Missa encomendada – Ao receber em seu programa o ex-presidente Luiz Inácio da Silva e Fernando Haddad, candidato do PT à prefeitura de São Paulo, o apresentador Carlos Roberto Massa, o Ratinho, permitiu que novamente seus telespectadores fossem atropelados por uma avalanche de mentiras e pensamentos obtusos.
Precisando se fazer de coitado por causa do entrevero com o ministro Gilmar Mendes (STF), Lula falou sobre o câncer na laringe e a dificuldade do tratamento. O ex-presidente disse que para que o povo tenha o mesmo tratamento que ele [Lula] teve no Hospital Sírio-Libanês, um dos melhores do País, é preciso que o governo invista mais dinheiro no setor. Lula tentou transferir à oposição as mazelas da saúde pública, usando para isso o fim da malfadada CPMF, que ele burramente classificou como um imposto pago pelos ricos. A CPMF, ao contrário do que disse Lula, era um imposto disfarçado de contribuição que afetava toda a sociedade sem distinção.
Ao falar da necessidade cada vez maior de investimentos na saúde pública para que a excelência do setor seja acessível a todos os cidadãos, Lula acabou desmentindo a si próprio. Em meados de 2006, quando se preparava para a campanha pela reeleição, o petista disse que a saúde pública no Brasil estava a um passo da perfeição. Tempos depois, o mesmo Lula sugeriu, durante um de seus discursos falaciosos, que o presidente Barack Obama deveria adotar nos EUA um modelo semelhante ao do SUS, que na opinião do mandatário brasileiro é barato e eficiente.
Crise e consumismo
Na troca de elogios entre Lula e Fernando Haddad, o ex-ministro da Educação, que como candidato à prefeitura paulistana ainda não tem proposta convincente, disse que os acertos do governo do PT permitiram que o brasileiro visse “a vida melhorar da porta de casa para dentro”. E Haddad usou o consumismo desenfreado dos últimos anos como justificativa para essa melhora de vida.
Haddad, que chegou a ser chamado de “bonitão” por Ratinho, é um utópico que se presta a adular seu mentor eleitoral, como se o poder de compra do cidadão significasse qualidade de vida. O candidato petista se esquece que da porta de muitas casas para dentro existem milhões de carnês atrasados, resultantes da onda de consumo irresponsável incentivado pelo próprio Lula, que disse ser a crise financeira do ano de 2008 uma obra dos “loiros de olhos azuis”.
Em nenhum momento Ratinho manifestou o desejo de perguntar a Lula sobre a volta da inflação, cada vez mais resistente. E se isso tivesse ocorrido, mereceria por parte do apresentador a colocação de que a crise que marca o cotidiano verde-louro é obra de alguém que abusa da mitomania e acredita estar acima da lei.
Retorno ao Planalto
Perguntado sobre a possibilidade de se candidatar à presidência em 2014, Lula disse que Dilma Rousseff chegará ao final do seu mandato com força suficiente para tentar a reeleição. Diante da insistência do apresentador, que seguiu um script previamente elaborado pelo entrevistado, o ex-presidente disse que no caso de Dilma não se interessar pela reeleição, ele será candidato, pois não permitirá que um tucano volte ao Palácio do Planalto.
Lula precisa compreender que o Brasil ainda é uma democracia e que o golpe que ele tenta aplicar terá pela frente a resistência da massa pensante do País, representada pelos 80 milhões de eleitores que não votaram em Dilma. Esse comportamento totalitarista reforça a tese de que no entrevero com Gilmar Mendes o mentiroso é o ex-presidente da República, que tenta evitar que o julgamento do escândalo do Mensalão do PT se transforme em uma espécie de julgamento do seu governo.
Lula quando muito manda, desde que deixou o poder, na sua casa, mas não pode continuar tratando o Brasil como propriedade particular ou como um boteco mequetrefe de porta de fábrica, onde, aliás, embalado por goles excessivos, ele construiu boa parte da sua trajetória político-sindical.
Não cabe ao ex-presidente decidir se esse ou aquele político deve ou não governar o País. Lula quando muito manda, desde que deixou o poder, na sua casa, mas não pode continuar tratando o Brasil como propriedade particular ou como um boteco mequetrefe de porta de fábrica, onde, aliás, embalado por goles excessivos, ele construiu boa parte da sua trajetória político-sindical.
Classe média
A forma tacanha e irresponsável como Lula trata o atual cenário brasileiro prova a sua conhecida incapacidade administrativa. Avesso ao planejamento, palavra que jamais frequentou o seu cotidiano, o ex-metalúrgico fez questão de falar sobre a chegada de 40 milhões de novos consumidores à classe média. Obtuso por conveniência política, Lula criticou os que alegam que o consumo descontrolado fez com que as ruas e avenidas das principais cidades brasileiras fossem alvo de uma avalanche de carros novos, o que complicou sobre maneira o trânsito. No momento em que o Brasil está a um passo de sediar a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, esse discurso fanfarrão é um tiro pela culatra que reforça a falta de capacidade administrativa do ex-presidente.
Ainda no universo do consumo, Lula disse ao apresentador que sente-se satisfeito ao ver os aeroportos brasileiros congestionados, pois, segundo ele, o pobre também tem o direito de viajar de avião. Habilidoso em termos políticos, Lula é traído por seguidos lampejos de ignorância, algo que não pode acometer um estadista. Vangloriar-se da fracassada infraestrutura do País é no mínimo um atentado contra a lógica do raciocínio.
Contra fatos não há argumentos, dizem os experimentados, e por conta disso não há como deixar de reconhecer, em análise isolada, a chegada de milhões de novos consumidores à classe media. Contudo, esse upgrade social aconteceu não por causa da geração de riqueza por parte dos cidadãos, mas na esteira do endividamento recorde das famílias brasileiras e da disparada da inadimplência.
Lula, por questões óbvias, não explicou aos telespectadores do apresentador Ratinho que essa nova classe média é composta por pessoas que recebem no máximo dois salários mínimos, dinheiro insuficiente para honras as necessidades básicas do dia a dia.
Corrupção
Alguns temas importantes não foram abordados na entrevista de Lula ao apresentador Ratinho. E a corrupção foi um deles. Sem tocar no escândalo do Mensalão do PT, o que lhe tira o bom humor, Lula preferiu ignorar os inúmeros casos de corrupção que marcaram sua passagem pelo Palácio do Planalto. O modelo de convívio político vigente, que garante à presidente Dilma Rousseff apoio no Congresso Nacional, é resultado da substituição do pagamento de mesadas regulares a parlamentares pela entrega de ministérios e autarquias a partidos políticos da base aliada, que assumem a responsabilidade pelas transgressões cometidas em cada pasta.
Acreditando ser a versão moderna e tropical de Messias, o ex-presidente Lula passou para a história na condição de responsável pelo período mais corrupto do País, que precisará de pelo menos cinquenta anos para recuperar os estragos cometidos na última década, período em que prevaleceu a imoralidade pública e a pirotecnia oficial
Fonte: Ucho.Info
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