sábado, 27 de março de 2010

MUDANÇA DE RUMO.

O presidente Luiz Inácio da Silva exagerou na provocação.


Caminhava bem na dissimulação, até que resolveu desmoralizar a Justiça em público, fazendo pouco da multa de R$ 5 mil que recebera dias antes do juiz Joelson Dias, do Tribunal Superior Eleitoral, por promoção indevida da candidatura de Dilma Rousseff durante inauguração em Manguinhos, no Rio de Janeiro, e contra a qual a Advocacia-Geral da União preparara-se para recorrer ao plenário do TSE.


Uma outra ação estava em suspenso por pedido de vista com votação até então favorável ao presidente, 4 a 2 contra a punição por propaganda antecipada durante solenidade no Sindicato dos Trabalhadores em Processamento do Dados de São Paulo, no último dia 22 de janeiro.


Ontem, pouco antes da retomada desse julgamento, Lula inaugurava um conjunto habitacional em Osasco, na periferia de São Paulo quando, sem a menor necessidade, deu-se ao desfrute de incitar o público a escarnecer da punição imposta pelo juiz. "Se for multado vou trazer a conta para vocês. Quem é que vai pagar a minha multa? Levanta a mão".

A plateia levantava e gritava "Dilma, Dilma", exatamente como queria o presidente.

Exatamente como sabiam todos que a lei proibia.

Um acinte que só não causa mais escândalo porque nada mais provoca espanto. Mas o Judiciário ainda não abdicou de sua razão de existir.

Em Brasília, retomado o julgamento, o juiz Félix Fischer, que pedira vista mesmo acreditando-se já vencido, entendeu que ao governante não é facultado "incutir um candidato no imaginário do eleitor, ainda que de forma dissimulada".

Como o julgamento não havia sido concluído, o ministro Carlos Ayres Britto pôde mudar seu voto e apontou que o fato de a referida solenidade ter sido transmitida pela TV oficial caracterizava favorecimento a um dos candidatos.

O relator Henrique Neves, contrário à multa, justificouse dizendo que até então a jurisprudência era outra.

Requeria a explicitação do pedido de votos ao candidato, ao que Fischer contra-argumentou dizendo que referências subliminares "não são feitas por gente ingênua".

O ministro Arnaldo Versiani assim também entendeu e a punição estava feita e, pelo visto, outro tipo de jurisprudência estabelecida. Por analogia, o resultado e os argumentos utilizados pelos miconnistros levam a crer que o recurso contra a multa de R$ 5 mil tenha reduzida chance de sucesso.

Confirmada a impressão, somaria R$ 15 mil a conta que o presidente Lula teria a apresentar ao público presente às solenidades-comício da ministracandidata Dilma Rousseff.

É uma mudança de rumo na posição da Justiça Eleitoral, de certa forma forçada a encontrar maneiras de transitar pelos desvãos da frouxidão da lei para não sucumbir à tentativa de demolição de sua autoridade por parte do presidente da República.

Dora Kramer - O Estado de São Paulo

4 comentários:

  1. Parabéns aos Ministros do TSE, o LULA tem que entender que pode muito, mas não pode tudo. Sua atitude de escárnio com a multa de R$ 5000,00 estava desmoralizando a Justiça. O Presidente tem que dar o exemplo, não pode pregar a desobediência, senão onde vamos parar? Parece que o Poder Judiciário acordou a tempo, é esperar pra conferir.

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  2. EU fiz um comentário no http://to-deolho.blogspot.com/ chamado Parabéns, onde me refiro a atitudes dos ministros que ñ se intimidaram pelo presidente ser o cabo eleitoral. Mas não adianta ele continua com o circo da mesma forma, vamos punir com mais rigor a campanha antecipada.

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  3. Aquela Casa de Justiça, difamada pela frouxidão nas suas decisões, tenta arrumar a casa, promovendo punições atrasadas a fim de se justificar diante do eleitor brasileiro.
    Com referência a decisão propriamente dita é fantástica. Puniu mais o populismo do que precisamente o Presidente Lula. O STF sabe que está diante de um homem populista; então, vamos educa-lo aos poucos.
    Mas, estamos em ano eleitoral, educação tardia, efeito colateral, mais bagunça na certa.
    Julio Filho

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  4. Vamos ver se com isso o Lulla e a viuva de stalin e Goebbels se tocam e comecem a respeitar o processo democrático.
    Se bem que creio que na próxima manifestação dos "professores" petralhas irão queimar os autos desse processo...

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