A PONTA DO ICEBERG.

Não é de hoje que o aparelhamento do Estado brasileiro por quadros oriundos do sindicalismo petista tem sido denunciado. Aparelhamento que se estendeu também a apaniguados de outros partidos da base aliada do Governo Lula. As denúncias já apontaram o aparelhamento partidário dos cargos públicos como o responsável pela queda de eficiência dos Correios, pelo desvirtuamento das finalidades do Ipea, pela direção errática da Petrobras, entre outras ineficiências do Estado brasileiro, sem contar os mensalões que enlamearam a nossa República.


Não é de hoje, também, que o PT se utiliza de "golpes baixos" contra os adversários para tentar enfraquecê-los e, com isso, turbinar as probabilidades de vitória dos seus candidatos. No episódio dos aloprados, conhecido dessa forma por terem os protagonistas sido assim chamados por Lula, dois petistas foram flagrados em um hotel de São Paulo com R$ 1,7 milhão em dinheiro vivo destinado a comprar um falso dossiê contra os então candidatos ao governo, José Serra, e presidente, Geraldo Alkmim.

Outra tentativa de armar um "golpe baixo" foi denunciada em junho por um delegado aposentado da Polícia Federal que foi convidado por pessoas ligadas ao PT para espionar José Serra. O encontro ocorreu em abril em um restaurante em Brasília quando foi oferecido ao delegado R$ 1,6 milhão pelo trabalho. Uma semana antes da denúncia a revista "Veja" havia noticiado que um dossiê contra Serra estava sendo montado pelo comitê de Dilma.

Aliás, foi através de um dossiê elaborado pelo PT, denunciado em abril pela "Folha de São Paulo", que o Brasil conheceu dados da declaração do Imposto de Renda do vice-presidente do PSDB Eduardo Jorge, fato que desencadeou a revelação de que várias outras pessoas ligadas a José Serra também tiveram suas declarações de renda violadas.

O aparelhamento da Receita Federal já vinha sendo denunciado desde o ano passado quando Lina Vieira - que, aliás, havia sido nomeada por motivos políticos para substituir Jorge Rachid - foi demitida por, como chegou a denunciar na ocasião, ter se recusado a colocar a repartição a serviço do projeto político do PT. Lina foi quem se negou a atender a um pedido da então ministra Dilma Rousseff de interferir politicamente em um processo que envolvia o filho de José Sarney.

O atual episódio de violação do sigilo fiscal de várias pessoas ligadas a José Serra, entre as quais a sua filha, é o resultado dessas duas anomalias, de um lado o aparelhamento da Receita Federal e o seu atrelamento a um projeto político-partidário, e de outro a obsessão pelos dossiês e por espionagens do PT. A tentativa de acobertamento dos fatos coloca o secretário da Receita Otacílio Cartaxo na posição vexatória de ter, a cada dia, que admitir um crime a mais, na medida em que se tornam insustentáveis as versões anteriores de que o episódio nada tem de político.

Que a Receita Federal deixou de ser um órgão respeitável com alto nível de credibilidade, ninguém tem mais dúvidas. Que o secretário Cartaxo já deveria ter sido afastado desde o momento em que ficou constatado que o órgão que dirige está fora de controle, também ninguém duvida. E que o ministro da Fazenda peca, no mínimo, por omissão, está mais do que evidente. O que parece certo, também, é que o escândalo da Receita Federal pode ser apenas a ponta de um iceberg de tantos outros infelizes filhotes do aparelhamento do Estado brasileiro patrocinado por Lula e por seus companheiros aloprados.

fonte: http://bit.ly/9Zch2v