sábado, 24 de abril de 2010

A MEDICINA DO FUTURO.

Aprendemos desde cedo na Faculdade, que a anamnése(história, investigação) é fundamental para um bom diagnóstico e essencial no relacionamento médico/paciente. È ouvindo o relato dos sintomas e observando os sinais que o médico vai definindo mentalmente as possibilidades diagnósticas. Naturalmente os exames complementares são importantes e o avanço tecnológico muito bem vindo. O que acontece é que com a achatamento salarial da categoría, cada vez mais se precisa de vários empregos para proporcionar uma renda compatível com a qualidade de vida que a responsábilidade da profissão exige. Em outras palavras, significa ter vários empregos e atender a muitos pacientes em pouco tempo, inviabilizando a possibilidade de uma consulta mais humanizada.


A solução encontrada foi requisitar cada vez mais os exames complementares, na ânsia de substituir a anamnése com evidente prejuízo de todos. Perde o paciente porque se sente menosprezado, perde o médico porque não adquire a confiança e a cumplicidade do doente e principalmente perde o sistema, já que os exames demandam um custo que na maioría das vezes podería ser economizado.

O exame físico, também indispensável, está relegado a segundo plano, substituído pelos modernos exames e por demandar um tempo maior com o paciente. Some-se a isso a insensibilidade da maioría dos gestores que preferem gastar fortunas com exames à contratarem mais profissionais, some-se ainda o lobby da industría farmacêutica, das clinicas de diagnóstico por imagem e dos laboratórios e teremos uma imagem bem real da medicina atual.

Jovens médicos estão saindo das faculdades e das residências médicas com essa mentalidade "moderna". Temos testemunhado situações que beiram aos limites da irracionalidade como, pedido de Ressonância Magnética para diagnóstico de uma simples lombalgia, Endoscopia digestiva ao menor sinal de desconforto gástrico, ultrassonografias para qualquer atrazo menstrual e por aí vai, podería escrever um livro sobre esses procedimentos, que na maioría das vezes se resolveriam com uma simples anamnése e um exame físico bem feito. Mas isso léva tempo e tempo é dinheiro. Previlegia-se a quantidade em prejuízo da qualidade.

A profissão de médico, como a conhecemos hoje está condenada à extinção. Chegará o tempo , felizmente não viverei para ver, em que o paciente entrará numa máquina e sairá com o diagnóstico, o tratamento de sua doença e um lembrete: "SEU PRAZO DE VALIDADE EXPIRA EM ...............

3 comentários:

  1. Muito perspicaz esta crítica que o senhor faz aos meios utilizados pelos médicos "modernos" para diagnosticar as doenças. Nada substitui a experiência!

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  2. Eu acho que há outro motivo para tantos exames complementares: A MEDICINA DEFENSIVA.
    O diagnóstico da Síndrome do intestino irritável sempre foi clínico, baseado nos critérios de Roma. Mas hoje em dia não posso me dar ao luxo de deixar passar um pólipo assintomático, que na visão do juiz que poderá vir a julgar meu caso de negligência, poderia ter sido diagnosticado com uma simples colonoscopia.
    É lamentável, mas é a medicina defensiva moderna...

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  3. infelizmente tem muito disto por aí.um médico pediu um monte de exame para o sobrinho da minha empregada. menos o de fezes. e a criança tinha era verme.
    um amigo tava sofrendo de dor de cabeça. dezenas de exames depois resolveu ir ao oftalmo: era problema de grau.
    infelizmente tenho dezenas de exemplos disso.

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