segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O ESTADISTA E O POPULISTA.

Para entender como ocorreu a melhoria de renda das chamadas classe C e D, inclusive com uma nova classe média emergente, fazendo com que economistas e empresários dediquem estudos e produtos para o consumo deste segmento, temos que entender principalmente qual foi a grande causa do aumento da desigualdade e o empobrecimento dessa parcela da população. Não tenho a menor dúvida que a partir da metade do século XX , esse grande fator chama-se inflação. Façamos um retrospecto, de 1958 a 1964 a inflação passou de 20 a 80% ao ano por dois motivos principais. O primeiro o excesso dos gastos públicos no Governo JK e o agravamento da crise política que levou ao golpe de 64. De 1964 a 1973, devido a um bom momento da economia mundial e a um programa bem sucedido de estabilização pelos Militares, a inflação declinou a 15% ao ano, voltando a patamares de até 100% ao ano, entre 1974 e 1979, principalmente pela primeira grande crise do petróleo que atinge o Brasil em cheio, pois estava praticamente sem produção do ouro negro e também pela teimosia em querer fazer o País manter o ritmo de crescimento, com aumento significativo da dívida externa. O segundo choque do petróleo e um choque dos juros pega o Brasil muito endividado, inclusive decretando a moratória da dívida externa e faz com que a inflação ultrapasse a 200% ao ano, no período que vai de 1980 a 1985. A partir de 1986 até 1994, o que se viu foi uma sucessão de planos econômicos heterodoxos, baseados principalmente em congelamento de preços que elevaram a inflação a imagináveis mais de 1000 %/ano. Quem viveu o período, deve lembrar muito bem que o pão nosso de cada dia, mudava de preço diariamente, chegando a custar um preço pela manhã e outro à tarde. Muita gente fez fortunas nesse período, ganhava-se aplicando no overnight e todo tipo de aplicação financeira, mas os pobres e os assalariados viam seu dinheiro desaparecer diariamente, aumentando ainda mais a nossa desigualdade social.

Devido a corrida inflacionária, tivemos entre 1967 a 1993, seis moedas, a saber: Cruzeiro Novo, Cruzeiro, Cruzado, Cruzado Novo, Cruzeiro e Cruzeiro Novo. O total da inflação nesse período foi de 1.1 quatrilhão por cento, inflação de 16 dígitos , um IGP-DI de 1.142.332.741.811.850%. Foi neste ambiente que em 1993, o então Presidente Itamar Franco, convoca Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, então Ministro de Relações Exteriores para assumir o Ministério da Fazenda com o compromisso de acabar ou pelo menos diminuir a inflação .Em agosto de 1993 o Ministro transformou o Cruzeiro em Cruzeiro Real para ajuste de valores. Em janeiro de 1994, com inflação de 42,19%, o Presidente Itamar Franco, responsável pela criação do Plano Real,determinou que os trabalhos se dessem de maneira irrestrita e com máxima extensão necessária a seu êxito.

Lançado oficialmente em 27 de fevereiro de 1994, com a Medida Provisória 434, instituía a URV (Unidade Real de Valor ) que estabeleceu regras de conversão e valores monetários, desindexando a economia e determinou a criação de uma nova moeda, o Real. Em 1º de março de 94, passou a vigorar a Medida Provisória nº 10, crindo o FSE ( Fundo Social de Emergência ) considerado essencial para o êxito do plano. A emenda produziu a desvinculação de verbas do orçamento da União, direcionando os recursos para o fundo, que daria ao governo margem para remanejar e/ou cortar gastos supérfluos. Os gastos do governo contribuíam grandemente para a hiperinflação, uma vez que a máquina do Estado brasileiro era grande, dispendiosa e ávida por mais gastos. Poucas horas antes, o Ministro FHC foi à televisão e, em pronunciamento oficial em rede nacional, deu um ultimato ao Congresso Nacional para que aprovasse a emenda à Constituição Federal.[6]



Em 1º de julho de 1994 houve a culminância do programa de estabilização, com o lançamento da nova moeda, o Real (R$). Toda a base monetária brasileira foi trocada de acordo com a paridade legalmente estabelecida: CR$2.750,00 para cada R$1,00.[7] A inflação acumulada até julho foi de 815,60%, e a primeira inflação registrada sob efeito da nova moeda foi de 6,08%, mínima recorde em muitos anos. O Plano Real foi um programa definitivo de combate a hiperinflação implantado em 3 etapas,[8] a saber:

1 - Período de equilíbrio das contas públicas, com redução de despesas e aumento de receitas, e isto teria ocorrido nos anos de 1993 e 1994;

2 - Criação da URV para preservar o poder de compra da massa salarial, evitando medidas de choque como confisco de poupança e quebra de contratos;

3 - Lançamento do padrão monetário de nome Real, utilizado até os dias atuais.

Após a implantação do plano, durante mais de seis anos, uma grande sequência de reformas estruturais e de gestão pública foram implantandas para dar sustentação a estabilidade econômica, entre elas destacam-se: Privatização de vários setores estatais, o Proer, a criação de agências reguladoras, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a liquidação ou venda da maioria dos bancos pertencentes aos governos dos estados, a total renegociação das dívidas de estados e municípios com critérios rigorosos (dívida pública), maior abertura comercial com o exterior, entre outras.

A conclusão é que sem dúvidas, a inflação é a grande responsável pela concentração e de desigualdades no Brasil a partir dos anos 50 do século passado.Além de ser uma espécie de imposto para os pobres, dificulta a organização da vida das pessoas e  empresas, tornando o futuro uma incógnita. Pela dificudade de se memorizar os preços, em período hiperinflacionário, os maus intencionados e pilantras se aproveitam para enganar e se aproveitar, tornando o problema mais cruel ainda.

