculiaridades do jogo político no âmbito regional ou local - nos domínios tucanos.

A vala comum em que os políticos parecem atolados evoca o aparente conflito apontado na política, pela teoria weberiana, entre a ética das convicções, fundada em princípios, e a ética da responsabilidade, que procura compatibilizar princípios com genuína governabilidade. Escreveu um ilustre tucano, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em recente livro sobre A arte da política: "Se é certo que o político, para Weber, deve ser julgado pelas consequências de seus atos, isto não significa que a ação do político dispense convicções".

Não tem sido tarefa fácil, porém, identificar na ação dos políticos brasileiros convicções que não sejam a de que na política vale tudo.

Fonte: O Estado de São Paulo

sábado, 21 de julho de 2012

UM TIRO NA NUCA DA NAÇÃO


 
Carlinhos Cachoeira disse que vai à CPI quando quiser, porque a CPI é dele. Quase simultaneamente, um dos agentes federais que o investigaram é executado num cemitério, enquanto visitava o túmulo dos pais. Al Pacino e Marlon Brando não precisam entrar em cena para o país entender que há uma gangue atentando contra o Estado brasileiro. Em qualquer lugar supostamente civilizado, os dois tiros profissionais na nuca e na têmpora do policial Wilton Tapajós poriam sob suspeita, imediatamente, os investigados pela Operação Monte Carlo - alvos do agente assassinado. Mas no Brasil progressista é diferente.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se pronunciou sobre o crime. Declarou que "é leviano" fazer qualquer ligação entre a execução do policial federal e a operação da qual ele fazia parte. E mais não disse. Tapajós foi enterrado no lugar onde foi morto. Se fosse filme de máfia, iam dizer que esses roteiristas exageram. No enterro, alguém de bom-senso poderia ter soprado ao ouvido do ministro: dizer que é leviano suspeitar dos investigados pela vítima, excelência, é uma leviandade.

Mas ninguém fez isso, e nem poderia. O ministro da Justiça não foi ao enterro. Wilton Tapajós era subordinado ao seu ministério, atuava na principal investigação da Polícia Federal e foi executado em plena capital da República, mas José Eduardo Cardozo devia estar com a agenda cheia. (Talvez seja mais fácil desvendar o crime do que a agenda do ministro.) Por outro lado, o advogado de Cachoeira, investigado pelo agente assassinado, é antecessor de Cardozo no cargo de xerife do governo popular. Seria leviano contrariar o companheiro Thomaz Bastos.

Assim como o consultor Fernando Pimentel (ministro vegetativo do Desenvolvimento) e Fernando Haddad (o príncipe do Enem), Cardozo é militante político de Dilma Rousseff e ministro nas horas vagas. O projeto de permanência petista no poder é a prioridade de todos eles, daí os resultados nulos de suas pastas. Cardozo anunciara que ia se aposentar da política, e em seguida virou ministro. Lançou então seu ambicioso plano de espalhar UPPs pelo país e se aposentou (da função de cumpri-lo). Deixou de lado o abacaxi do plano nacional de segurança, que não dá voto a ninguém, e foi fazer política, que ninguém é de ferro. Para bater boca com a oposição e acusá-la de politizar a operação da PF, por exemplo, o ministro não se sente leviano.

Carlinhos Cachoeira era comparsa da Delta, a construtora queridinha do PAC. O bicheiro mandava e desmandava no Dnit, órgão que, além de acobertar as jogadas da Delta, intermediava doações para campanhas políticas, segundo seu ex-diretor Luiz Antonio Pagot. Entre essas campanhas estava a de Dilma Rousseff, da qual Cardozo fazia parte. O policial federal assassinado estava entre os homens que começaram a desmontar o esquema Cachoeira-Delta, e seus tentáculos palacianos. O mínimo que qualquer autoridade responsável deveria dizer é que um caçador da máfia foi eliminado de forma mafiosa. Mas o falante ministro da Justiça preferiu ficar neutro, como se a vítima fosse o sorveteiro da esquina. Haja neutralidade.

Montar golpes contra o Estado brasileiro é, cada vez mais, um crime que compensa. Especialmente se o golpe é montado dentro do próprio Estado, com os padrinhos certos. Exemplo: às vésperas do julgamento do mensalão, um conhecido agente do valerioduto acaba de ser inocentado, candidamente, à luz do dia.

Graças a uma providencial decisão do Tribunal de Contas da União - contrariando parecer técnico anterior do próprio TCU -, Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil que permitiu repasses milionários à agência de Marcos Valério, não deve mais nada a ninguém. Os famosos contratos fantasmas de publicidade, que permitiram o escoamento sistemático de dinheiro público para o caixa do PT, acabam de ser, por assim dizer, legalizados. Nesse ritmo, o Brasil ainda descobrirá que Lula tinha razão: o mensalão não existiu (e Marcos Valério se sacrificou por este país).

