domingo, 20 de janeiro de 2013

NORMA AYUB ESPOSA DE THEODORICO FERRAÇO NA CADEIA

Carlos Alberto Silva - GZ

Ex-prefeita de Itapemirim, Norma Ayub sorriu ao chegar ao Nurocc, acompanhada do advogado, mas depois manteve o semblante sério e não falou com a imprensa
A ex-prefeita de Itapemirim Norma Ayub (DEM) - mulher do presidente da Assembleia Legislativa, Theodorico Ferraço (DEM) - e outros quatro investigados na segunda fase da Operação Derrama foram presos ontem em Vitória. Os cinco se apresentaram à polícia, no mesmo dia prestaram depoimento e seguiram para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Viana. Norma vai para o presídio feminino da cidade.

No final da noite de sexta-feira, a Justiça decretou a prisão preventiva da ex-prefeita, que se apresentou à polícia sem a companhia do marido; do ex-prefeito Alcino Cardoso, também de Itapemirim e último a se entregar; do ex-prefeito de Piúma Valter Potratz (PSB); e do ex-procurador Paulo José Azevedo Branco e do ex-secretário de Finanças Eder Botelho da Fonseca, ambos de Itapemirim.


A Operação Derrama investiga fraudes em cobrança de impostos a grandes empresas por oito prefeituras: Aracruz, Linhares, Anchieta, Itapemirim, Marataízes, Guarapari, Jaguaré e Piúma. Ao todo, dez ex-prefeitos foram presos esta semana, assim como já o foram servidores, advogados e os donos da empresa CMS, acusada de operar o esquema via contratos. Nesta semana, foram 31 mandados de prisão e só há um ainda não cumprido.

Ontem, Norma chegou sorrindo às 14h20 ao Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas e à Corrupção (Nurocc), mas não falou com a imprensa. Acompanhavam-na duas mulheres e um advogado. Já Eder se apresentou às 13h30 junto a dois homens e disse que iria se inteirar do assunto para depois falar.
Foto: Edson Chagas
Edson Chagas
Theodorico foi incluído entre os investigados

Sobre os novos acusados pesam crimes como formação de quadrilha, fraude em licitação, peculato, advocacia administrativa e tráfico de influência. A Justiça, porém, não informou a participação de cada um no suposto esquema. O processo perdeu o segredo de Justiça e há expectativa de acesso ao inquérito amanhã.

Os mandados de prisão não foram cumpridos logo no início da manhã de ontem porque o Nurocc só recebeu por volta das 12 horas a decisão do desembargador Ronaldo Gonçalves, do Tribunal de Justiça, que cuida do caso e decidiu pelas novas prisões às 23h30 de sexta-feira.

Na decisão, Ronaldo justifica as prisões de políticos e servidores levantando o risco de os presos, por terem "íntima influência" nos municípios, poderem atrapalhar a produção de provas. No bastidor do meio político e na advocacia, a Derrama divide opiniões.

Amigos ligaram para Potratz e avisaram sobre mandado de prisão

Dono de um restaurante em Piúma, o ex-prefeito da cidade Valter Potratz (PSB) soube por telefonemas de amigos do pedido de prisão contra si. Ontem de manhã, saiu de Piúma e se apresentou à polícia em Vitória. Ele diz ser inocente e que só assinou um protocolo de intenções com a empresa CMS, alvo da operação.

“O contrato foi assinado pelo meu sucessor, José Ricardo Costa, e, pelo que sei, até hoje a prefeitura nunca recebeu um centavo de recuperação de tributos. Sou inocente. Na época, a empresa fazia uma promessa de resgate de ISS perdido para municípios do Rio, sede da Petrobras e Shell, que atuavam no mar territorial de Piúma”, frisa Potratz.

Claudio Salazar, dono da CMS, o procurou no início de 2005 dizendo que já atendia Anchieta, Aracruz e Itapemirim, diz. “Piúma receberia pouco, mas, com arrecadação baixa, aceitamos. Só não sabia que a CMS cobrava de empresas com atuação em terra”.

