Investigações apontam ligações entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira...
Ele pagava para ter informações prévias sobre as operações contra o jogo do bicho
Além de elos com políticos, a organização criminosa comandada pelo bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, tinha sob suas ordens dois delegados da Polícia Federal, seis delegados da Polícia Civil e 30 policiais militares, que vazavam informações privilegiadas e driblavam até a ação da Força Nacional de Segurança, quando atuava na repressão a jogos ilícitos em Goiás e nos arredores de Brasília.
Uma das investigações aponta que um funcionário da Federal - o auxiliar administrativo e chefe da Divisão de Serviços Gerais, Anderson Aguiar Drumond - atuava como espião para o bicheiro.
Ele comandava a liberação de veículos para os policiais e por isso “recebia informações antecipadas sobre datas e locais de operações policiais”.
Segundo a Federal, o servidor “repassava informações privilegiadas” a um integrante da quadrilha, Idalberto Matias de Araújo, o Dadá.
Em um diálogo interceptado pela polícia, em dezembro de 2010, Dadá conta a Lenine, apontado como braço direito de Cachoeira, as informações sobre uma operação que teriam sido vazadas por Anderson. Em outra gravação, Cachoeira autoriza Lenine a fazer o pagamento do informante.
Na contabilidade do grupo, aparece o nome “Ander” com o valor de R$ 3 mil, quatro dias depois da conversa. Ele recebia pagamentos mensais do grupo do bicheiro.
Ainda de acordo com investigações da Operação Monte Carlo, que levou o bicheiro à prisão em fevereiro, R$ 200 mil teria sido o valor pago por Cachoeira para contar com os serviços do delegado da Federal Fernando Antonio Heredia Byron Filho, também preso na operação.
Byron integrava o time de interlocutores de Cachoeira que, como o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), falava com o contraventor por meio de aparelhos de rádio Nextel habilitados no exterior para tentar escapar de escutas telefônicas.
Seu papel era garantir a exploração de máquinas de caça-níqueis, vazar e direcionar investigações, a pedido de Cachoeira.
Em agosto do ano passado, Byron prestou contas de um serviço para o contraventor e aproveitou para pedir um adiantamento de dinheiro para pagar um apartamento.
A outro delegado da Federal preso na ação, Deuselino Valadares dos Santos, o preço pago por Cachoeira foi mais alto. Uma fazenda de R$ 1 milhão pode ter sido o pagamento.
Até a Força Nacional deixou de agir
Preso na operação Monte Carlo, o comandante da PM de Luziânia (GO), major Uziel Nunes dos Reis, foi um dos que prestaram serviço a Cachoeira. Em agosto do ano passado, o major teria contribuído para evitar o fechamento de bingos clandestinos pela Força Nacional de Segurança. Uma única casa de jogos clandestina faturava cerca de R$ 1 milhão por mês.
Nenhum comentário:
Postar um comentário