O melhor de tudo é que uma lavagem de reputação como essa acontece tranquilamente, sem nem uma vaia da arquibancada. No mesmo embalo ético, Delúbio Soares já mandou seu advogado gritar que ele é inocente e jamais subornou ninguém. O máximo que fez foi operar um pouquinho no caixa dois, o que, como já declarou o próprio Lula, todo mundo faz. Nesse clima geral de compreensão e tolerância, o ministro do Supremo Tribunal Federal que passou a vida advogando para o PT já dá sinais de que não vai se declarar impedido de julgar o mensalão. O Brasil progressista há de confiar no seu voto.

Esses ventos indulgentes naturalmente batem na cela de Cachoeira, que se enche de otimismo e fala grosso com a CPI. Se o esquema de Marcos Valério está repleto de inocentes, seria leviano deixar o bicheiro de fora dessa festa.

Guilherme Fiúza

FAROESTE URBANO

Desvia! Olha para o lado! Para! Mãos para cima! Documentos! Cuidado com o portão! Passa tudo para cá!Olha a liquidação! O cara vai cair do andaime! Pápápá! Ratatá! Olha o buraco! Roubaram a tampa do bueiro! Boom! Eu disse para passar tudo-para-cá! Poin! Bibibibibibibi! Pare, olhe, compre! Oferta, somente hoje! Daqui a pouco teremos até duelos pelas ruas, porque gente sendo jogada na calçada por seguranças, para fora do saloon, isso já temos… Tente sair de casa e voltar, sem se aborrecer.


Nasci em plena área urbana, das mais movimentadas da Capital; pouco conheço da tranquila e bucólica vida fora disso e o que sei é meio fantasioso já que até explosão de caixas eletrônicos já chegou onde antes só havia o footing, o tédio e o coreto da praça. Também não dá para dizer que o problema – pelo menos esse – é nacional, já que o mundo todo está em pé de guerra, e a barbárie espalhada. Mas se não fizermos algo na linha do agir localmente, e logo, sei não.

As cidades parecem aqueles jogos de minas terrestres. Pisou em uma, Boom! Você não sabe se vai ou se fica. Se usa um vestidinho ou um colete à prova de bala. Se põe capacete ou chapéu. Se leva a bolsa ou um porrete. Se põe perfume ou joga spray de pimenta. E – cuidado! – se for usar o celular. Essa semana a polícia matou um à queima-roupa porque confundiu um celular (descarregado, não dava nem para fritar pipoca) com arma, e “porque ele estava com um negócio preto na mão”… Meninas, cuidado. Inclusive dentro do carro.

De forma geral, ninguém mais fala bom dia, obrigada, dá licença, olha na sua cara direito, responde de bom grado alguma pergunta. Se gentileza gera gentileza, imagine o que é capaz de nascer de um estado de espírito de confronto, inclusive de classes, que vem sendo proposto e incentivado nas nossas fuças. Está todo mundo devendo na praça, ou querendo comprar e não pode. Mas as ofertas chovem, e as necessidades também.

O trabalho anda escasso, periclitante, e quem tem, tem medo. A gente não quer ver bandido, mas se vê polícia sente pavor. Não sabemos mais o que é de verdade e que não é. Roubam-nos, de perto, de longe. Vai no restaurante, bar, padaria e pode ser arrastado. Até quando estamos em casa entram em nossos computadores e nos lesam. Bancos nos arrancam centavos, e somam bolinhas nos juros, e as companhias que nos servem os essenciais são essencialmente é muito descaradas. Quem mais se lembra dos meninos de rua que arrancavam cordões de ouro? Quem mais se lembra dos trombadinhas?

Como dizia, difícil é sair e voltar para casa no fim do dia sem ter tido pelo menos um aborrecimento, seja de carro, a pé, no metrô, trem ou avião. Ou no elevador, mesmo. Pisou no cocô. Ou no chiclete. Deu uma topada na pedra solta. O carro passou e jogou água do meio-fio. Torceu o pé no buraco. Foi atravessar e veio uma bicicleta na contramão ou aquele apressado do farol amarelo. Ficou esperando e o sinal de pedestre, aquele que você aperta o botãozinho várias vezes, não ficou verde. Ou ficou, por segundos. Corra, pessoa, corra! O guarda? Está lá anotando a placa de alguém, mas não daquele que quase te atropelou – ele prefere coisas menos, digamos, trabalhosas, tipo cinco minutos a mais da Zona Azul.

Fura fila. O portão da garagem abre ao contrário, na sua cabeça. Olha o cara varrendo o chão – e os seus pés – com água, com mangueira. O táxi passou. Vazio, mas não parou. Não, não mude de faixa senão os motoqueiros malucos podem promover um linchamento. Inferno esse bibibibi deles cortando as faixas. Já não bastassem os carros dos funkeiros que fazem questão que você os ouça, agora candidatos distribuem alto-falantes gritando seus nomes.

