Quando criticamos a criação das cotas raciais e sociais nas universidades, alguns entenderam ser uma postura elitista de nossa parte, o que nem de longe é verdade. O nosso pensamento ficou muito claro ao defendermos o respeito à Constituição Federal, que evidencia de forma cristalina que “todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza”. Em outras palavras, não pode existir privilégios quando o assunto é a Carta Magna, que classifica como direito fundamental do cidadão, entre tantos, o acesso à educação.
No momento em que o Estado se vale desse subterfúgio, vai pelo ralo sua competência como garantidor da cidadania. Trata-se de uma cortina de fumaça criada para mascarar as mazelas de um Estado cada vez mais refém do populismo barato dos seus governantes, muitos deles adeptos de um perigoso totalitarismo.
Prova maior desse cenário é um dado do IBGE divulgado na última semana, que aponta que metade da população brasileira com 10 anos ou mais de idade não tinha instrução ou tinha o ensino fundamental incompleto. O mesmo IBGE revela que o número de pessoas nessa condição era de 65,1% em 2000, e caiu para 50,2% dez anos depois, mas o que o governo tenta fazer com as tais cotas é inverter a mão dos fatos.
A informação de que houve redução no número de pessoas com o ensino fundamental incompleto não significa a melhoria da qualidade da educação no País. Na verdade, a qualidade do ensino, de maneira geral, está em curva descendente, o que compromete sobremaneira as gerações futuras.
O grande problema brasileiro está na incapacidade dos governantes diante de algo tão necessário que é o planejamento. Nenhuma nação cresce com base no consumo exacerbado, como vem apostando o Palácio do Planalto, mas a partir da formação adequada de seus cidadãos. Muito antes de se preocupar com as tais cotas, o governo deve dedicar esforços e recursos para melhorar a educação de base, sem a qual não se chega à universidade.
Os atuais donos do poder se valem do artifício mentiroso de que índice de consumo é qualidade de vida, o que nem mesmo em sonho é verdade. Com o fantasioso aumento do poder de compra do brasileiro cresceu a procura por escolas particulares. No vácuo existente na relação demanda e oferta, muitas escolas particulares surgiram nos últimos anos, sem que a qualidade do ensino fosse levada em conta. A migração da escola pública para a particular é sinal de status e de ascensão social, mas pode ser uma decisão errada e sem conserto.
Quando o Palácio do Planalto pensar em reduzir substancialmente a carga tributária a que está sujeito o setor de educação, o Brasil poderá pensar em ser um país emergente. Até porque, muito antes de ter é preciso ser.
Fonte: Ucho.Info
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