Aprendemos desde cedo na Faculdade, que a anamnése(história, investigação) é fundamental para um bom diagnóstico e essencial no relacionamento médico/paciente. È ouvindo o relato dos sintomas e observando os sinais que o médico vai definindo mentalmente as possibilidades diagnósticas. Naturalmente os exames complementares são importantes e o avanço tecnológico muito bem vindo. O que acontece é que com a achatamento salarial da categoría, cada vez mais se precisa de vários empregos para proporcionar uma renda compatível com a qualidade de vida que a responsábilidade da profissão exige. Em outras palavras, significa ter vários empregos e atender a muitos pacientes em pouco tempo, inviabilizando a possibilidade de uma consulta mais humanizada.
A solução encontrada foi requisitar cada vezm mais os exames complementares, na ânsia de substituir a anamnése com evidente prejuízo de todos. Perde o paciente porque se sente menosprezado, perde o médico porque não adquire a confiança e a cumplicidade do doente e principalmente perde o sistema, já que os exames demandam um custo que na maioría das vezes podería ser economizado.
O exame físico, também indispensável, está relegado a segundo plano, substituído pelos modernos exames e por demandar um tempo maior com o paciente. Some-se a isso a insensibilidade da maioría dos gestores que preferem gastar fortunas com exames à contratarem mais profissionais, some-se ainda o lobby da industría farmacêutica, das clinicas de diagnóstico por imagem e dos laboratórios e teremos uma imagem bem real da medicina atual.
Jovens médicos estão saindo das faculdades e das residências médicas com essa mentalidade "moderna". Temos testemunhado situações que beiram aos limites da irracionalidade como, pedido de Ressonância Magnética para diagnóstico de uma simples lombalgia, Endoscopia digestiva ao menor sinal de desconforto gástrico, ultrassonografias para qualquer atrazo menstrual e por aí vai, podería escrever um livro sobre esses procedimentos, que na maioría das vezes se resolveriam com uma simples anamnése e um exame físico bem feito. Mas isso léva tempo e tempo é dinheiro. Previlegia-se a quantidade em prejuízo da qualidade.
A profissão de médico, como a conhecemos hoje está condenada à extinção. Chegará o tempo , felizmente não viverei para ver, em que o paciente entrará numa máquina e sairá com o diagnóstico, o tratamento de sua doença e um lembrete: "SEU PRAZO DE VALIDADE EXPIRA EM ...............
Me lembro do pediatra de meus filhos Dr Jaime Murahovisk. Eu morava em Santos e meu filho menor começou a ter febre sempre depois das 17:00h e apático. Levei ao pediatra e ele sem olhar p a criança disse: vamos esperar até segunda aí fazemos exame de sangue. Vim p SP fui ao Dr. Jaime que olhou e me perguntou: esse menino está com febre desde qdo?repondi:desde segunda. Ele falou: esta com pneumonia. Dito e feito. Um lado do pulmão tomado.Anemia infecciosa de 3 cruzes e entrando em desidratação. Quem ama o que faz tem o dom do olhar.
ResponderExcluirAbs
Marisa
Conheço de perto o que é isso, doutor, e infelizmente o sr está certo. Fiz milhares de exames para o mesmo diagnóstico. Muitas vezes achei que a médica fazia de propósito: eu levava um exame, ela pedia outro e assim foi por 3 meses. No final ví que o mais importante era o primeiro... Me senti exatamente como o sr descreveu: frustrada, triste e pior, achando que era assim mesmo...
ResponderExcluirEssencial a anamnese, amigo, na ordem vai o exame físico, e depois os exames "complementares", que como diz o nome, são complementares. Infelizmente colegas subvertem a ordem necessária e fixam seus diagnósticos de maneira errada! Um abraço, vou linkar esse post no www.blogdomerson.com assim que escrever algum post sobre medicina lá! Abraço!
ResponderExcluirConcordo em gênero, número e gráu!
ResponderExcluirVerdade meu amigo, a medicina anda doente, e o pior, agente sabe o prognóstico.
ResponderExcluirParabéns pelo blog, tem um conteúdo excelente!!
Grande abraço
MACIEL