O cara está socando a mochila em você, aquele ser. Como tão bem lembrou Ruy Castro outro dia, todo mundo com mochila nas costas, e como elas fedem! Morrinha. Cheiro de chulé. Tenta passar pela direita, pela esquerda… Tem quem acredita que comprou a rua. Cuidado com o cachorro solto, que o dono pensa que não morde, e sempre pode ter uma primeira vez. O arremesso de bituca acesa não é mais só de cima. Mais comum ainda agora que todo mundo fuma nas portas ela atingir sua perna.

Segura sua onda. Calma. Quem te aporrinha pode ser da minoria, qualquer uma, que essa hora aparece para justificar, como se velhinhos, mulheres, crianças, pobres fossem imediatamente inocentes, anjos celestiais.

A vendedora trata com desdém quem entra na liquidação – a verdadeira queima, fogueira, que está havendo, para onde se olha, para ver se o dinheiro circula nas veias do país, que ora vai bem, ora se afoga na marolinha. E leva o dicionário! Sale, Off, winter off. Até 70%! Quando é que a gente vai entender que, se dá para dar desconto de 70%, a exploração era braba, e o melhor mesmo é esperar que eles nos atraiam com as plaquinhas.

Não ser enganado, não ser morto, não matar. Não cair, não dar uns petelecos por aí.
Não saia sem fazer o sinal da cruz, sem orar por São Jorge guerreiro. Não viva sem pensar que temos de mudar, em busca da civilização, e que isso pode levar gerações.

Marli Gonçalves

PARA JEFFERSON FOI ERRO POUPAR LULA

Por Christiane Samarco, no Estadão:
Antes mesmo de o Supremo Tribunal Federal (STF) dar início ao julgamento do mensalão, o ex-deputado Roberto Jefferson mostra que está disposto a arrastar com ele, ao banco dos réus, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Reeleito presidente nacional do PTB pela quarta vez consecutiva, Jefferson diz que foi “um grande equívoco” deixar Lula fora do processo e ameaça: “Se tentarem politizar esse julgamento, Lula vai pagar a conta. Vou à tribuna do Supremo”.
O que deixou o autor da denúncia do mensalão furioso esta semana foi a informação de que os advogados do ex-ministro José Dirceu, apontado por Jefferson como “o chefe da quadrilha”, referem-se a ele como “pessoa de abalada credibilidade” no memorial de defesa entregue ao STF. Tudo para desacreditar aquele que, segundo a defesa de Dirceu, teria criado o termo “mensalão”.

“Qualquer ataque a mim será respondido no mesmo tom”, avisa o ex-deputado. Embora tenha se surpreendido com um diagnóstico indicativo de câncer no pâncreas e já tenha agendado uma cirurgia para o próximo sábado, 28, Jefferson aposta que estará recuperado até o dia do julgamento de seu processo. Se os demais réus fizerem uma “defesa técnica e jurídica”, seu caso será conduzido pelo advogado Luiz Barbosa. Se politizarem o processo, ele faz questão de fazer pessoalmente sua defesa, como advogado que é, da tribuna do STF.

Não por acaso, Luiz Barbosa tem dito que vai usar metade da uma hora a que tem direito na sustentação oral do STF para bater na Procuradoria-Geral da República e desqualificar a denúncia, por não ter incluído o ex-presidente Lula. Para a defesa do presidente do PTB, Lula será apontado como comandante do esquema. A outra meia hora, Jefferson reserva para que ele mesmo possa se defender, partindo para o ataque.

O presidente do PTB lembrará que o Ministério Público sustenta a tese de que houve corrupção para favorecer o governo. E dirá que ministros são meros auxiliares, uma vez que a Constituição confere apenas ao presidente, chefe do Executivo, o poder de baixar decretos e propor projetos de lei autorizando ministros a fazer pagamentos e gastos. “O governo era o Lula, e não o Zé Dirceu”, argumenta.
(…)
Por Reinaldo Azevedo

sexta-feira, 20 de julho de 2012

MANOBRA DE LULA E DO PT PARA PROTEGER OS RÉUS DO MENSALÃO



Prevaleceu o combinado – Engana-se aquele que pensa que o imbróglio envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio da Silva e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, diminuiu o apetite do PT em sua cruzada para tentar esvaziar o julgamento do escândalo do mensalão, que tem requisitos de sobra para mandar à prisão os envolvidos no esquema criminoso.

Depois que Lula tentou adiar o julgamento do maior caso de corrupção da história política do País, os petistas trataram de tiram o assunto da mira dos holofotes, o que não significa que cessaram as ações nos bastidores. Quanto mais provas puderem ser contestadas durante o julgamento, melhor. E é nessa tese que os petistas têm investido com vigor.

Diferentemente do que esperavam os brasileiros de bem, o Tribunal de Contas da União (TCU) emitiu parecer favorável aos ex-diretores do Banco do Brasil acusados de desvio de dinheiro para a agência de publicidade DNA, de propriedade de Marcos Valério Fernandes de Souza, o principal operador do caixa do Mensalão do PT.

