É curioso, para não dizer ridículo, que o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo ceda a sua sede para uma manifestação contra a liberdade de imprensa. Pois foi isso o que ocorreu anteontem quando algumas entidades que explicitamente apóiam e são apoiadas pelo Governo Lula - CUT, MST e UNE - se reuniram com o PT, PC do B, PDT e PSB para lerem um manifesto que denuncia o "golpismo midiático", expressão que foi traduzida como sendo as "ações eleitorais" que estariam sendo promovidas por alguns veículos de imprensa.
Para entender melhor o que seria esse tal de "golpismo midiático", é oportuno ler a palestra que José Dirceu, o "grande líder" na visão dos petistas, fez em um encontro com os petroleiros na Bahia na semana passada. Dirceu, com a desenvoltura de quem poderá ser um dos homens fortes de um novo Governo do PT, disse que "o problema do Brasil é o abuso do poder de informar".
Lula, que nesta campanha deixou de ser presidente da República para ser chefe partidário, em um comício em Campinas, sábado passado, também atacou "alguns jornais e revistas" que, para ele, "se comportam como se fossem um partido político". E, para não deixar dúvidas sobre o poder que detém, ou pensa deter, em suas mãos - poder que se mostra capaz de levar a sua candidata, que nunca disputou uma eleição sequer e que há poucos dias não era sequer conhecida pela grande maioria do eleitorado, à liderança das pesquisas de intenção de voto - concluiu: "Nós somos a opinião pública!".
Contra o que, especificamente, clamam os manifestantes de São Paulo, José Dirceu e Lula? Clamam contra o noticiário que revela que pessoas ligadas ao PSDB, inclusive a filha e o genro de um dos candidatos a presidente da República, tiveram o seu sigilo fiscal quebrado por funcionários filiados ao PT. Clamam contra as notícias que desnudaram o tráfico de influência, o nepotismo e a corrupção presentes em gabinetes do Palácio do Planalto.
Mas por que o protesto, se o próprio secretário da Receita Federal admitiu o crime de quebra de sigilo fiscal combinado com o uso de documentos falsos, fatos comprovados também pela Polícia Federal? Como se queixar da divulgação dos escândalos do tráfico de influência e corrupção se eles já foram comprovados a ponto de resultar no afastamento de uma ministra e de vários dirigentes de empresas estatais?
Na lógica dos manifestantes de São Paulo, José Dirceu e Lula, todas essas notícias não passam de "ações eleitorais" que não têm outro propósito senão o de prejudicar a campanha da candidata do Governo à presidência da República. Candidata, aliás, que foi a responsável pela indicação da ministra recém-afastada que era sua "pessoa de confiança" há muitos anos.
Contudo, não é surpreendente que os manifestantes de São Paulo, José Dirceu e Lula critiquem a liberdade imprensa. Já por várias vezes o PT e Lula tentaram controlar a imprensa através de propostas que falam do "controle social" dos meios de comunicação e a criação de um conselho para monitorar os jornalistas e um "ranking", a ser elaborado por "comitês", com os nomes dos veículos de comunicação "que cometem violações" aos direitos humanos.
O surpreendente é que essas pessoas, que pretendem ferir o mais essencial dos direitos fundamentais do ser humano, consagrado na Declaração Universal de 1948, que é a liberdade de expressão, ainda ganhem o apoio e o aplauso de partidos e lideranças que se dizem democráticos e defensores da livre iniciativa e dos valores republicanos.
José Carlos Corrêa escreve nesta coluna aos sábados.
A Gazeta
O QUE MAIS ME SURPREEENDEU FOI VER ERUNDINA BUFANDO CONTRA A LIBERDADE DE IMPRENSA QUANTO SENTIU NA PELE O PATRULHAMENTO DO PT EM SUA GESTÃO COMO PREFEITA DA CIDADE DE SÃO PAULO.
ResponderExcluirSerá que a Carta Capítal, do lulo petista Mino Carta, é um dos protestados? Será ela um desses veículos de imprensa que estão promovendo "ações eleitorais"? Ou não? A favor pode, né? Vai ver que o problema não é a ação eleitoral em si que incomoda, mas sim ela ser contra Lula e seus sequazes, e sua incompetente candidata.
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