Uma onda de "devastação política" passou ontem por cima da cidade de Fundão, palco de uma operação batizada de Tsunami. Logo no início da manhã, a população pôde ver metade do primeiro escalão da prefeitura trocar os próprios gabinetes por uma cela comum.
Realizada pelo Ministério Público Estadual (MPES), em parceria com a Polícia Civil e a Polícia Militar, a operação cumpriu 26 mandados de busca e apreensão e pôs atrás das grades doze pessoas, incluindo seis dos 13 secretários municipais, dois funcionários públicos, dois empresários e, ainda, dois vereadores da base do prefeito Marcos Moraes, o Marquinhos (PDT). Todos estão em prisão temporária (por cinco dias).
O prefeito não saiu ileso da operação: à tarde, o MPES ofereceu à Justiça ação de improbidade administrativa contra Marquinhos e o vice-prefeito, Ademir Loureiro (PSC), pedindo o afastamento deles dos respectivos cargos. Na ação, que ainda atinge alguns dos detidos e a empresa Ambiental, o pedetista é acusado de ser o líder do esquema alastrado na prefeitura.
Todos os secretários presos comandam pastas importantes: Saúde, Educação, Administração, Obras e Turismo. A sexta é a chefe da Controladoria-Geral de Fundão. As fraudes praticadas pela suposta quadrilha foram denunciadas inicialmente pelo bloco de vereadores de oposição ao prefeito - cinco dos nove na Câmara. Os ilícitos iriam de contratação sem licitação de empresa para cuidar da coleta de lixo da cidade a superfaturamento de festas.
Todos os presos foram encaminhados ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Aracruz, exceto a controladora geral, levada para o Presídio Feminino de Tucum. (Com colaboração de Nuno Moraes e Eduardo Fachetti)
"Descaso com o dinheiro público chama a atenção"
Com pouco mais de 16 mil habitantes e orçamento modesto (R$ 29,4 milhões em 2009), a cidade de Fundão praticamente parou ontem por causa da movimentação. Os 26 mandados de busca e apreensão e os 12 de prisão foram cumpridos em Vitória, Serra, Fundão, Praia Grande e Timbuí, desde as 4 horas da manhã. O comando da operação foi do promotor de Justiça Fábio Halmosy Ribeiro. "O que mais nos chamou atenção nessa investigação foi o total descaso com o dinheiro público. O dinheiro do royaltie que devia está servindo para melhorar a Educação, Saúde e outras áreas prioritárias estava sendo usado para diversas fraudes", disse o promotor. Segundo ele, as prisões temporárias poderão ser prorrogadas, caso haja necessidade.
R$ 900 mil por mês de royalties desviados
Mais prisões. Também foram detidos o subsecretário de Administração, Antônio Augusto Cole, e o diretor de transporte escolar, João Magno Graziotti; os vereadores Eloísio Tadeu Rodrigues Fraga (PRB) e Ailson Abreu Ramos (PSC); e os empresários Jovane Luiz Nascimento Fraga e Ary Bartolomeu Pereira Júnior.
Papéis. Segundo as investigações, cada secretário estaria envolvido em fraude relativa à respectiva área.
Lixo. Uma das irregularidades constatadas foi a contratação emergencial, sem licitação há dois anos, de empresa de coleta de lixo. Para evitar a necessária licitação, seriam usados vários expedientes fraudulentos.
Mais fraudes. Também estão sendo investigados ilícitos como aluguel de veículos fantasmas pela prefeitura; licitações direcionadas para a compra de medicamentos; pagamentos superfaturados de festas do município; distribuição fraudulenta de material de construção, realizada pelo secretário de Obras e por um vereador; e contratação irregular de empresas de transporte, envolvendo um empresário e a controladora.
Rombo. O tamanho do rombo no erário não foi informado. Mas o MPES estima que pelo menos R$ 900 mil em royalties de petróleo eram desviados todo mês. As fraudes beneficiariam empresários que fizeram doações de campanha e "apadrinhados".
Sede da prefeitura fica fechada
A prefeitura ficou fechada após o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, sob alegação de que não teria condições de ter expediente. A previsão é de que as portas sejam abertas na segunda. Para dar suporte à ação, 112 policiais civis e seis delegados se deslocaram à cidade. Cerca de 50 malotes, contendo documentos, contratos e até dinheiro foram apreendidos.
População cerca a delegacia
Assim que todos os presos saíram da Delegacia de Fundão, para serem transferidos para o Centro de Detenção Provisória de Aracruz e o Presídio Feminino de Tucum, em Cariacica, foram recebidos com vaias e xingamentos, gritados por um grupo com cerca de 200 moradores de Fundão. "Vai ladrão, safado. Agora você está preso. Aproveitou do nosso dinheiro, roubou. Agora vai ficar na cadeia", gritava uma moradora mais exaltada, que não quis se identificar.
"Estavam consumindo muito dinheiro, pegavam a verba e ninguém sabia para onde ia. Todo mundo ficou surpreso. A população ficou boquiaberta com tudo isso, com o desrespeito ao dinheiro"
José Carlos de Assis, soldador
"Meu genro, o Antônio Cole, está preso e não tem nada a ver com isso. Fiquei surpresa com a prisão dele. Espero que tudo seja apurado. Se ele tiver culpa no cartório, vai ter que pagar mesmo. Os outros são uma ?cambada de ratos?"
Terezinha Nunes Costa, aposentada
Fonte: A Gazeta.
Realizada pelo Ministério Público Estadual (MPES), em parceria com a Polícia Civil e a Polícia Militar, a operação cumpriu 26 mandados de busca e apreensão e pôs atrás das grades doze pessoas, incluindo seis dos 13 secretários municipais, dois funcionários públicos, dois empresários e, ainda, dois vereadores da base do prefeito Marcos Moraes, o Marquinhos (PDT). Todos estão em prisão temporária (por cinco dias).
