Iniciando na profissão com a garra , esperança e certeza de mudar o mundo, enfrentei uma situação até então inusitada. Atendendo no ambulatório do Posto de Saúde, percebi uma jovem chorando na fila de espera, achando que poderia estar com alguma dor , solicitei à atendente que a fizesse entrar na frente e para minha surpresa não quis, alegando que aguardaria o final porque o que tinha pra me falar era muito sério. Claro que fiquei curioso e confesso que não via a hora de atende-la. Depois de mais de duas horas de espera, enfim chegou sua vez e ao entrar no consultório, sentou-se e derramou-se em lágrimas. Esperei pacientemente que se acalmasse , quando então me descreveu a seguinte situação.
-Dr, tenho 15 anos , estou grávida e o Sr. precisa me ajudar a fazer um aborto pois além de não ter condições de criar essa criança, meu pai vai me expulsar de casa, pois tenho certeza que não vai aceitar a minha situação. Nesta altura, meu horário já tinha terminado e tinha que almoçar para começar outro serviço, mas resolvi dar-lhe atenção e depois de uma longa conversa e alegações de que nada justificava sua atitude, além de ser crime previsto em lei, me ofereci para contar e conversar com os pais dela o que de inicio foi retrucado por ela, alegando que não ia adiantar, mas que diante da minha insistência, por fim concordou. Prometi fazer seu pré-natal e ajuda-la em tudo que fosse possível.;
Mãe chorosa, pai revoltado e a princípio irredutível, precisei de muito argumento e certa pressão para após longa e cansativa conversa, conseguir que a filha permanecesse em casa por um certo tempo e depois iriam envia-la para casa de uma tia. Voltei a atende-la por mais duas ou três vezes e depois perdi contato.
Passaram-se anos e num sábado, descansando em casa fui avisado que uma moça queria me falar, como de costume preparei-me para mais uma consulta, fato muito comum no interior e principalmente porque eu era o único médico do município. Qual não foi a minha surpresa ao vê-la com um menino de uns 7 anos e uma garotinha no colo.
-Vim agradecer-lhe e apresentar o Marco Antonio e essa aqui é sua irmãzinha.
Confesso que as lágrimas vieram-me aos olhos, nem tanto pelo fato do menino ter o meu nome, mas sim porque ali estava uma vida que só foi possível porque um dia, em final de expediente, não me omiti perante o drama daquela jovem.
Hoje, o Marco tem quase 30 anos, reside em minha cidade, casado, é pai de duas lindas garotas.Toda vez que o vejo, agradeço a Deus por ter-me feito médico e penso sempre que o aborto não impede somente o nascimento de uma vida, mas de toda uma geração.
Já não penso em mudar o mundo, mas continuo acreditando e lutando por um Brasil melhor e mais justo para as futuras gerações.
Simplesmente maravilhoso.
ResponderExcluirParabéns!
Que exemplo maravilhoso de defesa da vida, Dr.! Que honra ser teu amigo, te seguir, te admirar!
ResponderExcluirEu sou totalmente contra o aborto e pró-vida em todas situações, continue assim.
ResponderExcluirUma lição de vida!!!
ResponderExcluirParabéns pelos bons princípios!!!
Seu ato foi de uma grandeza infitina e isso é indiscutível. Mas acho que não tem de se tirar o direito de quem quer abrir mão de ser mãe. Acredito que deve-se sim legalizar o aborto, para que não morram mais meninas inocentes e ignorantes em clinicas de aborto que são verdadeiros açougues, e ainda por cima deixando sequelas nas mesmas. É preciso parar com toda essa hipocrisia catolica, é preciso educação e orientação. Mas todos nos sabemos, que mesmo com tudo isso, nada disso vai deixar de existir. Pais atentos, coesos e equilibrados podem tranquilamente lidar com uma situação dessas. Mas... e nossa população normal que passa dificuldade? Haja amor no coração e na alma para aceitar tranquilamente uma gravidez de uma filha de 15 anos não é mesmo? Definitivamente, coração dos outros é terra que ninguem conhece.
ResponderExcluirGrande Abraço!!!
Quem quer abrir mão de ser mãe, não ter sequeles com um aborto mal feito, ou não parar em um açougue, é distribuído gratuitamente em Posto de Saúde de todo o Brasil preservativo, camisinha, pílula do dia seguinte.
ExcluirEu não sei o que leva uma pessoa ser a favor do aborto, tão pouco, lutar por uma causa tão nefasta. Mas sei o transtorno que há em países que legalizaram o mesmo. Transformaram o aborto em método contraceptivo.
Lembrando que foi justamente esta hipocrisia católica que salvou a vida de mulheres.
Não tem nada que reduza a mulher a NADA que a luta pelo aborto. Mostra apenas que a mulher não tem capacidade a nada nem de cuidar do próprio corpo. Em pleno século XXI, com tantos métodos contraceptivos sendo distribuídos de graça, clamar pelo aborto é assinar o atestado de incapacidade perante a si mesma.
Não vejo o aborto como uma luta pela liberdade feminina, mas sim, um clamor pelo direito a IRRESPONSABILIDADE.
