Carlos Tourinho
É difícil "diagnosticar" - e esse é um oportuno termo - no que vai dar a constante tensão entre médicos, planos de saúde e o governo no Brasil. Consequência da perda de controle e da ineficácia administrativa de sucessivas administrações públicas sobre o sistema de saúde, os planos se espalharam como promessa de solução para o mau atendimento, filas que começam de madrugada e dramas humanos.
Tal descalabro ganha um nome pomposo quando passa à análise econômica: "oportunidade". Há mercado, há demanda, pouca oferta. Um produto essencial (saúde) e um "comprador" receptivo, ávido por um serviço que funcione e frágil. Foi aí que o paciente, transformou-se em "cliente" e um novo problema foi incluído no orçamento doméstico da classe média brasileira: pagar o plano de saúde.
Em Portugal, o sistema de saúde pública sempre foi o preferido entre todas as classes sociais. Mas com a atual crise econômica e a pressão da Zona do Euro por corte das despesas nos países em crise, as coisas vão mudando.
Os hospitais públicos estão endividados; não há mais para todos a tradicional instituição dos "médicos de família"; a qualidade do atendimento é questionada e as filas para cirurgias ou tratamentos mais dispendiosos se arrastam meses a fio.
Na Europa, este novo quadro é acompanhado de protestos populares e do surgimento de um velho conhecido nosso: o plano de saúde. Não por acaso, no velho continente ele passa a ser fartamente oferecido por aquele setor que é sempre o último a sentir as crises - porque se beneficia delas -, que são os bancos, ou a "banca", como dizem o portugueses. Atualmente eles oferecem planos de saúde de todo tipo para todos os bolsos.
Uma novidade em Portugal é a entrada neste mercado do Grupo Sonae, uma empresa com origem em lojas de varejos, centros comerciais e até telecomunicações. Até então, nada de saúde. Pois este grupo lançou um plano que leva a marca de um supermercado - um dos maiores ativos do conglomerado.
É de uso simples e são necessários "apenas três passos", como diz a propaganda: ir ao supermercado e comprar um "pack", ativá-lo através de uma linha telefônica e usar os serviços sem limites de idade, exclusões de doenças, questionários clínicos ou prazos de carência. O preço? Entre 2,75 e 7 euros ao mês. Cerca de 7 a 17 reais por pessoa.
Agora, ao fazer a sua lista de compras, o lusitano inclui além do vinho e do bacalhau, o plano de saúde.
Carlos Tourinho é jornalista e mora em Portugal.
É difícil "diagnosticar" - e esse é um oportuno termo - no que vai dar a constante tensão entre médicos, planos de saúde e o governo no Brasil. Consequência da perda de controle e da ineficácia administrativa de sucessivas administrações públicas sobre o sistema de saúde, os planos se espalharam como promessa de solução para o mau atendimento, filas que começam de madrugada e dramas humanos.
Tal descalabro ganha um nome pomposo quando passa à análise econômica: "oportunidade". Há mercado, há demanda, pouca oferta. Um produto essencial (saúde) e um "comprador" receptivo, ávido por um serviço que funcione e frágil. Foi aí que o paciente, transformou-se em "cliente" e um novo problema foi incluído no orçamento doméstico da classe média brasileira: pagar o plano de saúde.
Em Portugal, o sistema de saúde pública sempre foi o preferido entre todas as classes sociais. Mas com a atual crise econômica e a pressão da Zona do Euro por corte das despesas nos países em crise, as coisas vão mudando.
Os hospitais públicos estão endividados; não há mais para todos a tradicional instituição dos "médicos de família"; a qualidade do atendimento é questionada e as filas para cirurgias ou tratamentos mais dispendiosos se arrastam meses a fio.
Na Europa, este novo quadro é acompanhado de protestos populares e do surgimento de um velho conhecido nosso: o plano de saúde. Não por acaso, no velho continente ele passa a ser fartamente oferecido por aquele setor que é sempre o último a sentir as crises - porque se beneficia delas -, que são os bancos, ou a "banca", como dizem o portugueses. Atualmente eles oferecem planos de saúde de todo tipo para todos os bolsos.
Uma novidade em Portugal é a entrada neste mercado do Grupo Sonae, uma empresa com origem em lojas de varejos, centros comerciais e até telecomunicações. Até então, nada de saúde. Pois este grupo lançou um plano que leva a marca de um supermercado - um dos maiores ativos do conglomerado.
É de uso simples e são necessários "apenas três passos", como diz a propaganda: ir ao supermercado e comprar um "pack", ativá-lo através de uma linha telefônica e usar os serviços sem limites de idade, exclusões de doenças, questionários clínicos ou prazos de carência. O preço? Entre 2,75 e 7 euros ao mês. Cerca de 7 a 17 reais por pessoa.
Agora, ao fazer a sua lista de compras, o lusitano inclui além do vinho e do bacalhau, o plano de saúde.
Carlos Tourinho é jornalista e mora em Portugal.
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