A expressão do presidente da CPI do Cachoeira, Vital do Rêgo Filho, é um retrato do fiasco que se anuncia. Tudo conspira para que os trabalhos da comissão acabem em pizza. Exemplo disso foi a reunião em que senadores e deputados do PSDB, às 7h30, no então deserto cafezinho do Senado, decidiram: para evitar a convocação do governador tucano Marconi Perillo, eles deixam de brigar para que Agnelo Queiroz (PT), do DF, e Sérgio Cabral, do Rio, também sejam obrigados a depor na CPI. Ontem, dados do contador de Cachoeira mostraram que o escritório de Geraldo Brindeiro, subprocurador-geral da República, recebeu R$ 161 mil de empresas ligadas ao esquema do bicheiro.
Reunidos ontem de manhã, tucanos avaliam que é melhor abrir mão da investigação para evitar a convocação do governador de Goiás. Governistas, no entanto, pretendem forçar o depoimento
Na manhã de ontem, 11 tucanos — quatro senadores e sete deputados — se encontraram às 7h30 no cafezinho do Senado para combinar estratégia de condução do depoimento de comparsas de Cachoeira na CPI e de participação na sessão administrativa de votação de requerimentos para evitar a convocação de Perillo. A conversa secreta foi municiada por um envelope repleto de documentos elaborados pela assessoria parlamentar da Câmara com informações que pudessem ampliar para o plano nacional as questões direcionadas aos comparsas de Cachoeira que atuavam em Goiás.
No encontro, os parlamentares chegaram a um consenso de que os depoimentos de integrantes da quadrilha tendem a fragilizar mais a situação de Perillo do que de outros envolvidos. Citaram o exemplo do ex-vereador Wladimir Garcez. Apesar de o ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia ter sido flagrado fazendo lobby para empresas farmacêuticas de Cachoeira, é a história do suposto pagamento da casa do governador com cheques da Delta, informação dada por Garcez, que prevalece no noticiário (leia matéria abaixo).
Ao Correio, um dos parlamentares que participou da reunião de ontem afirmou que o objetivo do partido agora é "começar a fechar o cerco pelos depoimentos". Se for para aprovar requerimento de depoente que possa provocar mais problemas a Perillo, os tucanos não têm interesse. O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), um dos que madrugaram ontem no Senado para a reunião, contou que os tucanos se encontraram para combinar perguntas para o depoimento do ex-vereador, do araponga Idalberto Matias, o Dadá, e Jairo Martins.
Delta
A polêmica do requerimento de convocação dos governadores só pode ser contornada se a comissão aprovar requerimento dando preferência a texto do senador Alvaro Dias (PSDB-PR) que lista o nome dos três chefes de Executivo — Perillo, Sérgio Cabral Filho (PMDB-RJ) e Agnelo Queiroz (PT-DF) — no mesmo documento, para que o tucano não seja o único a depor. "O PT quer circunscrever a CPI. Dos 60 da CPI, nós não chegamos a 16. Para nós não interessa ouvir um só." Para os tucanos, apenas a quebra de sigilo da Delta nacional e uma possível convocação do ex-presidente da empreiteira Fernando Cavendish poderia ampliar o assunto, que atualmente tem foco em Goiás.
O líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR), nega que o encontro no cafezinho do Senado tenha sido uma reunião institucional do partido para discutir a atuação na CPI. "Pode ter tido encontro de alguns, mas não foi uma reunião de liderança."
Sem votação
Na sessão de ontem, o único tucano que defendeu abertura de sessão administrativa para votar requerimento de convocação dos governadores foi o deputado Fernando Francischini (PR). A bancada do PT também não se arriscou em aprovar nenhum requerimento e o fim da sessão foi esvaziado, deixando para a próxima terça-feira decisão sobre a participação dos governadores na comissão.
Josie Jeronimo - Correio Brasiliense
O PSDB fez um balanço dos primeiros trabalhos da CPI criada para investigar os elos do bicheiro Carlinhos Cachoeira e chegou à conclusão de que, até agora, o partido é o maior prejudicado. E para proteger o governador de Goiás, Marconi Perillo, os tucanos vão abrir mão da investigação. Em vez de trabalhar para aprovar requerimentos de convocações de integrantes e de envolvidos com a quadrilha de Cachoeira, os correligionários de Perillo apostam no aprofundamento de dados do inquérito, dando ênfase ao envolvimento da Delta Construções em âmbito nacional e na influência do bicheiro em órgãos do governo federal.
