terça-feira, 17 de janeiro de 2012

ELEIÇÕES EM SÃO PAULO, KASSAB ATIRA PARA TODOS OS LADOS



De olho na urna – Enquanto os moradores de São Paulo estão com os olhos voltados para o céu por causa da chuva que atinge a cidade, a disputa pela prefeitura paulistana segue silenciosa e agitada nos bastidores da política.
Quando desembarcou do Democratas para criar o PSD, o prefeito Gilberto Kassab levou a legenda para a chamada base aliada no Congresso Nacional. Com isso, o alcaide da maior cidade brasileira vislumbrou a possibilidade de turbinar sua eventual candidatura ao Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo paulista, em 2014. Para tal, Kassab sonhava com o apoio petista para enfrentar o governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Prova maior do desejo de Gilberto Kassab foi o fato de o prefeito, durante visita ao ex-presidente Luiz Inácio da Silva, ter sugerido o nome da atual vice-prefeita Alda Marco Antonio para fazer dupla com o ministro Fernando Haddad (Educação), candidato petista à prefeitura paulistana.
Enquanto os tucanos interpretaram a oferta de Kassab como um recado provocativo a Geraldo Alckmin, os petistas estranharam a atitude do prefeito e recusaram a oferta, pelo menos por enquanto. Sob a ótica da lógica a movimentação de Gilberto Kassab na direção do PT é uma aberração, pois foi a petista Marta Suplicy que na eleição de 2008 chegou a duvidar da masculinidade do prefeito.

Conhecido nas coxias da política como bom articulador, Kassab ainda não se deu por derrotado, mas é preciso reconhecer que a recusa petista foi uma ducha de água fria nas pretensões do presidente nacional do PSD. A decisão da cúpula do PT tem uma explicação tão lógica quanto histórica. Há anos sonhando com o Palácio dos Bandeirantes, o PT trabalha com antecedência para fazer do companheiro Aloizio Mercadante, atual ministro de Ciência e Tecnologia, o candidato do partido ao governo de São Paulo em 2014. E um acordo com Kassab neste ano prejudicaria os planos futuros do PT.

Acontece que nesse enxadrismo político ninguém saiu ganhando. Fernando Haddad, que tentará a prefeitura paulista em breve, é um ilustre desconhecido na capital dos paulistas, sem contar que seu carisma é inversamente proporcional aos escândalos que patrocinou no Ministério da Educação. Por conta disso, um eventual apoio de Kassab poderia reduzir o índice de rejeição de Haddad.

Em relação a Mercadante, ministro próximo da presidente Dilma Rousseff, sua atuação no Senado Federal foi no mínimo pífia. Como representante do mais importante e rico estado brasileiro, São Paulo, Aloizio Mercadante pouco ou nada fez. Sua passagem pela Câmara Alta foi marcada por ter revogado um pedido irrevogável de renúncia, quando decidiu deixar a liderança do PT na Casa legislativa. O recuo se deu de forma vexatória, após sonora carraspana do então presidente Lula da Silva.

Kassab saiu atirando para todos os lados, mas foi obrigado a recuar. Diante do insucesso da empreitada, o prefeito da Pauliceia Desvairada terá de se contentar com um apoio ao PSDB, o que pode lhe render alguns cargos na próxima administração municipal. Esse cenário é desfavorável a Geraldo Alckmin, que tenta emplacar alguém do seu grupo como candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo. Como se sabe, Alckmin não gosta de José Serra, que tem o apoio e a simpatia de Kassab.

Fonte: Ucho.Info

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