Uma reportagem desta edição de VEJA reflete sobre os ataques que o exercício da imprensa livre vem sofrendo no Brasil e, mais radicalmente, em alguns países vizinhos, sendo os casos mais graves registrados na Venezuela e na Argentina. A reportagem mostra que, no Brasil, isso se deve em grande parte à concepção de mundo dos atuais governantes petistas, em que não cabe o conceito de jornalismo independente. Essa deformação decorre das convicções de alguns que continuam ruminando a idéia totalitária do leninismo, segundo a qual governo e povo se confundem e, portanto, a imprensa não tem o direito de criticar as autoridades.
Em uma reportagem de capa de agosto de 2004, VEJA já alertava para esse preocupante traço da identidade petista, que chamou de “tentação autoritária”.
Naquela ocasião, o que motivou a reportagem foi a tentativa de restabelecer controles externos à imprensa por meio de um projeto de lei enviado pelo governo ao Congresso. Dado o alerta por VEJA, o governo produziu as desculpas de sempre, segundo as quais “foi um engano”, recolheu o projeto e o engavetou. Mas continuou como brasa dormida a intenção de controlar, cercear, monitorar, constranger e punir jornalistas.
De lá para cá, houve muitas outras tentativas semelhantes, e ainda hoje a tentação autoritária paira no ar como uma ameaça permanente. Na semana passada, a brasa voltou a ser atiçada pelo presidente Lula e pelos dirigentes de seu partido, secundados pelo vasto contingente de mercenários recrutados a preço de ouro nos porões da internet e pagos com o suado dinheiro dos brasileiros que trabalham e recolhem impostos.
Por revelar a existência de um balcão de negócios escusos na Casa Civil da Presidência da República, VEJA e os grandes jornais foram chamados de “golpistas”, uma vez que a notícia poderia ter potencial para tirar votos da candidata oficial, Dilma Rousseff. Pela primeira vez houve uma forte reação de pessoas de consciência, que assinaram um manifesto pela manutenção do direito constitucional à liberdade de expressão e foram às ruas de São Paulo denunciar a veia autoritária do PT.
O manifesto teve como signatários ícones da defesa da liberdade e da luta contra a ditadura, gente da estatura de Hélio Bicudo, fundador do PT, do cardeal Paulo Evaristo Arns e de Therezinha Zerbini, pioneira na luta pelos direitos humanos no Brasil. Numericamente, é um grupo pequeno. Como símbolo de resistência democrática, dificilmente se poderia produzir uma manifestação mais enfática.
Via Veja.
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