Contrariando parecer da área técnica do TCU, a decisão beneficiou Henrique Pizzolato, Cláudio de Castro Vasconcelos e Renato Luiz Belineti. Para o procurador Paulo Bugarin, os três acusados deveriam ser multados e obrigados a devolver R$ 5 milhões aos cofres do Banco do Brasil. No caso de Pizzolato e Cláudio Vasconcelos, a multa é de R$ 3,7 milhões.

A ministra Ana Arraes (mãe do governador de Pernambuco e aliada de Lula), cujo voto serviu de base para a decisão, se valeu de lei aprovada em 2010 para rejeitar as denúncias do envolvimento de Pizzolato nas evidentes transgressões cometidas no BB entre os anos de 2003 e 2005.

A mais nova reviravolta envolvendo o escândalo do Mensalão do PT mostra que Lula não se deu por vencido ao ser acusado de tentar esvaziar o julgamento do caso. O voto da ministra Ana Arraes e o surpreendente parecer do TCU, em favor dos acusados, é um atentado contra o Estado Democrático de Direito, cada vez mais corroído pela impunidade que foi fomentada com largueza pelo ex-metalúrgico.

A ingerência de Lula em todos os Poderes, desde a sua chegada ao Palácio do Planalto até os dias atuais, mostra que o Brasil está lenta e continuamente sendo preparado para a implantação de uma ditadura civil, a chamada “ditadura ideal”, nos moldes do que já ocorre na Venezuela e alguns outros países sul-americanos.

O absurdo cometido pelo TCU causou estranheza no senador Pedro Simon (PMDB-RS), para quem a decisão em benefício dos ex-diretores do Banco do Brasil acusados de participar do desvio de verbas publicitárias para a agência de publicidade de Marcos Valério, considerado por muitos como a fonte de alimentação financeira do Mensalão do PT.

“Esta decisão do TCU, anunciada quando faltam poucos dias para o julgamento do mensalão, causa surpresa; ainda mais porque contraria o parecer da auditoria técnica e de fiscalização do próprio tribunal”, desabafou o senador gaúcho.

Se a população não permanecer vigilante durante o julgamento do caso no Supremo, rapapés jurídicos farão com que os acusados saiam da Corte rindo de cada brasileiro, como se impunidade fosse a regra maior de uma sociedade organizada sob o manto da lei

Fonte: Ucho.Info

SOBRE LULA, GOLBERY E O BRUCUTU


 Muitas décadas atrás faziam extraordinário sucesso as tiras em quadrinhos estreladas pelo “Brucutu”, simpático troglodita que através da fantástica máquina do tempo do professor Papanatas passeava pelos principais acontecimentos da História. Ora nosso herói estava em Roma, aconselhando Julio César, ora na Idade Média, participando da invasão da Inglaterra por Guilherme o Conquistador, sem esquecer suas aventuras com os piratas do Caribe ou nas guerras de Frederico o Grande.

Também esteve na Revolução Francesa e na Independência dos Estados Unidos. Em todos os episódios, era o Brucutu que do alto de sua ingenuidade orientava e definia os rumos da Humanidade.

Por que lembramos daqueles tempos felizes onde a imaginação das crianças permitia a absorção de capítulos inteiros da História?

Porque está faltando um dr. Papanatas na atual realidade brasileira, capaz de levar-nos, se possível junto com o Brucutu, até acontecimentos fundamentais do passado brasileiro que precisam ser elucidados. O maior deles refere-se à exata participação do Lula no processo político-sindical dos anos do regime militar. Seria verdadeira a versão de ter o hoje primeiro-companheiro sido manipulado pelo general Golbery do Couto e Silva para desenvolver o sindicalismo de resultados, renegando a revolução popular e até congelando as reformas sociais mais profundas?

Serviu, o Lula, de instrumento para neutralizar Leonel Brizola e, ao mesmo tempo, isolar os comunistas e outros radicais? Prestou-se ao papel de inocente útil, algoz do Partido Trabalhista em favor do Partido dos Trabalhadores? Teve consciência de estar sendo usado ou usou aquela oportunidade para afirmar-se no cenário político? Passou o bruxo-general para trás ou foi passado por ele? Também valeu-se da Igreja, ou de seus setores mais progressistas naquele início de caminhada, pouco se importando depois com o desembarque de bispos frustrados?

Continua obscura aquela gestação de tudo o que se verificou depois, com a ida do Lula para o poder. A chave para se entender os dias de hoje repousa no fundo do poço de onde ele emergiu, claro que por seus próprios méritos e por sua capacidade de conduzir o novo processo em marcha.

Como o dr. Papanatas deve ter-se aposentado e o Brucutu perdeu-se nos meandros da História, a solução seria o Lula revelar o que seus inúmeros biógrafos não descobriram. Terá sido uma criação de Golbery ou Golbery, contrariando sua natureza, deixou-se enganar por um torneiro-mecânico?