Na manhã de ontem, 11 tucanos — quatro senadores e sete deputados — se encontraram às 7h30 no cafezinho do Senado para combinar estratégia de condução do depoimento de comparsas de Cachoeira na CPI e de participação na sessão administrativa de votação de requerimentos para evitar a convocação de Perillo. A conversa secreta foi municiada por um envelope repleto de documentos elaborados pela assessoria parlamentar da Câmara com informações que pudessem ampliar para o plano nacional as questões direcionadas aos comparsas de Cachoeira que atuavam em Goiás.
No encontro, os parlamentares chegaram a um consenso de que os depoimentos de integrantes da quadrilha tendem a fragilizar mais a situação de Perillo do que de outros envolvidos. Citaram o exemplo do ex-vereador Wladimir Garcez. Apesar de o ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia ter sido flagrado fazendo lobby para empresas farmacêuticas de Cachoeira, é a história do suposto pagamento da casa do governador com cheques da Delta, informação dada por Garcez, que prevalece no noticiário (leia matéria abaixo).
Ao Correio, um dos parlamentares que participou da reunião de ontem afirmou que o objetivo do partido agora é "começar a fechar o cerco pelos depoimentos". Se for para aprovar requerimento de depoente que possa provocar mais problemas a Perillo, os tucanos não têm interesse. O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), um dos que madrugaram ontem no Senado para a reunião, contou que os tucanos se encontraram para combinar perguntas para o depoimento do ex-vereador, do araponga Idalberto Matias, o Dadá, e Jairo Martins.
Delta
A polêmica do requerimento de convocação dos governadores só pode ser contornada se a comissão aprovar requerimento dando preferência a texto do senador Alvaro Dias (PSDB-PR) que lista o nome dos três chefes de Executivo — Perillo, Sérgio Cabral Filho (PMDB-RJ) e Agnelo Queiroz (PT-DF) — no mesmo documento, para que o tucano não seja o único a depor. "O PT quer circunscrever a CPI. Dos 60 da CPI, nós não chegamos a 16. Para nós não interessa ouvir um só." Para os tucanos, apenas a quebra de sigilo da Delta nacional e uma possível convocação do ex-presidente da empreiteira Fernando Cavendish poderia ampliar o assunto, que atualmente tem foco em Goiás.
O líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR), nega que o encontro no cafezinho do Senado tenha sido uma reunião institucional do partido para discutir a atuação na CPI. "Pode ter tido encontro de alguns, mas não foi uma reunião de liderança."
Sem votação
Na sessão de ontem, o único tucano que defendeu abertura de sessão administrativa para votar requerimento de convocação dos governadores foi o deputado Fernando Francischini (PR). A bancada do PT também não se arriscou em aprovar nenhum requerimento e o fim da sessão foi esvaziado, deixando para a próxima terça-feira decisão sobre a participação dos governadores na comissão.
Josie Jeronimo - Correio Brasiliense
Caro Dr. Sobreira,
ResponderExcluiré histórico e recente que CPI não chega à conclusão sobre o motivo de sua criação. Servem, primeiro, de holofote para promover políticos obscuros ou mal cotados e, além disso, para revelar alguns podres dos envolvidos, que mais tarde se convertem em moeda de barganha para negociatas, pomposamente chamadas de acordos.
Também é conhecido que nem sempre eles combinam com a imprensa e, em consequencia, muitas dessas podridões vazam., ou transbordam por não caberem nos recepientes.
Contudo alguns ganhos efetivos sempre acontecem.
Por exemplo, a Delta deixa de servir de "laranja" para os governos federal e de alguns estados; pela quebra de seu sigilo, virão à tona, imoralidades e ilegalidades sepultadas nos contratos com o PAC;Sergio Cabral, no vácuo, pode ter encerrado a carreira política e parar de posar de "bibelô" do Planalto; o Mensalão, que caminhava para prescrição com possibilidade de arquivamento ao contrário de ser banalizado para favorecer os réus, ganhou consistencia nos protestos populares e mexeu com ministros do STF, inclusive o presidente, e começou a ser considerado como irreversível e da maior gravidade.
Infelizmente, nós - povo - sempre renovamos o sonho de restauração plena da moralidade e acabamos por nos decepcionar com a desfaçatez de nossos dirigentes e repetimos a ilusão nesta CPMI. Erro de avaliação nosso.
Mas, caindo na real, não devemos, em hipótese alguma, alimentar a lavagem cerebral dos governantes na propagandoa de que "a CPMI não vai dar em nada".. Não adiante, o Brasil é assim mesmo".
Por mínimos que sejam, os resultados positivos devem ser considerados como mais uma volta no parafuso. Só assim, nós vamos mudar esse país!