Em janeiro, a renda média do brasileiro estava em R$ 1.567; em abril, havia caído para R$ 1.540
Com a inflação em alta, as negociações salariais, que nos últimos dois anos foram boas para o assalariado, têm sido complicadas em 2011. De um lado, estão os trabalhadores argumentando um poder de compra menor por conta do movimento inflacionário dos últimos 12 meses. Do outro, estão os patrões se baseando nas previsões do governo federal de que a inflação deve começar a ceder no segundo semestre e no fato de seus custos também terem subido.
Mesmo vindo de boas negociações nos últimos anos - em 2009 e 2010 grande parte das categorias, cerca de 90%, conseguiu reajuste real de salário -, os trabalhadores, por conta da inflação alta, vêm amargando perdas no rendimento real em 2011. Em janeiro, a renda média do brasileiro estava em R$ 1.567, em abril, havia caído para R$ 1.540, uma redução de 1,7% em apenas quatro meses.
O economista Maurício Sabadini, especialista em economia do trabalho, explica porque os efeitos da inflação na renda do trabalhador são tão devastadores. "A maioria dos assalariados consome a renda toda durante o mês, se os preços estão subindo, o poder de compra vai se degradando, não tem escapatória. Claro que não estamos vivendo o caos dos anos 80, mas em picos inflacionários como esse que estamos vivendo, é preciso repor, caso contrário, as perdas serão ainda maiores", salientou.
A história mostra que nos anos em que a inflação foi maior, caiu o ganho real dos assalariados. De 2006 para 2007, a inflação aumentou e reduziu o número de categorias que teve ganho real no salário. No ano seguinte, a inflação acelerou e os aumentos reais pisaram ainda mais no freio. Em 2009, e no ano passado, a alta nos preços deu uma trégua e mais trabalhadores conseguiram negociar um reajuste real acima de 2%.
Por conta desse cenário de preços em alta, Dieese, economistas e advogados trabalhistas apostam num ano cheio de imbróglios. "Desde a crise econômica mundial, em 2008, que não tínhamos um ano tão complicado. As perdas estão aí, mas as empresas não querem ceder, negociam, no máximo, a inflação do período. Essas dificuldades devem provocar dissídios, manifestações e movimentos grevistas. Nem as categorias mais fortes têm tido muito êxito nas negociações", assinala a advogada trabalhista Ana Luiza Favoretti.
José Silvestre de Oliveira, coordenador nacional de Relações Sindicais do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), também aposta em dificuldades, mas mantém o otimismo. "Como a inflação teve um aumento, ainda que ela esteja em queda, está no teto, isso certamente trará dificuldades. Mesmo assim, ainda acredito na manutenção da trajetória de ganhos reais dos últimos anos, algumas categorias, caso da construção civil, conseguiram, vamos tentar das seguimento".
O economista Maurício Sabadini lembra que além da inflação, as incertezas externas ajudam a complicar ainda mais a situação. "A instabilidade lá de fora, principalmente na Europa, deixa o empresariado receoso na hora de dar bons reajustes, afinal, não há como saber se estamos à beira de outra crise econômica".
Bons resultados refletem no ganhoOs bons resultados da economia em 2010 se refletiram nos salários dos trabalhadores. De acordo com o Dieese, 89% das 700 categorias analisadas em todo o país tiveram aumento real (acima da inflação) no ano passado - o melhor resultado da série histórica em 15 anos. Do total, pelo menos 96% conseguiram repor a inflação medida pelo INPC-IBGE, resultado ligeiramente inferior a 2007. Segundo o Dieese, o cenário de crescimento econômico, aumento no nível de emprego e inflação em baixos patamares puxou os resultados.
Nos dados de 2010, outro dado significativo foi o aumento das categorias que tiveram ganho real acima de 3%. Considerando os últimos três anos, no total 106 categorias (15% do total) tiveram reajustes nesse nível. Em 2009, eram 37, e em 2008, 29. Quanto aos aumentos reais acima de 5%, a tendência é a mesma. Em 2010, 28 negociações foram fechadas com índices maiores, frente 10 em 2009 e duas em 2008.
Por outro lado, 74% dos percentuais negociados ainda estão muito próximos da inflação, com aumentos reais que variam entre 0,01% e 3%.
