sexta-feira, 13 de julho de 2012

O PERIGO VENEZUELANO

A Venezuela já pode considerar como finalizada sua entrada no Mercosul. Graças à punição do Paraguai e sua posterior retirada do bloco regional, o caminho ficou livre para a aceitação dos venezuelanos. O Congresso paraguaio era o único que ainda não havia aprovada a entrada da Venezuela. Mas qual seriam as reais intenções políticas de Brasil, Argentina e Uruguai ao permitir o governo de Hugo Chávez participar como membro pleno do bloco?
Em 1998 o Mercosul ratificou o Protocolo de Ushuaia que define a "cláusula democrática" para prevenir golpes militares contra os governos democraticamente eleitos. Ou seja, para entrar ou permanecer no bloco o país precisa ser uma democracia. O problema está justamente nos pesos e medidas usados para definir o que é uma democracia na América do Sul. Somente a realização de eleições é muito pouco para se reconhecer uma democracia verdadeira.

Desde que Chávez chegou ao poder em 1998 o governo "bolivariano" cassou licenças de redes de televisão e jornais venezuelanos que criticavam o governo, armou a população civil criando as milícias bolivarianas para servir de guarda pretoriana do presidente, prendeu cidadãos pelo "crime de opinião" quando esses ofendiam o presidente e governa por decreto com um Congresso e Poder Judiciário títeres e submissos à vontade do Poder Executivo. Enquanto isso, quase a metade da população venezuelana vive abaixo da linha da pobreza.

A real intenção dos membros do Mercosul é econômica. O Mercosul foi criado para constituir uma Zona Econômica livre de tarifas externas, uma União Aduaneira e, em seus sonhos distantes, uma União Econômica nos moldes da União Europeia. Ocorre que nem sequer o primeiro objetivo foi alcançado efetivamente. O bloco vive uma crise institucional há anos e trazer a Venezuela ao bloco daria um novo estímulo econômico, sem dúvida. Basicamente, no que se refere ao petróleo venezuelano, a entrada venezuelana seria justificada por conta das grandes reservas mundiais de petróleo que esse país detém.

No Mercosul em crise, o Paraguai, fraco economicamente pode ser retirado do bloco por seu impeachment, mas a Venezuela, mais rica em termos de petróleo, pode ser incorporada ao bloco desconsiderando seus assaltos à democracia. Como afirma o escritor peruano Mário Vargas Llosa, "a Venezuela caminha rumo à ditadura". Mas o alinhamento ideológico à esquerda de Brasília e Buenos Aires prefere aderir ao projeto socialista bolivariano chavista de uma forma cega, desacreditando ainda mais a cláusula democrática do Mercosul.

Helvécio de Jesus Júnior

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