- Claudio Leal
- Filippo Cecilio
- Marcela Rocha
- Direto de Brasília
Aguardado como o ponto decisivo do final da campanha, o debate presidencial na Rede Globo frustrou os telespectadores, pelo tom apático do confronto, mas agradou aos estrategistas dos candidatos. Plínio poupou Marina. Serra não questionou Dilma em hora alguma. Dilma não enfrentou Serra. E Marina tentou quebrar a polarização PT x PSDB.
"Quando eu quebrei o plebiscito, o final foi lacônico: os dois se evitaram", afirmou a candidata do PV no final do debate. A respeito da postura mais mansa de Plínio, ela brincou: deveu-se à presença da neta do socialista, também chamada Marina. "Quero ela em todos os debates. Ele esteve mais calmo", brincou a senadora. Até mesmo o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, se queixou: "o Plínio ficou menos engraçado".
Apesar de Dilma ter sido preservada e não ter sofrido desgastes, os petistas anteveem o crescimento de Serra nos últimos dias da campanha. Baseiam-se no histórico das eleições brasileiras, quando houve um crescimento do segundo colocado na boca de urna. A margem de Dilma sobre os adversários foi encurtada nas últimas pesquisas do instituto Datafolha.
Por sua vez, os tucanos, nas palavras do vice Indio da Costa (DEM), estão "absolutamente certos do segundo turno". O ex-governador e candidato favorito ao Senado em Minas Gerais, Aécio Neves, sustenta que o debate não influiu na mudança das intenções de voto, mas consolidou a curva de crescimento dos oposicionistas.
Segundo Aécio, com a chegada ao segundo turno, os tucanos devem pensar numa reformulação da campanha. Parte dessa guinada passa por uma tentativa de aproximação com Marina e seu eleitorado, absorvendo a bandeira ambiental no programa de Serra. O líder mineiro se propôs a fazer, pessoalmente, esse movimento.
Em tom de despedida - dirigiu-se à juventude simpática a suas ideias -, Plínio também avaliou que "o segundo turno está pintando". A equipe de Marina, que antes não acreditava num segundo turno com os microfones desligados, agora passou a confiar num embate com Dilma. Mas, na hipótese de uma prorrogação, as atitudes do PV - em Estados como o Rio de Janeiro e São Paulo - sugerem que Marina se aproximará de Serra.
O PSDB não atribue o eventual segundo turno ao crescimento de Marina em Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília. E, sim, ao de Serra em São Paulo, depois de intensificar a agenda casada com o candidato tucano ao governo, Geraldo Alckmin. A cúpula petista não identifica uma "onda verde" no País, já que as pesquisas internas da campanha de Dilma indicam o crescimento de Marina em zonas urbanas pontuais.
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