Carlos Chagas

TROCO PARAGUAIO

A diplomacia brasileira já foi considerada uma das mais brilhantes do mundo e não faz tanto tempo assim. Entretanto depois que passou a servir ao Governo e não mais ao Estado Brasileiro, começou a fazer essas burrices e foi assim como o Irã, Nicaraguá, Bolívia, Venezuela, etc.
O Ministério das Relações Exteriores e as Forças Armadas, tradicionalmente, servem ao Estado e não ao Governo e suas políticas e ideologias.
Enquanto o PT estiver no poder, continuaremos aturando as consequências das tentativas de concluir a implantação do gramscismo no País e na América latina.
Vejam só!

Os Estados Unidos vieram ao Paraguai e comprovaram que tudo que foi feito é totalmente dentro da Constituição do Paraguai.

O Paraguai não perdeu tempo! vai entrar prá área de influência dos USA comercialmente, e além disso, deverá permitir que os americanos instalem uma base militar no seu território, pois fazem muitos anos que os USA querem uma base junto do "Aquifero Guarani", a maior reserva de água doce potável do mundo, e que abrange parte do Paraguai, Uruguai, Argentina e quase toda a região sul do Brasil, mais parte de Minas, Mato Grosso do Sul, Goiás, e a região da Serra Dourada junto de Brasília. Assim fica comprovada a incomPTência da presidanta, que deveriam ter pensado em tudo isso antes de fazer a burrada de se meter nos assuntos internos do Paraguai. A diplomacia brasileira quando era mais competente seguia dois principios básicos: a) não intervenção em assuntos internos dos outros, b) autodeterminação dos povos (cada povo tem o direito de escolher o caminho que seguirá). Os atuais diplomatas e a presidanta parecem não ter feito a lição de casa, ou pior, não conhecem a estratégia histórica do Itamaraty, que vem desde o Barão do Rio Branco e outros grandes homens que por lá estiveram. Que pena!!!!!

A presidanta agora está preocupada com as conseqüências de sua barbeiragem, ao impor a suspensão do vizinho estratégico Paraguai do Mercosul. A presidanta fez do jeitinho brasileiro (pilantra) para colocar o "Tirano" Hugo Chaves no Mercosul! O Troco do Paraguai foi muito mais depressa do que se poderia esperar... (da página do Claudio Humberto) 03/07/2012 | 00:00 O Livre comércio com EUA é opção para o Paraguai. É que o troco paraguaio pode ser devastador para o futuro do próprio Mercosul: correr para o abraço, assinando com os Estados Unidos um acordo de livre comércio. Assinar esse acordo é um velho sonho paraguaio que conta com a simpatia norte-americana. O Paraguai pode, enfim, aprovar base dos EUA. Questão controversa há anos no Paraguai, a instalação de uma base militar no país poderá agitar as eleições marcadas para abril. Suspenso da Unasul e do Mercosul, além de abrir caminho para alianças econômicas com Europa, China e EUA, o Paraguai cederia espaço estratégico na fronteira da Tríplice Aliança, "reduto terrorista", segundo os americanos. O Mercosul vetava qualquer discussão sobre o tema.


quarta-feira, 18 de julho de 2012

PÁTRIA AMAMADA

GASTANÇA E INEFICIÊNCIA

O governo federal gastou no primeiro semestre R$ 40,6 bilhões a mais que um ano antes, em valores correntes. É uma soma quase igual à prevista no Orçamento de 2012 para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a mais vistosa promessa de realizações da presidente Dilma Rousseff (R$ 42,6 bilhões). Aquele dinheiro foi destinado quase integralmente ao custeio. Pouco se cuidou da expansão e da modernização da capacidade produtiva. Quanto a isso, nenhuma grande novidade.



O investimento público está emperrado há muitos anos e assim deve continuar enquanto se mantiverem os atuais padrões da administração. O crescimento do custeio foi ocasionado principalmente pelo aumento do salário mínimo, de 14,1%, e seus reflexos nas contas da Previdência, como observou o economista Mansueto Almeida, especialista em contas públicas.

Segundo ele, "políticas bem-intencionadas" têm feito crescer o custeio. Não se trata, acrescentou, nem de roubo nem de gastos excessivos com passagens aéreas. Há uma dose de verdade e uma porção muito maior de benevolência nessa explicação.

Para começar, há algo mais que boas intenções nos seguidos aumentos reais do salário mínimo e na consequente expansão dos gastos previdenciários. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu os caminhos mais simples, menos trabalhosos e politicamente mais rentáveis, a curto prazo, para promover a elevação da renda na base da pirâmide social. Reajustou o salário mínimo com generosidade e transferiu renda diretamente a milhões de famílias, mas pouco fez para garantir dois outros objetivos de maior alcance: o crescimento sustentado por muitos anos e a preparação dos pobres para ganhar a vida com segurança numa economia em transformação.

