Receita explosiva – Incoerência e blefe são dois ingredientes constantes na política, principalmente quando se aproximam os períodos eleitorais. Desde que criou o neonato PSD, o prefeito Gilberto Kassab, de São Paulo, vem tentando conquistar em termos regionais o que conseguiu com certa facilidade no Congresso Nacional, onde parlamentares engrossaram a nova legenda por questões que passam ao largo dos interesses dos cidadãos que os elegeram.
De olho na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes em 2014, Kassab se aproximou do Palácio do Planalto na esperança de contar com o apoio do PT daqui a dois anos. Com sonho absolutamente idêntico, o PT palaciano não desperdiçou a chance de ter mais aliados no Congresso, mas fez ares de desentendido em relação à sucessão de Geraldo Alckmin. Afinal, os petistas já trabalham com alguns nomes para a eleição estadual, sendo que dois deles servem apenas para confundir os adversários políticos e os eleitores.
Em razão da corrida à prefeitura de São Paulo, cuja decisão será tomada em outubro deste ano, Gilberto Kassab, que tentou se atirar no colo do PT, procurou o ex-presidente Luiz Inácio da Silva para oferecer um candidato a vice na chapa de Fernando Haddad, candidato petista imposto pelo ex-presidente. Lula e seus companheiros mais próximos de chofre recusaram a oferta, pois sabem dos interesses futuros do alcaide paulistano.
Deixando de lado o estilo maior abandonado, Kassab partiu na direção do PSDB, desta vez a bordo da soberba e da imposição. O prefeito da maior cidade brasileira ofereceu aos tucanos a vaga de vice na chapa encabeçada por um candidato do PSD, possivelmente Guilherme Afif Domingos, vice-governador de São Paulo. A desculpa para tanta arrogância foi que o Democratas, seu antigo partido, apoiou a candidatura de Geraldo Alckmin em 2010. Acontece que Kassab esquece que Alckmin, derrotado na eleição à prefeitura paulista em 2008, ajudou na sua vitória, em segundo turno, sobre Marta Suplicy. Sempre lembrando que Gilberto Kassab só chegou ao trono paulistano porque veio a reboque do tucano José Serra, pois do contrário continuaria no máximo como deputado federal. E sua reeleição só foi possível porque o índice de rejeição de Marta na capital paulista é assustador.
Gilberto Kassab, que não é estreante na política, sabe que o tucanato paulista dificilmente embarcará nessa canoa pomposa, mas furada, pois sua capacidade de interferir na sucessão municipal ficou clara em recente pesquisa do Datafolha, em que sua administração recebeu pífios 22% de aprovação. No contraponto desse enxadrismo político sem fim, Kassab não se recorda que o PT que ele tanto corteja é o mesmo de Marta Suplicy, que na campanha municipal de 2008 duvidou publicamente de sua masculinidade.
Para piorar, Gilberto Kassab não sabe, ou prefere não saber, que o PT, alvo constante de sua cobiça, é o mesmo que em 2004 tentou encomendar, sem sucesso, um dossiê contra ele, quando o agora prefeito era vice na chapa de José Serra, que derrotou Marta Suplicy na briga pela prefeitura da Pauliceia Desvairada.
Como mencionado logo no início da matéria, incoerência e blefe reinam em todos os cantos da política, mas faces lenhosas sobram aos bolhões.
Fonte: Ucho.Info
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