Cheia de cuidados – Durante entrevista concedida em Havana, a presidente Dilma Rousseff, que faz visita oficial a Cuba, disse que a política de direitos humanos não pode ser transformada em “arma” de combate ideológico. “Não é possível fazer da política de direitos humanos uma arma de combate político-ideológico. O mundo precisa se convencer de que é algo que todos os países do mundo têm de se responsabilizar, inclusive o nosso”, declarou a presidente brasileira ao ser perguntada sobre o tema logo no começo da entrevista.
“Quem atira a primeira pedra, tem telhado de vidro. Nós, no Brasil, temos os nossos. Concordo em falar de direitos humanos dentro de uma perspectiva multilateral”, completou Dilma, que encontrou uma saída diplomática para abordar um tema complexo e delicado e acabou fora da pauta do encontro com os irmãos-ditadores Raúl e Fidel Castro.
Em 2010, durante visita oficial à dupla de ditadores, o então presidente Luiz Inácio da Silva se recusou a tratar do caso do dissidente Orlando Zapata Tamayo, que morreu em uma prisão cubana após greve de fome. Há dias, outro dissidente, Wilman Villar Mendoza, morreu de forma idêntica. A blogueira cubana Yoani Sánchez, que conseguiu visto do governo brasileiro e aguarda autorização da ditadura cubana para deixar a ilha, esperava um gesto de boa vontade de Dilma Rousseff. “O Brasil deu seu visto para a blogueira. Agora, os demais passos não são da competência do governo brasileiro”, declarou a presidente.
É sabido que o PT comunga pela cartilha dos irmãos Castro e nada que os contrarie será feito, começando pela defesa necessária dos dissidentes do regime local.
Sobre a disposição de “falar sobre direitos humanos dentro de uma perspectiva multilateral”, a presidente deveria começar passando uma carraspana em Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, que de forma oportunista e descabida tem criticado a ação da Polícia Militar paulista no caso da reintegração de posse da área conhecida como Pinheirinho, em São José dos Campos.
O mesmo pito deve ser passado no secretário nacional de articulação social, Paulo Maldos, que foi ao local do confronto para criar um factóide, o que fez com êxito. No dia da reintegração de posse, Maldos foi atingido por uma bala de borracha, disparada por policiais militares, e tem feito disso uma espécie de troféu político-eleitoral.
A cautela que Dilma Rousseff teve para falar de direitos humanos em Cuba, deve ser a mesma quando os palacianos discorrem sobre a reintegração de posse do Pinheirinho ou ação contra usuários e traficantes de crack na região da capital paulista que ficou nacionalmente conhecida como Cracolândia.
Fonte: Ucho.Info
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