Portanto, vamos acordar para vida e não vamos tratar o aborto, como se fosse tirar um dente.
Confesso lhe que as lágrimas tomaram meu rosto neste momento. Estou aqui com os olhos "marejando" e só tenho a lhe agradecer pelo o que o senhor fez e desejar que todos os médicos que estão se formando agora, iniciem na profissão com este mesmo ideal humanitário que o senhor possui. Nós lhe somos gratos por tudo que fez e faz na medicina. E lhe asseguro uma coisa, sempre quando há um caso de aborto criminoso aqui na comarca, peço a pena máxima para todos os envolvidos e vou até as últimas conseqüências. Aborto é um dos crimes mais covarde que existe!
ResponderExcluirQue lição de vida! Muito bem escrito!
ResponderExcluirFantástico exemplo de caráter e amor ao próximo.
ResponderExcluirInfelizmente é a exceção e não a regra que norteia a maioria dos profissionais. Parabéns, pela coragem e por fazer jus ao juramento dos médicos!
Abraço,
BetoMilfont13
Parabéns por fazer o que os médicos são chamados a fazer: salvar vidas!
ResponderExcluirDr.Marco, saber que hoje tenho o prazer de trocar informações, observações e pontos de vista com uma pessoa do seu nível e status moral já me honrava por demais, mas aos poucos vou lhe conhecendo e a honra deriva para a admiração. Se o nosso querido Brasil tivesse mais profissionais como o Sr: certamente estariámos, todos, muito melhor. O Sr: dignifica uma profissão tão fundamental, diria vital, é um exemplo para seus seguidores, seus amigos e sua familia são privilegiados e seus clientes agradecidos, certamente, e eu, modesto e humilde cidadão, me emociono e agradeço por tê-lo por perto, apesar da distância e de não nos conhecermos pessoalmente sou grato pela distinção de sua atenção!
ResponderExcluirNossa fiquei emocionada tbém...!! Vc foi iluminado na sua profissão...a pessoa certa no lugar certo. Vivemos assim sem politicas públicas...!!! Pessoas como vc e que ajudam a fazer c/ que as coisas andem.... Parabéns,vc é GRANDE... Vera
ResponderExcluirSou contra o aborto e acredito que se o combate assim. Com humanidade, carinho, respeito. jamais com cadeia.
ResponderExcluirPor isto sou a favor da descriminalização.
Dr. confesso q já passei por situação parecida com a dessa sua paciente. Pena que não encontrei no meu caminho um Dr. Marcos. Parabéns por saber honrar a sua profissão e ir além dela, como fez ao ir até a casa dos pais da paciente fazer com que eles aceitassem algo tão lindo, mas que para muitos pais parecem ser uma falta de honra para a família. Cada dia lhe admiro e respeito mais.
ResponderExcluirEmocionante, meu doutor! Parabéns!
ResponderExcluirObrigada por compartilha sua linda estoria de vida, e deixar a mensagem
ResponderExcluirLuz e Sabedoria, bjs
Renata Arruda
@fuxicosretalhos
Fui às lágrimas!
ResponderExcluirLinda história! E meu muito obrigado por salvar esta criança e dar-lhe a oportunidade de viver.
Minha sogra casou-se novinha, com 17 e poucos anos, voltou grávida da lua-de-mel. Logo depois de ter meu marido, engravidou de novo. Isso foi em 1957.
ResponderExcluirCom meu sogro mal ganhando para pagar o aluguel, viu-se presa do medo de não poder sustentar 2 crianças.
Abortou nas mãos de uma sabida qualquer e quase morreu. Por dois anos esteve de cama e não pode criar o filho. A besteira a fez perder o útero e não pode mais ter filhos.
Hoje ela chora sentidamente a filha que abortou e certamente tem problemas emocionais e mentais por causa disso.
Acuso quem aborta? NÃO MESMO!
Acuso nossa sociedade ignorante, nosso governo que não apóia mulheres em situação de desespero.
Acho o aborto uma solução? NÃO MESMO!
A vida é a solução! A coragem é a solução! Em 2010, usar o aborto como a solução para a gravidez indesejada é um crime e uma ignor[ancia!
Em 1957 talvez essa fosse mesmo a única solução! Hoje em dia não!
Devemos honrar aqueles que dão sua vida por uma vida. Este é o maior amor que existe na humanidade. Vejam, os bandidos não perdem tempo de tirar uma vida, mas Deus nos dá vida em abundancia.
ResponderExcluirBelo texto caro colega. Estou convencido que essa é a postura que todos nós deveríamos ter frente a tal situação. Acolher, acolher sempre! Acolher até mesmo aquelas que desafortunadamente não tiveram o apoio ou a solidariedade por você apresentada e optou por um caminho aparentemente "mais fácil". Conhecemos bem a história do dia de amanhã. Que todos nós, médicos e não médicos possamos continuar compreendendo e assumindo a defesa intransigente da vida, em todas as suas dimenssões. Um grande abraço!
ResponderExcluirQue Jesus o abençõe sempre. O mundo precisa de mais pessoas iguais a você. Seu exemplo é invejável e louvável.
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