A dengue volta a preocupar. Uma nota do Ministério da Saúde destaca o que acontece em Roraima e alerta os gestores do SUS que devem intensificar as ações de controle da doença no sentido de evitar a disseminação do vírus da dengue tipo 4 (DENV4). A informação é do presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski.
Os ministérios da Saúde, da Defesa e das Relações Exteriores já estão se articulando para que o Exército faça um mutirão na fronteira do Brasil com a Venezuela para combater a dengue tipo 4. Há 3 casos confirmados em Boa Vista (RR). O Brasil não registra a presença desse sorotipo há 28 anos.
As investigações diagnósticas comprovaram que o caso de dengue notificado em 30 de julho passado é autóctone. Isso significa que a transmissão da doença ocorreu no território do Município de Boa Vista, capital do Estado. Foram notificados 8127 casos de dengue no estado com 222 casos graves e 8 óbitos suspeitos. Em relação a 2009 (com 4651 registros), o crescimento do número de casos é de 74,7%.
O município de Boa Vista é responsável por 61,2% do total das notificações do Estado, dos quais 199 são graves e 3 óbitos. Comparado ao mesmo período do ano passado o aumento de casos notificados chega a 44,8%.
Situação nacionalO presidente da CNM se mostra preocupado ao citar números nacionais: “até o momento foram notificados 942.153 casos de dengue, com 51,2% confirmados”. Os demais foram descartados ou estão sob investigação epidemiológica. A Região Sudeste lidera o número de notificações com mais de 403 mil casos.
Os estados com maior incidência são Acre, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rondônia, Roraima e Mato Grosso. Os estados de São Paulo e Minas Gerais se destacam pelo total de casos registrados. Só esses oito estados são responsáveis por 75% do número total registrado no Brasil.
Com relação à incidência da doença quando comparada ao mesmo período do ano de 2009, a Região Centro-Oeste apresentou a maior taxa 1.344 casos para cada 100 mil habitantes. Porém, o crescimento no número de casos foi maior na Região Sul, com uma variação de 3.020 no mesmo período.
As atividades de monitoramento da circulação do vírus da dengue em 2010 no país demonstraram a circulação dos sorotipos DENV-1, DENV-2 e DENV-3. Agora se confirma a circulação do sorotipo DENV-4, merecendo maior empenho dos gestores do SUS para o controle da doença.
Casos graves e óbitos
Até a semana epidemiológica 26 foram notificados 9.688 casos graves de dengue, sendo 2.271 de Febre Hemorrágica e 7.417 casos de dengue com complicações. O levantamento confirma um aumento de 30,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando foram confirmados 7.180 casos graves. Sete Estados concentram 7.600 (78,4%) casos graves e 302 óbitos (82,3%). São eles: São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e Rondônia.
A dengue é uma doença febril aguda causada por um vírus de evolução benigna. Na maioria dos casos seu principal vetor é o mosquito Aedes aegypti. O vírus causador da doença possui quatro sorotipos: DENV-1, DENV -2, DENV -3 e DENV -4. A infecção por um deles dá proteção permanente para o mesmo sorotipo e imunidade parcial e temporária contra os outros três.
Os sintomas da dengue hemorrágica, forma mais grave da doença, são os mesmos da dengue comum. A diferença ocorre quando acaba a febre e começam a surgir os sinais de alerta:
• Dores abdominais fortes e contínuas. Vômitos persistentes;
• Pele pálida, fria e úmida;
• Sangramento pelo nariz, boca e gengivas;
• Manchas vermelhas na pele;
• Sonolência, agitação e confusão mental;
• Sede excessiva e boca seca;
• Pulso rápido e fraco;
• Dificuldade respiratória;
• Perda de consciência.
Na dengue hemorrágica o quadro clínico se agrava rapidamente, apresentando sinais de insuficiência circulatória e choque, podendo levar a pessoa à morte em até 24 horas. De acordo com estatísticas do Ministério da Saúde, cerca de 5% das pessoas com dengue hemorrágica morrem.
Municípios com maior incidência
As informações de saúde mostram que 26,4% do total de casos de dengue no país, até o momento, estão concentrados em oito municípios: Belo Horizonte-MG (6,2%), Goiânia-GO (4,2%), Campo Grande-MS (3,8%), Ribeirão Preto-SP (3,6%), Rio Branco-AC (2,8%), São José do Rio Preto-SP (2,2%), Betim-MG (2,1%) e Araçatuba-SP (1,5%). No momento, esses municípios apresentam tendência de redução na ocorrência de casos da doença. Porém, ainda há riscos de transmissão da doença.
A CNM alerta os gestores
É necessário intensificar as atividades de prevenção da dengue em cada Município, independente de sua situação epidemiológica atual, tais como:
- atividades de educação em saúde esclarecendo sobre a doença;
- envolvimento da comunidade para desempenhar a sua parte como munícipe nas atividades de prevenção;
- monitoramento contínuo dos Índices de Infestação pelo Aedes aegypti para identificar áreas de maior risco para a transmissão da dengue;
- identificação das áreas prioritárias e eliminação ou redução dos criadouros do mosquito.
“Estes cuidados no controle da dengue têm como objetivo reduzir a ocorrência de casos graves e óbitos no país”, afirma Ziulkoski
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