As dificuldades de preenchimento de vagas na indústria são uma prova disso. Somam-se a isso a baixa competitividade e o estreito potencial de crescimento da economia nacional, problemas reconhecidos e discutidos internacionalmente.

A preferência pelas ações fáceis e de alcance limitado foi mantida pela presidente Dilma Rousseff. Ela pode ter introduzido alguns controles, limitando, por exemplo, os gastos com passagens aéreas, mas isso pouco alterou a qualidade da administração federal. Os desperdícios continuam. O aumento da folha de salários só seria justificável se fosse acompanhado de um ganho de eficiência na máquina federal. Não há sinal desse progresso. O aparelhamento e o loteamento continuam. Ministros foram defenestrados quando sua permanência se tornou muito difícil, no meio de escândalos, mas, de modo geral, os partidos da base conservaram suas áreas de influência nos Ministérios.

A qualidade da gestão pouco mudou. O Tribunal de Contas e a Controladoria-Geral da União continuam mostrando desmandos em contratos, projetos e convênios. As aventuras da construtora Delta, maior empreiteira das obras do PAC no governo anterior e no começo do atual, são apenas uma ilustração muito viva dos padrões seguidos no uso do dinheiro público. Alguém terá notado algum sinal de mudança nesses padrões?

O caminho simples e compatível com uma administração aparelhada, loteada e ineficiente também se reflete na execução dos programas e projetos. É muito mais fácil aumentar salários, inflar as despesas da Previdência, contratar pessoal e transferir benefícios e subsídios do que planejar, projetar e executar obras e ações modernizadoras. A lenta realização de investimentos, também apontada na análise do economista Mansueto Almeida, é parte desse quadro. Não é um componente separado, mas um complemento de uma política voltada, principalmente, para o aumento do custeio.

A baixa execução de investimentos tem sido mostrada com clareza, há muito tempo, nos levantamentos da organização Contas Abertas, também especializada em contas públicas. No primeiro semestre deste ano, o desembolso de investimentos, no valor de R$ 18,5 bilhões, foi ligeiramente maior que o de um ano antes, mas inferior ao de igual período de 2010, e correspondeu a apenas 21% do valor previsto no Orçamento-Geral da União. Políticas "bem-intencionadas" são insuficientes para desemperrar o País.

Fonte: O Estado de São Paulo

terça-feira, 17 de julho de 2012

ÓLEO DE PEROBA


(Foto: Ricardo Stuckert - Instituto Lula)
Os paulistanos precisam reagir e contestar a decisão do prefeito Gilberto Kassab (PSD), referendada pela obediente Câmara Municipal, que cedeu ao ex-presidente Luiz Inácio da Silva imóvel onde será erguido a sede do instituto que leva o seu nome. A irresponsável benesse em questão aconteceu ao arrepio da vontade dos moradores da maior cidade brasileira, no momento em que Kassab tentava se atirar no colo do Partido dos Trabalhadores carregando um eventual apoio a Fernando Haddad.

Como na política inexistem ações desinteressadas, Gilberto Kassab intentava naquele momento conseguir o apoio do PT para disputar a sucessão de Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, em 2014. Com a entrada de José Serra na corrida à prefeitura paulistana, Kassab deu as costas ao ex-presidente Lula, mas a concessão do terreno foi consumada.
Pois bem, a concessão de uma propriedade pública, mesmo que por determinado tempo – nesse caso são cem anos – só é justificavel se no local for empreendido algo de interesse coletivo e suprapartidário, como o próprio Lula descreve o seu instituto. Acontece que a realidade é bem diferente.

Para desmontar a farsa erguida pelo ex-presidente, a partir do mencionado instituto, bastou uma declaração do desavisado Fernando Haddad, candidato do PT à prefeitura da capital dos paulistas. Haddad disse que no Instituto Lula será instalada uma central de gravação para que o ex-presidente consiga gravar quase que diariamente vídeos de apoio a candidatos petistas e aliados que disputarão as próximas eleições municipais.

A jornalista Mary Zaidan, no preciso artigo “A Lula o que não é de Lula”, destaca que “toda a parafernália para que o ex possa participar das campanhas do PT será montada no Instituto Lula, o mesmo que em seu estatuto se define como “suprapartidário”, “sem fins lucrativos” e “independente de estados, partidos políticos ou organizações religiosas”.

O Instituto Lula ainda não funciona no terreno cedido pelo prefeito Gilberto Kassab, mas o perfil eminentemente partidário e tendencioso da entidade configura obstáculo suficiente para que essa benesse não tivesse sido concedida. Em qualquer país com doses mínimas de responsabilidade e democracia, o ato de Gilberto Kassab, endossado por amestrados vereadores, já estaria sendo discutido na Justiça, o que pode acontecer em breve

Fonte: Ucho.Info

segunda-feira, 16 de julho de 2012

DILMA E O PEQUENO PRINCIPE


 Faria sucesso num concurso de miss o discurso da presidente Dilma Rousseff na 9.ª Conferência dos Direitos da Criança e do Adolescente, em Brasília. Sua declaração mais notável, destacada pelos jornais e reapresentada exaustivamente nas tevês e rádios, foi digna de uma devota leitora d'O Pequeno Príncipe: "Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para suas crianças e para seus adolescentes. Não é o Produto Interno Bruto (PIB). É a capacidade do país, do governo e da sociedade, de proteger o que é o seu presente e o seu futuro, que são suas crianças e seus adolescentes". Na interpretação mais benevolente, essa peroração é apenas uma banalidade. Na menos caridosa, é uma grande tolice apresentada na embalagem rosa da mais pobre filosofice.

