Apesar da confirmação do isolamento do vírus 4 da dengue no País, que não era detectado oficialmente nos últimos 28 anos, é o sorotipo 1 que preocupa a curto prazo, pois é ele o causador da epidemia atual em 13 Estados brasileiros.
Segundo o último informe sobre dengue do Ministério da Saúde, do mês passado, a reemergência do vírus 1 gerou a alta incidência de dengue atual em Estados como Acre, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rondônia e Roraima e ameaça o Rio, Espírito Santo, Amapá e Bahia, onde começou a chegar.
De acordo com a pasta, esses últimos Estados "já evidenciaram alteração no padrão de circulação viral, com aumento de isolamentos positivos para o sorotipo DEN-1, reforçando a necessidade de alerta dos sistemas de vigilância para a possibilidade de aumento da transmissão".
Todas as vezes em que há "troca" do vírus predominante, ou um novo vírus, há risco de epidemias porque parte da população não está imune a ele. Além disso, casos graves podem aumentar porque estão relacionados a sucessivas infecções por diferentes vírus da doença.
O País registrou até agora 788.809 casos de dengue, um aumento de 159% em relação a 2009, com 367 óbitos (crescimento de 68%), mas há tendência de redução de registros nos oito municípios que concentram quase um terço das notificações.
Efeitos e baratas. De acordo com especialistas, os efeitos da "chegada" do novo vírus 4, que infectou três pessoas em Boa Vista (RR), só poderão ser avaliados provavelmente na próxima temporada de dengue, que começa em janeiro do próximo ano e vai até julho. Eles explicam ainda que um possível aumento de casos pelo vírus novo não necessariamente ocorrerá nos locais de epidemia atuais. "Não dá para prever, isso depende de uma série de fatores que não podemos controlar", afirma o infectologista Liz Jacintho da Silva, da Unicamp. Entre os fatores, os índices pluviométricos, as ações de prevenção, o comportamento do transmissor do vírus, o mosquito Aedes aegypti.
"As ações preventivas também não são diferentes das já adotadas", acrescenta o epidemiologista Expedito Luna, da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Eliminar focos de água parada e dar destino correto ao lixo ainda são ações preventivas. No entanto, para Jacintho, é cada vez mais claro que deve ser priorizada financeiramente a preparação dos profissionais e unidades de saúde para evitar mortes. "É semelhante a querer eliminar as baratas. O mosquito é mais adaptado ao ambiente do que nós e o que se consegue é apenas reduzir sua presença", afirmou o especialista.
Panorama
51,2% dos casos de dengue estão atualmente no Sudeste
187.460 registros ocorreram em SP, maior número absoluto de casos
20 das 27 Unidades da Federação apresentaram aumento de casos de dengue em 2010 em relação a 2009
Ag.Estado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário