sexta-feira, 6 de julho de 2012

CPI ESQUENTA COM DONO DA DELTA, PAGOT E PAULO PRETO

Além de Cavendish, ex-diretor do Dnit e ex-chefe de estatal paulista vão prestar esclarecimentos à comissão, embora a data não tenha sido marcada. Prefeito de Palmas depõe na próxima quarta

Após dois meses e meio de trabalhos e poucos avanços, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira aprovou ontem a convocação do dono da Delta Construções, Fernando Cavendish, e do ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot, dois dos principais personagens do roteiro costurado pelas relações da organização criminosa comandada pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e agentes privados. Nenhum dos dois, porém, têm data para comparecer à CPI. A única oitiva prevista é a do prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), para a próxima terça-feira, outro passo acertado na sessão de ontem.

"Todos que desejam a evolução das investigações tiveram uma vitória hoje (ontem). Cada dia com a sua agonia. Agora, vamos começar a cobrar a presença desses senhores. Mas hoje (ontem) a CPI entrou em campo", resumiu o senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP). Com exceção do prefeito da capital do Tocantins, que enviou ofício ao colegiado se colocando à disposição, os demais só irão à comissão depois do recesso parlamentar, de 17 de julho a 1º de agosto, e poderão permanecer em silêncio, direito garantido pela Constituição.

Além desses três, considerados ameaças em potencial para PT e PMDB, o colegiado conseguiu arrastar mais um tucano para o centro das apurações: Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, ex-diretor da estatal paulista Dersa e um dos encarregados de angariar recursos para a campanha de José Serra nas eleições de 2010. Ele é acusado por Pagot de fazer caixa 2 para o tucano. A tropa de choque do governo impediu, no entanto, a convocação do tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff, o deputado estadual José de Fillipi (PT-SP).

Discussão
O debate em torno do requerimento de Paulo Preto se transformou em disputa partidária na sessão de ontem, capítulo recorrente nas reuniões da CPI. "Convocar Paulo Preto é tão importante quanto chamar Pagot, mas o PSDB está com medo de que Paulo Preto seja convocado. Esse medo todo já seria motivo para ele vir aqui. Estão com medo de quê?", provocou o deputado Silvio Costa (PTB-PE). O contra-ataque veio com o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), ao afirmar que o relator não sabia ler, referindo-se a uma entrevista em que Pagot faz acusações tanto contra Paulo Preto quanto a José de Fillipi. "Pelo menos conseguimos trazer Pagot e Cavendish, que a base não queriam de jeito nenhum", comemorou o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR).

A estratégia de petistas e peemedebistas agora é protelar a ida de seus aliados. O ex-tesoureiro tucano deverá comparecer em meados do mês que vem, quando o Supremo Tribunal Federal estiver julgando os réus do escândalo do mensalão — caso de suspeita de pagamento de propina do Executivo a parlamentares da base aliada, em 2005, durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Foram aprovados ainda os requerimentos de convocação de José Augusto Quintela e Romênio Marcelino Machado, sócios da Sigma Engenharia, que, segundo a Polícia Federal, é uma empresa de fachada usada pela quadrilha de Cachoeira; Andréa Aprígio de Souza, ex-mulher do bicheiro e suspeita de ter o nome usado como laranja pela organização criminosa; e Adir Assad, sócio de uma empresa que teria recebido R$ 50 mil da Delta.

Já a construtora de Cavendish teria Cachoeira como sócio oculto e mantém diversos contratos com o governo federal. Pagot saiu do Dnit no ano passado, sob suspeitas de fazer parte de um esquema de pagamento de propina a parlamentares do PR, do qual ele era filiado, e afirma que deixou o cargo por "não atender a interesses da quadrilha". Raúl Filho foi flagrado em um vídeo, gravado em 2004, oferecendo facilidades ao contraventor em troca de financiamento de campanha.

"Todos que desejam a evolução das investigações tiveram uma vitória hoje (ontem)"
Randolfe Rodrigues, senador do PSol-AP
Os novos convocados
Fernando Cavendish, dono da Delta Construções
Luiz Antônio Pagot, ex-diretor-geral do Dnit
Raul FIlho (PT-TO), prefeito de Palmas

Fonte: Correio Brasiliense - Gabriel Mascarenhas
Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da Dersa

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