“Meu Amigo Petista”
Com economia aquecida e uma carga tributária boçal (em ambos
sentido: quantidade e qualidade), é fácil ter muito dinheiro para gastar.
Distribuir aos pobres parece coisa de gente de bom coração. Renda na mão de
pobre vira consumo e consumo conta para o PIB. E, na mão de petista, vira voto
na certa.
Mas agora que o dinheiro vai começar a rarear, quero ver onde vai estar o coração dessa gente. Ou vão cravar mais fundo os dentes no setor produtivo da sociedade ou vão ter que escolher o que deixa de receber recursos. Tenho certeza de que o caixa 2 das campanhas eleitorais deles está garantido — até porque este parece ser (por mais surreal que possa parecer) o ÁLIBI dos 36 réus do mensalão.
O fato é que, 10 anos depois, o pobre brasileiro pode ter
ficado momentaneamente menos pobre na carteira, mas não se tornou um milímetro
mais capaz de enfrentar os desafios do mundo moderno em que o país compete.
Basta ver que os analfabetos funcionais das faculdades de gesso do Luladdad
chegam a 38% (é inacreditável, mas é verdade).
Acabada a farra da gastança, voltaremos para a mesma estaca
em que estávamos antes. Um pouco piores, na verdade, graças aos retrocessos que
representam os constantes ataques às instituições da sociedade (a Justiça, a
liberdade de imprensa, a independência dos poderes, o que restava de honradez
no Congresso, a política externa que deixou de servir à nação para se dobrar a
um projeto particular de poder…) e às bases da economia de mercado tão sólidas
que os petistas herdaram de seus antecessores mais capazes (a Lei de Responsabilidade
Fiscal, o Bolsa Escola — este, sim, carregava uma contrapartida que produzia um
efeito positivo no longo prazo em vez de boçalizar a população com esmola–, a
autonomia do Banco Central, a confiabilidade dos dados oficiais, o modelo de
privatização, o ordenamento jurídico que atraiu o investidor estrangeiro, a
estabilidade econômica e de regras, a não-intervenção nos mercados…).
Eu não mordo os cotovelos porque as pessoas estão menos
pobres. Mordo de ver que o PT transformou em mais um vôo de galinha a maior
oportunidade que o Brasil jamais teve de entrar definitivamente para a elite
global. Mordo de ver que gente inteligente como você não consegue perceber a
destruição do nosso futuro que está sendo promovida dia após dia por gente que
só quer se locupletar e perpetuar seu poder sobre a máquina estatal — cada dia
maior e mais nefasta para a economia e, por extensão, à sociedade. Mordo de ver
que estamos abandonando as fontes que trouxeram riqueza para este país para nos
alinharmos cada dia mais aos membros do Foro de São Paulo — do qual fazem parte
o mais abominável ditador do século na América do Sul e o grupo
narco-guerrilheiro que ele apóia no país vizinho. Mordo de ver que gente do bem
ainda se alinha com os maiores bandidos que já ocuparam o poder central deste
país. Mordo de pena. Mordo de tristeza. Mordo de desesperança.
Escrito pela Dra. Elizabeth Rondelli, Doutora em Ciências
Sociais, professora aposentada das Universidades Federais do Rio de Janeiro e
Juiz de Fora:
Nenhum comentário:
Postar um comentário