Em 12 de março de 2011 o Japão foi sacudido por um terremoto de 8.9 graus na escala Richter, o epicentro foi a 24km de profundidade e a 130 km da costa , provocou uma tsunami que arrasou cidades inteiras. Assistimos aterrorizados pela televisão cenas que não sairão jamais de nossas mentes, barcos e carros arrastados como se fossem de brinquedo, pontes ruindo, prédios e casas arrasadas, mais de 13000 mortos, milhares de feridos e desaparecidos, e o que preocupou grande parte do mundo, dano a reatores atômicos da usina atômica de Fukushima.
Durante semanas acompanhamos a disciplina e a organização do povo japonês em superar a calamidade, ações sérias e determinadas, respeito aos que sofrerão perdas de parentes e bens materiais, resultando em poucos meses numa completa recuperação do país e com certeza a admiração de todos nós por um povo que nos deu uma lição de organização, solidariedade e respeito aos seus semelhantes. O Governo fez a sua parte e nos deixou com inveja, principalmente se compararmos com o que aconteceu por aqui.
Região serrana do Rio de Janeiro, janeiro de 2011, fortes chuvas causaram o maior desastre natural da história do país, mais de 900 mortos, 214 desaparecidos, milhares de casas soterradas ou destruídas, estradas e pontes varridas, solidariedade do povo de todo o Brasil que se organizou e protagonizou a maior doação de alimentos, medicamentos, roupas, utensílios domésticos, roupas, água, enfim tudo o que podia ser doado, mas as semelhanças com a tragédia japonesa termina por aí.
Passado exatamente um ano do desastre, o que lamentavelmente constatamos é que o povo continua sofrendo, o governo não fez a sua parte, não reconstruiu as casas, não cumpriu o prometido no amparo aos sobreviventes, as encostas não foram protegidas, as pontes não foram recuperadas e centenas de famílias ainda procuram seus entes queridos desaparecidos.
Os insuficientes recursos enviados pelo Governo Federal, foram em sua grande parte desviados, sumiram no ralo da corrupção, obras superfaturadas e empreiteiros que receberam por serviços não prestados abocanharam a parte do leão, sobrando migalhas para os milhares de sobreviventes que ainda são humilhados pela falta de responsabilidade de quem os governa.
É preciso dar respostas à sociedade, é preciso punir os ladrões, cassar e prender os prefeitos que foram coniventes com o assalto ao dinheiro público, é preciso reconstruir as cidades e dar ao menos dignidade aos que ainda sofrem pela falta dos que morreram e pelos bens que perderam, isso é o mínimo que esse Governo irresponsável poderia fazer, porque querer qualquer comparação com o governo japonês é impossível. É claro que temos o fator cultural, mas o respeito pelo cidadão é o que tem lá e falta aqui.
Vejamos alguns números, das quase 4000 casas prometidas, nenhuma foi construída e como disse um morador, não dá nem para morar em baixo das pontes porque elas também não existem mais, das mais de 150 destruídas, apenas 7 foram reconstruídas. O aluguel social enfrenta tal burocracia e favorecimento político que os que dele necessitam já desistiram. No segundo estado em importância da República, o abandono da população atingida é inadmissível e se este fosse um país sério teriam que ser criminalizados e colocados atrás das grades.
Novamente estamos passando pelos mesmos problemas, cidades inteiras embaixo d’agua, desespero, vidas perdidas, prejuízos incalculáveis, economia comprometida e infelizmente constatamos que nada foi feito para se prevenir a catástrofe anunciada, será assim todos os anos até que o povo aprenda a eleger políticos com uma nova visão que não seja a do aproveitamento político oportunista em cima do sofrimento do pobre cidadão brasileiro. O político brasileiro não precisa ser um japonês , mas um pouco de vergonha na cara não faz mal a ninguém.
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