Não há como discutir seriamente o bem-estar e o futuro das novas gerações sem levar em conta os meios necessários para educá-las, capacitá-las para viver com independência e dignidade e proporcionar-lhes oportunidades de ocupação produtiva e decente. Mas, também no sentido inverso, a relação é verdadeira: só se pode criar uma economia dinâmica, moderna e capaz de competir globalmente por meio da formação de pessoas qualificadas para tarefas cada vez mais complexas. Examinado de qualquer dos dois ângulos, o desempenho do governo brasileiro tem sido miseravelmente falho e nenhuma retórica pode obscurecer esse dado.

Ao contrário, no entanto, das graciosas candidatas a um título de miss, a presidente Dilma Rousseff recitou sua mensagem num tom furioso, como se reagisse a uma ofensa ou, talvez, a um imerecido golpe da Fortuna. Há uma explicação óbvia tanto para sua visível irritação quanto para a desqualificação do econômico. Horas antes o Banco Central (BC) havia divulgado seu indicador de nível de atividade, considerado uma prévia mensal do PIB. Esse indicador havia recuado 0,02% de abril para maio, confirmando vários outros sinais de estagnação da economia e reforçando as previsões de um crescimento, em 2012, menor que o de 2011.

Há um vínculo evidente entre os resultados pífios da política educacional e o emperramento da produção. No último exame do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), o Brasil ficou em 53.º lugar em leitura e em 57.º em matemática, numa lista de 65 países. O teste é realizado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Quase todas as crianças estão na escola, graças a um esforço de universalização do ensino iniciado há longo tempo, mas a formação continua péssima. Cerca de 20% dos brasileiros com idade igual ou superior a 15 anos são analfabetos funcionais, incapazes de ler e entender instruções simples. Empresas têm dificuldade para contratar, por falta de mão de obra em condições até de ser treinada no trabalho. Há um evidente funil no ensino médio, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva preferiu facilitar o ingresso nas faculdades, numa escolha errada e demagógica.

O erro na escolha das prioridades tem permeado toda a política econômica. O consumo, apesar da queda observada recentemente, continua, segundo o IBGE, maior que o observado há um ano, mas a indústria brasileira tem tido dificuldade para suprir o mercado interno, por falta de competitividade. Fabricantes estrangeiros têm ocupado uma fatia crescente desse mercado, como já mostrou a Confederação Nacional da Indústria.

Incapaz de reconhecer os erros e de impor novos rumos à política econômica, a presidente Dilma Rousseff, como seu antecessor, prefere insistir na retórica e nas bravatas. "Vamos enfrentar os desafios para garantir à população emprego de qualidade", disse a presidente no batismo de uma plataforma da Petrobrás, na sexta-feira. A plataforma foi construída, recordou, pela "teimosia de um brasileiro chamado Lula".

Seria mais justo e mais realista lembrar a enorme e custosa lista de erros cometidos na Petrobrás a partir de 2003 e apontados pela nova presidente da empresa, Graça Foster, no dia de sua posse. Foram erros de uma gestão guiada por objetivos político-eleitorais e centralizada no Palácio do Planalto - erros essencialmente idênticos àqueles cometidos na política educacional.

Fonte: O Estado de São Paulo

DEPOIS DO TREM INVISIVEL, O NAVIO QUE NÃO NAVEGA

Em 7 de maio de 2010, ao lado da sucessora que escolhera e do governador pernambucano Eduardo Campos, o presidente Lula estrelou no Porto de Suape um comício convocado para festejar muito mais que o lançamento de um navio: primeiro a ser construído no país em 14 anos, o petroleiro João Cândido fora promovido a símbolo da ressurreição da indústria naval brasileira. Produzida pelo Estaleiro Atlântico Sul (EAS), incorporada ao Programa de Modernização e Expansão de Frota da Transperto (Promef) e incluída no ranking das proezas históricas do PAC, a embarcação com 274 metros de comprimento e capacidade para carregar até um milhão de barris de petróleo havia consumido a bolada de R$ 336 milhões – o dobro do valor orçado no mercado internacional.

Destacavam-se na plateia operários enfeitados com adesivos que registravam sua participação no parto de mais uma façanha do Brasil Maravilha. Seria uma festa perfeita se o colosso batizado em homenagem ao marinheiro que liderou em 1910 a Revolta da Chibata não tivesse colidido com a pressa dos políticos e a incompetência dos técnicos. Assim que o comício terminou, o petroleiro foi recolhido ao estaleiro antes que afundasse ? e nunca mais tentou flutuar na superfície do Atlântico.

