A imprensa anunciou que o Supremo Tribunal Federal examina a hipótese de cancelar as férias de junho e julgar o processo do mensalão, escândalo ocorrido no governo do presidente Lula, que envolveu petistas e aliados, suspeitos de receberem dinheiro para votar no Congresso. O STF, com isso, demonstra respeito aos brasileiros receosos de que se sepultasse o mensalão pelo encerramento do prazo legal de decisão sobre esse assunto e todos ficarem livres de qualquer punição. Um mês talvez não baste para concluir o processo, mas o Supremo, dada a disposição que mostrou, vai desdobrar-se, apreciando só o mensalão.
A corte atenderá, com isso, o que o país queria: julgar os réus, com a independência total de seus magistrados, dos quais só se espera que votem com suas consciências e seus saberes jurídicos. Vai-se proceder à lavagem das estrebarias mais sujas do Brasil, em todos os tempos da democracia brasileira.
Após a ficha limpa, teremos, se esse trabalho for concluído, mais um episódio honroso neste século. Este repórter viu, menino, um tribunal eleitoral, criado pelo ditador Vargas, recusar, unanimemente, seu pedido ditatorial de impugnação à candidatura de um político prisioneiro, por divergir da ditadura, em1932.
Nesse episódio, a decisão contrária ao tirano não se obedeceu. O que é próprio das tiranias, mas a Justiça cumpriu seu dever, como o atual Supremo cumprirá o seu, no caso indecente do mensalão.
Com isso, talvez nos consideremos, frente ao mundo, um país democrata e decente. Tanto mais que, hoje, a morte de Chico Anysio e de Millôr Fernandes puseram nosso PIB moral e intelectual quase no zero. Honremos os dois.
Rubem Azevedo Lima - Correio Brasiliense
A corte atenderá, com isso, o que o país queria: julgar os réus, com a independência total de seus magistrados, dos quais só se espera que votem com suas consciências e seus saberes jurídicos. Vai-se proceder à lavagem das estrebarias mais sujas do Brasil, em todos os tempos da democracia brasileira.
Após a ficha limpa, teremos, se esse trabalho for concluído, mais um episódio honroso neste século. Este repórter viu, menino, um tribunal eleitoral, criado pelo ditador Vargas, recusar, unanimemente, seu pedido ditatorial de impugnação à candidatura de um político prisioneiro, por divergir da ditadura, em1932.
Nesse episódio, a decisão contrária ao tirano não se obedeceu. O que é próprio das tiranias, mas a Justiça cumpriu seu dever, como o atual Supremo cumprirá o seu, no caso indecente do mensalão.
Com isso, talvez nos consideremos, frente ao mundo, um país democrata e decente. Tanto mais que, hoje, a morte de Chico Anysio e de Millôr Fernandes puseram nosso PIB moral e intelectual quase no zero. Honremos os dois.
Rubem Azevedo Lima - Correio Brasiliense
Duro será se o STF "declarar"que os crimes estão prescritos. Tudo é possível.
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