Villas-Bôas Corrêa
REPÓRTER POLÍTICO DO JB
Sem liberdade de imprensa não há democracia. Este é um velho truísmo que a história do mundo civilizado tem confirmado, sem exceção. E é o que assusta na guinada de Lula, em plena campanha pela censura à imprensa. Logo o Lula que deve muito da sua ascensão vertiginosa à ampla cobertura da imprensa. A indignação sincera ou fingida não encontra explicação na evidência dos fatos: a disparada da candidata de Dilma Rousseff, favorita absoluta em todas as pesquisas – enquanto o candidato oposicionista, o tucano José Serra, patina em índices medíocres – tem sido alimentada pela ampla cobertura da imprensa.
E a sarna é contagiosa. Chega às universidades, às lideranças que se mobilizam para a anunciada passeata em defesa da censura à imprensa. Este surto saudosista da ditadura do Estado Novo, com o Departamento de Imprensa e Propaganda – o DIP – com censores catando desobediência para a punição mortal do corte da liberação de papel, e que durante a ditadura militar dos 20 anos dos generais presidentes, chegou aos extremos de prisões, agora é liderado por estudantes, jornalistas e oficializado com o apoio do Lula, da ministra- candidata Dilma Rousseff, que faz tudo que seu mestre mandar e a receptividade de uma parcela da opinião pública.
O “Ato contra o golpismo midiático”, convocado para hoje, em São Paulo, por centrais sindicais, por sindicatos, pelos partidos governistas e os chamados movimentos sociais, é um arrepiante retrocesso na nossa frágil democracia, fragilizada pelos escândalos nos três poderes. O PT não faz por menos: acusa a imprensa de castrar o voto popular e deslegitimizar as instituições. O motivo verdadeiro, de transparente evidência, não é mencionado: o tsunami de denúncias de corrupção na Casa Civil da Presidência da República. O PT assume a decisão de convocar a passeata, com o apoio de sindicatos e movimentos populares.
CUT, Força Sindical, CTB, MST e UNE, os óbvios parlamentares do PT, PCdoB, PSB e PDT da coligação que apoia a candidata Dilma estarão presentes. Lula lançou o brado retumbante: “A população não precisa mais de formadores de opinião”. E no grito às margens do córrego: “Nós somos a opinião pública”. O ato cívico pró-ditadura será realizado no auditório do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo e é patrocinado por “blogueiros progressistas”.
Se há uma coisa de que Lula, a candidata Dilma e o governo não podem se queixar é de falta de publicidade. Pois Lula é o presidente com mais poderoso e milionário sistema de publicidade desde o DPI e a ditadura militar. Com a competência de Franklin Martins, a TV Educativa, crismada de TV Brasil, vive a sua melhor fase, com excelente noticiário, além, da programação renovada. Toda a semana, Lula manda o seu recado pela rede de emissoras de rádio e distribui um artigo para os jornais e revistas. A verdade, que se oculta atrás da cortina transparente, é que o presidente Lula, a candidata Dilma Rousseff, o PT e aliados necessitam desviar a atenção do país, às vésperas do primeiro turno das eleições, em 3 de outubro, do escândalo que explodiu como bomba atômica no Gabinete Civil da Presidência da República, envolvendo a sucessora da candidata Dilma, Erenice Guerra, em março e demitida na semana passada pela denúncia do tráfico de influência no governo, com envolvimento de sua família.
Nada que uma passeata não abafe e jogue na cesta do esquecimento
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