Segundo o MPES, todos os detidos são suspeitos de fazer parte de uma "organização criminosa", supostamente responsável por desviar verbas e fraudar licitações em Fundão. A investigação do MPES e do Núcleo de Repressão a Organizações Criminosas (Nuroc) da Polícia Civil indica que pelo menos R$ 900 mil deixavam de entrar todo mês nos cofres do município da Região Metropolitana - dinheiro vindo de royalties de petróleo. O montante total desviado, entretanto, não foi informado.
O prefeito não saiu ileso da operação: à tarde, o MPES ofereceu à Justiça ação de improbidade administrativa contra Marquinhos e o vice-prefeito, Ademir Loureiro (PSC), pedindo o afastamento deles dos respectivos cargos. Na ação, que ainda atinge alguns dos detidos e a empresa Ambiental, o pedetista é acusado de ser o líder do esquema alastrado na prefeitura.
Todos os secretários presos comandam pastas importantes: Saúde, Educação, Administração, Obras e Turismo. A sexta é a chefe da Controladoria-Geral de Fundão. As fraudes praticadas pela suposta quadrilha foram denunciadas inicialmente pelo bloco de vereadores de oposição ao prefeito - cinco dos nove na Câmara. Os ilícitos iriam de contratação sem licitação de empresa para cuidar da coleta de lixo da cidade a superfaturamento de festas.
Todos os presos foram encaminhados ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Aracruz, exceto a controladora geral, levada para o Presídio Feminino de Tucum. (Com colaboração de Nuno Moraes e Eduardo Fachetti)
"Descaso com o dinheiro público chama a atenção"
Com pouco mais de 16 mil habitantes e orçamento modesto (R$ 29,4 milhões em 2009), a cidade de Fundão praticamente parou ontem por causa da movimentação. Os 26 mandados de busca e apreensão e os 12 de prisão foram cumpridos em Vitória, Serra, Fundão, Praia Grande e Timbuí, desde as 4 horas da manhã. O comando da operação foi do promotor de Justiça Fábio Halmosy Ribeiro. "O que mais nos chamou atenção nessa investigação foi o total descaso com o dinheiro público. O dinheiro do royaltie que devia está servindo para melhorar a Educação, Saúde e outras áreas prioritárias estava sendo usado para diversas fraudes", disse o promotor. Segundo ele, as prisões temporárias poderão ser prorrogadas, caso haja necessidade.
R$ 900 mil por mês de royalties desviados
Secretários. Na Operação Tsunami, foram presos os secretários de Administração, Gleidson Demuner Patuzzo; de Educação, Uéliton Luiz Tonini (presidente municipal do PDT); de Saúde, Saulo Falchetto; de Obras, Carlos Emílio Rodrigues Gomes; e de Turismo, Milton dos Santos Filho; além da controladora-geral, Maria Aparecida Vieira Carreta.
Mais prisões. Também foram detidos o subsecretário de Administração, Antônio Augusto Cole, e o diretor de transporte escolar, João Magno Graziotti; os vereadores Eloísio Tadeu Rodrigues Fraga (PRB) e Ailson Abreu Ramos (PSC); e os empresários Jovane Luiz Nascimento Fraga e Ary Bartolomeu Pereira Júnior.
Papéis. Segundo as investigações, cada secretário estaria envolvido em fraude relativa à respectiva área.
Lixo. Uma das irregularidades constatadas foi a contratação emergencial, sem licitação há dois anos, de empresa de coleta de lixo. Para evitar a necessária licitação, seriam usados vários expedientes fraudulentos.
Mais fraudes. Também estão sendo investigados ilícitos como aluguel de veículos fantasmas pela prefeitura; licitações direcionadas para a compra de medicamentos; pagamentos superfaturados de festas do município; distribuição fraudulenta de material de construção, realizada pelo secretário de Obras e por um vereador; e contratação irregular de empresas de transporte, envolvendo um empresário e a controladora.
Rombo. O tamanho do rombo no erário não foi informado. Mas o MPES estima que pelo menos R$ 900 mil em royalties de petróleo eram desviados todo mês. As fraudes beneficiariam empresários que fizeram doações de campanha e "apadrinhados".
Sede da prefeitura fica fechada
A prefeitura ficou fechada após o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, sob alegação de que não teria condições de ter expediente. A previsão é de que as portas sejam abertas na segunda. Para dar suporte à ação, 112 policiais civis e seis delegados se deslocaram à cidade. Cerca de 50 malotes, contendo documentos, contratos e até dinheiro foram apreendidos.
População cerca a delegacia
Assim que todos os presos saíram da Delegacia de Fundão, para serem transferidos para o Centro de Detenção Provisória de Aracruz e o Presídio Feminino de Tucum, em Cariacica, foram recebidos com vaias e xingamentos, gritados por um grupo com cerca de 200 moradores de Fundão. "Vai ladrão, safado. Agora você está preso. Aproveitou do nosso dinheiro, roubou. Agora vai ficar na cadeia", gritava uma moradora mais exaltada, que não quis se identificar.
"Estavam consumindo muito dinheiro, pegavam a verba e ninguém sabia para onde ia. Todo mundo ficou surpreso. A população ficou boquiaberta com tudo isso, com o desrespeito ao dinheiro"
José Carlos de Assis, soldador
"Meu genro, o Antônio Cole, está preso e não tem nada a ver com isso. Fiquei surpresa com a prisão dele. Espero que tudo seja apurado. Se ele tiver culpa no cartório, vai ter que pagar mesmo. Os outros são uma ?cambada de ratos?"
Terezinha Nunes Costa, aposentada
Fonte: A Gazeta.
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