O vistoso casco do João Cândido camuflava soldas defeituosas e tubulações que não se encaixavam, além de um rombo cujas dimensões prenunciavam o desastre iminente. Se permanecesse mais meia hora no mar, Lula seria transformado no primeiro presidente a inaugurar um naufrágio. Estacionado no litoral pernambucano desde o dia do nascimento, nem por isso o navio deixou de percorrer o país inteiro. Durante a campanha presidencial, transportado pela imaginação da candidata Dilma Rousseff, fez escala em todos os palanques e foi apresentado ao eleitorado como mais uma realização da supergerente que Lula inventou,E AGORA PARECE NÃO QUERER A CPI DO CACHOEIRA, OU CATARATA....

A assessoria de imprensa da Transpetro se limita a informar que não sabe quando o João Cândido vai navegar de verdade. O Estaleiro Atlântico Sul, criado com dinheiro dos pagadores de impostos, não tem nada a dizer. Nem sobre o petroleiro avariado nem sobre os outros 21 encomendados pelo governo. No fim de 2011, o EAS adiou pela terceira vez a entrega do navio. A Petrobras, que controla a Transpetro, alegou que os defeitos de fabricação só podem ser consertados no exterior. PODE??!!

Quando o presidente era Nilo Peçanha, João Cândido comandou uma rebelião que exigia a abolição dos castigos físicos impostos aos marinheiros. Passados 102 anos, Dilma e Lula resolveram castigá-lo moralmente com a associação de seu nome a outro espanto da

Era da Mediocridade: depois do trem-bala invisível, o governo inventou o navio que não navega.

Júlia Rodrigue

sábado, 14 de julho de 2012

BESTEIROL DA DILMA



Tudo outra vez – De novo a presidente Dilma Rousseff apelou para o “Febeapá” – festival de besteiras que assola o país, inventado pelo saudoso Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta) – para camuflar a incompetência de um governo que perdeu a mão no controle da economia. Depois de dizer que a grandeza de um país não se mede pelo desempenho da economia, Dilma disse, durante evento na Bahia, que a economia brasileira está em “outro caminho”.

“Esse caminho nós viemos construindo desde quando o presidente Lula assumiu o governo em 2003. Agora, em 2011, 2012, nós atingimos uma nova fase. Qual é a fase que nós atingimos? Nós estamos modificando algumas condições do Brasil que eram entraves ao crescimento econômico sustentável do país. A primeira grande mudança tem sido a redução dos juros”, afirmou a presidente. “Os juros desse país estão num nível que nunca antes, como diria o presidente Lula, ‘na história desse país’, eles atingiram”, completou.

Dilma, em seu discurso, ressuscitou um termo usado com largueza durante a plúmbea era brasileira – “é preciso primeiro aumentar o ‘bolo’ (da renda nacional) para depois reparti-lo” – para mostrar que agora o Brasil divide a renda à medida que é gerada.

Pois bem, Dilma precisa decidir qual discurso adotará de agora em diante, pois esse palavrório dual serve apenas para ludibriar os desavisados, pois a massa pensante sabe muito bem distinguir uma fala de outra.

A redução das taxas de juro não significa que a economia está avançando aos bolhões, mas pelo contrário. A procura por crédito, depois da intervenção do governo no mercado financeiro, ficou aquém das expectativas. E quem buscou crédito o fez para renegociar dívidas anteriores com juro mais baixo. Afirmar que a redução das taxas de juro estimulou a economia é irresponsabilidade, pois é latente nas pesquisas sobre consumo que os brasileiros estão arredios em relação às compras.
Outra inverdade proferida pela presidente Dilma Rousseff refere-se à geração de renda e sua imediata distribuição. Dois terços da população brasileira ganham menos do que dois salários mínimos mensais, segundo o IBGE. De acordo com a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, a renda per capta da classe média brasileira está entre R$ 219 e R$ 1.019.

Diante desses números faz-se necessário lembrar que até hoje os palacianos comemoram a proeza (sic) de terem arremessado 40 milhões de novos consumidores na chamada classe média (ou classe C), o que aconteceu longe da geração de riqueza, mas por meio do crédito fácil, fator responsável pelo endividamento recorde das famílias brasileiras e a disparada da inadimplência. Em termos comparativos, já que a esquerda nacional insiste em manter os ataques ao modelo econômico norte-americano, nos Estados Unidos um cidadão considerado pobre ganha por mês mais do que um integrante da classe média brasileira.

Como sempre afirma o ucho.info, Dilma, assim como qualquer brasileiro, pode dizer o que bem quiser, pois afinal ainda vivemos em uma democracia, mas enganar a opinião pública é covardia desmedida.

Fonte:Ucho.Info