Fonte: Abdo Filhoafilho@redegazeta.com.br
Com a inflação em alta, as negociações salariais, que nos últimos dois anos foram boas para o assalariado, têm sido complicadas em 2011. De um lado, estão os trabalhadores argumentando um poder de compra menor por conta do movimento inflacionário dos últimos 12 meses. Do outro, estão os patrões se baseando nas previsões do governo federal de que a inflação deve começar a ceder no segundo semestre e no fato de seus custos também terem subido.
Mesmo vindo de boas negociações nos últimos anos - em 2009 e 2010 grande parte das categorias, cerca de 90%, conseguiu reajuste real de salário -, os trabalhadores, por conta da inflação alta, vêm amargando perdas no rendimento real em 2011. Em janeiro, a renda média do brasileiro estava em R$ 1.567, em abril, havia caído para R$ 1.540, uma redução de 1,7% em apenas quatro meses.
O economista Maurício Sabadini, especialista em economia do trabalho, explica porque os efeitos da inflação na renda do trabalhador são tão devastadores. "A maioria dos assalariados consome a renda toda durante o mês, se os preços estão subindo, o poder de compra vai se degradando, não tem escapatória. Claro que não estamos vivendo o caos dos anos 80, mas em picos inflacionários como esse que estamos vivendo, é preciso repor, caso contrário, as perdas serão ainda maiores", salientou.
A história mostra que nos anos em que a inflação foi maior, caiu o ganho real dos assalariados. De 2006 para 2007, a inflação aumentou e reduziu o número de categorias que teve ganho real no salário. No ano seguinte, a inflação acelerou e os aumentos reais pisaram ainda mais no freio. Em 2009, e no ano passado, a alta nos preços deu uma trégua e mais trabalhadores conseguiram negociar um reajuste real acima de 2%.
Por conta desse cenário de preços em alta, Dieese, economistas e advogados trabalhistas apostam num ano cheio de imbróglios. "Desde a crise econômica mundial, em 2008, que não tínhamos um ano tão complicado. As perdas estão aí, mas as empresas não querem ceder, negociam, no máximo, a inflação do período. Essas dificuldades devem provocar dissídios, manifestações e movimentos grevistas. Nem as categorias mais fortes têm tido muito êxito nas negociações", assinala a advogada trabalhista Ana Luiza Favoretti.
José Silvestre de Oliveira, coordenador nacional de Relações Sindicais do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), também aposta em dificuldades, mas mantém o otimismo. "Como a inflação teve um aumento, ainda que ela esteja em queda, está no teto, isso certamente trará dificuldades. Mesmo assim, ainda acredito na manutenção da trajetória de ganhos reais dos últimos anos, algumas categorias, caso da construção civil, conseguiram, vamos tentar das seguimento".
O economista Maurício Sabadini lembra que além da inflação, as incertezas externas ajudam a complicar ainda mais a situação. "A instabilidade lá de fora, principalmente na Europa, deixa o empresariado receoso na hora de dar bons reajustes, afinal, não há como saber se estamos à beira de outra crise econômica".
Bons resultados refletem no ganhoOs bons resultados da economia em 2010 se refletiram nos salários dos trabalhadores. De acordo com o Dieese, 89% das 700 categorias analisadas em todo o país tiveram aumento real (acima da inflação) no ano passado - o melhor resultado da série histórica em 15 anos. Do total, pelo menos 96% conseguiram repor a inflação medida pelo INPC-IBGE, resultado ligeiramente inferior a 2007. Segundo o Dieese, o cenário de crescimento econômico, aumento no nível de emprego e inflação em baixos patamares puxou os resultados.
Nos dados de 2010, outro dado significativo foi o aumento das categorias que tiveram ganho real acima de 3%. Considerando os últimos três anos, no total 106 categorias (15% do total) tiveram reajustes nesse nível. Em 2009, eram 37, e em 2008, 29. Quanto aos aumentos reais acima de 5%, a tendência é a mesma. Em 2010, 28 negociações foram fechadas com índices maiores, frente 10 em 2009 e duas em 2008.
Por outro lado, 74% dos percentuais negociados ainda estão muito próximos da inflação, com aumentos reais que variam entre 0,01% e 3%.
Fonte: Abdo Filhoafilho@redegazeta.com.br
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