Finalizando, a verdade é que o Plano Real foi o grande divisor de águas, o grande projeto que possibilitou o crescimento, a estabilização e a melhoría de vida de todos os brasileiros, principalmente os das classes menos favorecidas. O mérito do Presidente Lula foi permanecer no rumo traçado por FHC e naturalmente com uma situação economica mundial favorável pode ampliar os programas sociais do seu antecessor. É justo lembrar aqui, que Lula e o PT foram fortes opositores do plano. O Presidente devería ser grato e reconhecer as bases implantadas, mas sua arrogância, sua vocação narcisista e seu egoísmo o impede e, aproveitando a popularidade conseguida em parte pelos benefícios a longo prazo do Plano real, vangloria –se como se tudo tivesse começado no seu mandato. Fernando Henrique está coberto de razão e não deve  mesmo, temer a comparação proposta insistentemente entre os dois governos ou os dois Presidentes. Trata-se de comparar um ESTADISTA com um OPORTUNISTA POPULISTA.

7 comentários:

  1. O presidente Lula deveria ter a coragem de dizer ao Brasil que foi importante dar continuidade aos projetos criados e implantados nos governos anteriores, Itamar(2anos), FHC(8anos).Comparar os dois períodos de 8 anos do PSDB e PT e tentar provar que foi melhor, o PT passa ao eleitor uma mensagem mentirosa, além de ensinar que para ser bom é preciso destruir e apagar o outro.Mostrar os aspectos positivos dos dois governos é mostrar que o Brasil é grande, muito maior que as disputas eleitorais.É também melhorar a auto-estima do brasileiro.
    Eleições 2010 - PODEMOS MELHORAR A CARA DO Brasil. Quer um resultado diferente, tenha coragem de mudar o seu voto.

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  2. Muito bom o histórico de nossas políticas financeiras. Me lembro de já tê-la comparado ao monstro de Frankenstein, com pedaços de corpos das loucuras dos ministros anteriores da área, cada um tentando fazer o monstro andar e ele só ficava mais feio e monstruoso. Bob Field, Delfim, Simonsen, Dornelles... Foram muitos os "schistas" que chutaram suas teorias ao vento e fizeram de cada brasileiro uma cobaia.
    Quer os petistas queiram, quer não, FHC entrou para a história por ter conseguido vencer o monstro que devorou tantos antes dele, inclusive o homem que errou o dragão com seu único tiro, o fanfarrão Collor de Mello.
    FHC teve a competência de cercar-se dos melhores, montou uma equipe tinindo de competência, mesmo sabendo que alguns se locupletaram e encheram as burras. Resta o consolo de saber que os desvios de uns poucos foi mal menor diante do benefício que o plano real foi para um país inteiro.
    O ÚNICO MÉRITO DO GOVERNO lULA É TER DADO CONTINUIDADE AO PROGRAMA DE fhc.

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  3. Excelente histórico de como o PT e LULA aproveitaram o momento para implantar o sistema de esmolas e populismo barato no Brasil. Só espero que o país acorde desse torpor e comece a trabalhar e consquistar seu desenvolvimento sem esperar pelos Governos ou Estados.

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  4. Adorei o artigo.Penso exatamente isto. Pior que qualquer coisa é ter que aguentar Lula achando que vai continuar no poder colocando a "laranja" Dilma. Vamos acordar Brasil.

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  5. a pedido da BanhoDeChuva

    Lula se gaba dos avanços econômicos do seu governo. Lula fala do bolsa esmola (distribuição de dinheiro sem contrapartida, sem desenvolvimento). Lula fecha os olhos para atos secretos não mais secretos. Lula nega que segue as trilhas abertas por seu antecessor FHC. O povo acredita cegamente em Lula. Lula prepara sua cadeira para sua Dilma.
    E assim fica cada vez mais longe nosso sonho de um ajuste fiscal seguido por uma séria reforma tributária. Também as sonhadas reformas previdenciária e política. O tão necessário corte nos gastos públicos, a redução de juros...
    E nós, brasileiros que não acreditamos cegamente em Lula e ainda sonhamos estamos nos tornando irreais... a elite recalcada... o povo do apagão... os monstros que querem acabar com o bolsa das famílias pobres... Nós sim, somos as Alices, no país das maravilhas, querendo voltar para casa...
    Viva o Oportunista populista!
    Abaixo o Estadista Elitista!
    Ass. Banho de Chuva- Economista enojada com tudo isso.

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  6. Como sempre aprendi mais um pouco com este belo texto, que nos mostra a evolução da economia brasileira.
    " O mérito do Presidente Lula foi permanecer no rumo traçado por FHC e naturalmente com uma situação economica mundial favorável."
    E o povo insiste em dizer que o Lula é bom, mas é muito fácil ser bom levando a fama de ações de outras pessoas.
    Não concordo com as atitudes deste nosso Presidente, ele não é um administrador do Brasil, mas sim um pai que dá mesada aos seus filhos com a tantas bolsas e acaba impedindo a dignidade que todo ser humano deveria ter.
    Cade o progresso na educação, na saúde e como turismóloga cito também o turismo?
    Estamos prestes a sediar os dois maiores eventos esportivos do mundo e nada tem sido feito em prol de melhorar o turismo brasileiro.
    Parabéns pelo texto!
    Abs

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  7. Pra variar o Presidente Lula e seus Petralhas usam da falta de informação do povo pra se apropiar da historia e das benfeitorias de outro Governo Itamar e FHC, fazendo q nossa história e nosso povo continue refém da falta de informação e de mentiras!

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