NEM TUDO ESTÁ PERDIDO.

Dois médicos no plantão diurno, plantonistas 24 horas todos os dias, ambulatório de pediatria, cardiologia, ginecologia, ortopedia, neurologia, psiquiatria, otorrinolaringologia, cirurgia geral, pacientes internados sob a responsabilidade de um único profissional, fisioterapia para pacientes internados e externos, nutricionista, farmacêutica e assistente social. Laboratório próprio com plantões nos fins de semana e sobreaviso noturno, exames como hemograma completo em 5 minutos, enzimas cardíacas em 15 minutos, raio x a qualquer hora inclusive nos finais de semana, eletrocardiograma imediato, qualquer exame de imagem, incluindo ressonância magnética no mesmo dia para pacientes internados ou em observação.

Essa é a estrutura do PAM de Presidente Kennedy, pequeno municipio do sul do Esp. Santo que ainda conta com 5 equipes de Programa de Saúde da Família e significa que o Municipio faz muito mais do que a sua responsabilidade, não temos problemas no atendimento da atenção básica e na média complexidade, a população recebe todos os medicamentos da farmácia básica e a Prefeitura compra os demais significando que todos têm acesso ao tratamento preconizado. Através do consórcio inter-municipal de saúde toda a população tem a sua disposição exames e procedimentos com rapidez, jamais o prazo ultrapassa uma semana e todas as solicitações de urgência são providenciadas em até 24 horas.

Tenho a satisfação de ser o Diretor Geral do PAM e acabei de ser eleito Presidente do Conselho Municipal de Saúde e o nosso problema começa quando dependemos de procedimentos de maior complexidade, aí esbarramos na burocracia do SUS. Relatei aqui recentemente a história de um paciente com tumor de bexiga que morreu sem fazer o procedimento solicitado à Superintendência Regional de Saúde, pois bem, não comuniquei o seu falecimento e até hoje, mais de 30 dias do paciente ter ido a óbito, não recebi autorização do procedimento solicitado, vou aguardar para ver até quando vai o descaso e vou fazer questão de comunicar aos responsáveis o tempo do descaso com a vida alheia.

Nosso municipio gasta muito mais com a saúde do que o preconizado pela Emenda 29, mas o mais importante é que aqui existe a vontade política e se fazer da saúde a prioridade número um, o que reforça nossa convicção que o problema não é de dinheiro e sim de gestão. Nossos médicos do PSF recebem salário de R$ 9200,00 mas trabalham oito horas/dia, com a adoção de um segundo plantonista, melhorou as condições de trabalho e diminuiu o tempo de atendimento aos pacientes.

Aceitei o desafio de presidir o Conselho Municipal de Saúde deixando bem claro que não aceitaremos ingerência política em nossa obrigação de elaborar, agilizar e fiscalizar a qualidade da saúde pública oferecida à nossa população, que Deus nos ajude mas tenho a certeza de que nem tudo está perdido e que muito pode ser feito nesse país, desde que se tenha respeito ao que determina a nossa Constituição.