DIGNIDADE NÃO TEM PREÇO. ( By Marco Sobreira )

Eleito em 1988 com 15% dos votos válidos, continuo a ser um dos vereadores mais votados da história política de Atílio Vivácqua e do sul do Esp. Santo. Presidente da Constituinte Municipal tive a responsabilidade de conduzir e preparar uma lei dentro de realidade do município sem ferir a Constituição Estadual ou Federal.

Com reuniões ordinárias semanais, nossa Câmara Municipal sempre primou pelo bom uso do dinheiro público e todo mês repassávamos à Prefeitura o excedente dos recursos recebidos, pois a arrecadação municipal era pequena e tínhamos tudo por fazer.

Animados com a Constituinte, um grupo de vereadores, incluindo alguns da situação, resolveram apresentar proposta para que as sessões extraordinárias passassem a ser remuneradas e de nada adiantou nossos argumentos, o projeto foi a votação sob forte protesto popular. Num total de onze vereadores à época, cinco votaram contra e cinco a favor, o que me levou a desempatar como Presidente e até hoje as sessões extraordinárias continuam não remuneradas o que muito me orgulha.

Fui vereador por mais dois mandatos e depois vice-prefeito. Perder a eleição de prefeito para um companheiro dissidente do grupo interrompeu minha trajetória política, pelo menos no que diz respeito a disputa por cargos eletivos.

Uma noite, lá pelo inicio dos anos 90 nos reunimos, Prefeito, vereadores e lideranças, para discutirmos o futuro. Emancipado de Cachoeiro de Itapemirim em 1964, o então distrito de Marapé recebeu o nome de Atílio Vivácqua em homenagem ao Senador que tinha raízes familiares aqui no sul do estado. Situado entre Cachoeiro, Muqui e Mimoso do Sul o município dependia muito das receitas constitucionais. Lavoura cafeeira e uma pecuária leiteira sem muita expressão tornava a Prefeitura o grande empregador, dificultando ainda mais o desenvolvimento.

Qual o futuro? O que fazer? Duas propostas surgiram nos nossos debates, uma previa ações para fazer da cidade uma opção de moradia para quem trabalhasse em Cachoeiro de Itapemirim e a outra, pela qual optamos, tentaríamos aproveitar o fato de termos a ferrovia centro-atlãntica (antiga estrada de ferro Leopoldina) e a BR 101 cortando o município e estarmos numa situação geográfica privilegiada, para tentar atrair industrias. Terrenos mais baratos, participação do setor público na preparação dos terrenos, infra estrutura de luz , água e telefone foram ações que deram certo e transformaram Atílio Vivácqua num dos mais importantes pólos de beneficiamento de granito da região, além da instalação do maior frigorífico do sul do estado. Pequenas industrias e restaurantes surgiram para atender a demanda e podemos dizer que nosso índice de desemprego é baixo, já que nosso parque industrial absorve grande parte da mão de obra local. Nosso povo já não depende muito mais da Prefeitura, o que é altamente salutar para a economia.

Quanto à saúde, não somos uma maravilha, mas se em 1976 quando cheguei só tínhamos um posto de saúde rudimentar, hoje temos um pequeno hospital público com pronto-socorro e médicos por 24 horas todos os dias, quatro equipe do Programa de Saúde da Família, assistência odontológica em todos os postos e nas escolas, ambulatórios de clinica médica, ginecologia, pediatria, ortopedia, psiquiatria e ortopedia. Rx , laboratório de análises clinicas , ultrassonografia, fisioterapia e psicólogos compõem o que oferecemos à população.

Apesar de participação ativa na política , na vida social e profissional em 35 anos, tenho o maior orgulho do fato de não ter filhos, irmãos, cunhados ou qualquer parente empregado na Prefeitura, concursados ou não, minha esposa é vereadora do PSDB na atual legislatura, tendo sido a mais votada. Dormir com a consciência tranqüila do dever cumprido com dignidade, não tem preço.