sábado, 14 de agosto de 2010

DENGUE, ENTRE O CONTROLE E O CAOS.

Depois de confirmados ao menos três casos de dengue tipo 4 em Boa Vista, capital de Roraima, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, está estruturando uma ação conjunta, que inclui também os ministérios da Defesa e das Relações Exteriores, para controlar a multiplicação da doença pelo país. Uma das ideias, entre outras futuras determinações, é utilizar o Exército para combater a dengue na região da fronteira entre Brasil e Venezuela. Desde o fim de junho, as secretarias estadual (Roraima) e municipal (Boa Vista) reforçaram uma séries de ações, como aplicação de inseticidas e larvicidas nas áreas próximas de onde foram registrados os casos, para tentar conter a dispersão de mosquitos infectados. Os agentes comunitários foram mobilizados e realizam mutirões de limpeza e mobilização da comunidade.


Há 28 anos, a dengue tipo 4 não circulava pelo país. De acordo com o Ministério da Saúde, os outros três sorotipos virais (1, 2 e 3) estão presentes de forma heterogênea por todos os estados. O infectologista Bruno Vaz esclarece que os sintomas e tratamento para as quatro variações de dengue são os mesmos. Mas alerta: “A presença do vírus tipo 4 aumenta a probabilidade de uma pessoa se infectar novamente, podendo contrair a forma mais grave da doença, a hemorrágica”.

A dengue hemorrágica, que ocorre apenas em casos bem específicos, é mais agressiva e pode levar à morte. No primeiro semestre deste ano, 788.809 casos de dengue foram registrados no país. Em Minas Gerais, segundo estado com maior número de ocorrências — atrás apenas de São Paulo — 26 pessoas perderam a vida por causa da dengue hemorrágica. Ao todo, 182 pessoas morreram de dengue este ano.

A proximidade do verão agrava mais a situação, já que é uma época de chuvas, o que facilita a proliferação dos mosquitos. De acordo com o ministro José Gomes Temporão, o país está preparado para enfrentar a circulação do vírus tipo 4 no próximo verão. O Ministério da Saúde vem investindo mais de R$ 1 bilhão no combate à dengue.

O presidente da Confederação Nacional de Municípios, Paulo Ziulkoski, acredita que as atividades de prevenção da dengue devem ser intensificadas independente da situação epidemiológica atual. Para Ziulkoski, atividades como o envolvimento e esclarecimento da população sobre prevenção podem reduzir a ocorrência de casos graves e de óbitos no país.

"A presença do vírus tipo 4 aumenta a probabilidade de uma pessoa se infectar novamente, podendo contrair a forma mais grave da doença, a hemorrágica”

Bruno Vaz, infectologista

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