Últimas prisões

Ex-prefeitos


Norma Ayub (DEM), ex-prefeita de Itapemirim e mulher do presidente da Assembleia, Theodorico Ferraço (DEM); Alcino Cardoso, ex-prefeito da cidade; Valter Potratz (PSB), ex-prefeito de Piúma; além de Paulo José Azevedo Branco, ex-procurador-geral de Itapemirim; e Eder Botelho da Fonseca, atual diretor de Finanças da Assembleia e ex-secretário de Finanças de Itapemirim.

Suspeitos

O desembargador Ronaldo Gonçalves, do Tribunal de Justiça, relator do processo que apura a Operação Derrama, determinou na última sexta-feira a prisão preventiva dos 5 suspeitos de fraudes na Derrama.

Advogada

Também foram indiciados, mas sem pedido de prisão, a advogada Gladys Bitran, que advogou para a CMS, e Jorge Luiz Soares dos Santos, chefe de gabinete do ex-prefeito de Aracruz Cacá Gonçalves.

"Esse processo é maluco", diz deputado


O presidente da Assembleia Legislativa, Theodorico Ferraço (DEM), abandonou ontem seu perfil explosivo e mostrou-se quase incrédulo diante do pedido de prisão de sua mulher, a ex-prefeita de Itapemirim Norma Ayub (DEM).

“Esse processo é maluco. Não existe jurista que explique. Vou declarar muito pouco, porque nessa hora é bom falar pouco. Eu confio em Deus e espero que a justiça aconteça a qualquer momento”, desabafou o deputado.

Ele disse ter acompanhado Norma em toda a manhã de ontem e garantiu que ela se apresentou à polícia em Cachoeiro antes de seguir para Vitória. Mas ele não acompanhou a mulher, à tarde, na hora da prisão.

“Espero que o problema de Aracruz seja esclarecido e que os outros municípios não sejam obrigados a pagar o preço”, disse Theodorico, que teve o nome incluído entre os investigados e disputa a reeleição para o comando da Assembleia.

Ele voltou a defender a legalidade dos contratos da consultoria CMS com Itapemirim para recuperar créditos tributários. O contrato com a CMS foi aprovado pela Câmara Municipal e rendeu “lucro de mais de R$ 200 milhões” aos cofres do município, argumenta. “O outro contrato que não tinha licitação era para assessoria e foi submetido ao Tribunal de Contas”.

O deputado ainda defende dois aliados que atuaram em Itapemirim incluídos na lista de indiciados: Eder Botelho da Fonseca e José Paulo Azevedo Branco: “São homens honestíssimos e tudo estará esclarecido”.

O processo da Derrama está no Tribunal de Justiça porque investigados com mandato eletivo têm direito a foro especial na Corte, caso de Theodorico.
Foto: Divulgação
Divulgação
Gladys Jouffroy Bitran já atuou como advogada da empresa CMS Consultoria
Ex-procuradora-geral é indiciada

A ex-procuradora-geral do Estado Gladys Jouffroy Bitran, que exerceu a função por menos de dois anos na gestão do ex-governador Paulo Hartung (PMDB), foi incluída pelo Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas e à Corrupção (Nurocc) na lista de indiciados na Operação Derrama.

Ela ocupou cargo na diretoria da Ordem dos Advogados do Brasil seccional capixaba (OAB-ES). Atuou também como advogada da empresa CMS Consultoria, em ação no Tribunal de Contas na qual a CMS havia sido multada.

O Nurocc pediu o indiciamento de Gladys pela acusação de peculato e tráfico de influência, mas não deu detalhes dos crimes. O desembargador Ronaldo Gonçalves, relator do caso, porém, não decretou a prisão dela. A reportagem ligou para a casa de Gladys, mas ninguém atendeu. Ela estaria se recuperando de uma cirurgia recente.

Fonte: A Gazeta

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