domingo, 14 de agosto de 2011

RELAÇÃO CHEIA DE DESGASTE E DESCONFIANÇA.

Com menos de oito meses de governo, a relação da presidente Dilma Rousseff com os partidos aliados está deteriorada, e, pior que isso, marcada pela desconfiança. No Palácio do Planalto, cresce a preocupação na articulação política com os sinais cada vez mais evidentes de retaliação da base aliada.

Diante do clima de guerra instalado nas últimas semanas e temendo dificuldades no Congresso, a própria presidente Dilma tentará melhorar o diálogo com os partidos da base, seguindo orientação do ex-presidente Lula de intensificar contatos diretos com as bases.

A presidente já autorizou a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, a marcar uma agenda para receber todas as bancadas da Câmara dos Deputados, onde a rebelião se manifesta de forma mais aguda. Ao mesmo tempo, depois de muito resistir, pediu ajuda ao vice-presidente Michel Temer para funcionar como uma espécie de "bombeiro".

"Neste segundo semestre, a presidente Dilma fará uma agenda para receber todas as bancadas de deputados. Em apenas sete meses de governo, Dilma recebeu muito mais os partidos do que o ex-presidente Lula. Isso mostra uma disposição para o diálogo", afirmou a ministra Ideli Salvati.

Enfrentamento
O ex-presidente Lula já foi acionado por setores do PT e do próprio governo para tentar refazer essa relação e tem sido procurado constantemente por caciques de partidos aliados. Ele já teria dito a Dilma para não enfrentar o PMDB. E mais: a orientação do ex-presidente foi para que Dilma refizesse a relação com o principal aliado.

"Não precisamos de ?bombeiros?. Precisamos é de diálogo com o governo para dizer e ouvir as verdades", afirmou o líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN).

Na mesma linha, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), adverte o governo sobre o risco de ter de conjugar o estresse econômico mundial com uma crise política interna. (AG)

Carvalho é o "grilo falante" do governo
Até dezembro, ele entrava quando queria no principal gabinete do Palácio do Planalto e tinha a liberdade de chamar o presidente pelo nome. Nos oito anos do primeiro governo petista, como chefe de Gabinete, Gilberto Carvalho ouvia Lula esbravejar, gritar e xingar, inclusive palavrões.

Era também o companheiro que dividia com o ex-presidente as angústias e a cachaça nos momentos difíceis, como ele mesmo já contou algumas vezes.

Com Dilma Rousseff, o petista fundador tem uma relação mais formal, sem a liberdade de antes. Mas a presidente o chama carinhosamente de "Gilbertinho" - aprendeu com Lula, que só o trata assim há mais de 30 anos.

Gilberto ganhou mais visibilidade política, tendo atuado como bombeiro em todas as crises vividas por Dilma até agora, inclusive na interlocução com os partidos.

No governo Lula, Gilberto trabalhava para dentro. Agora, como secretário-geral da Presidência, recebeu de Dilma a tarefa de ser o "grilo falante" do governo, fazendo chegar a ela as reivindicações e posições dos movimentos sociais

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