Imaginem um cidadão comum levando a vida com as dificuldades comuns a todos os brasileiros, mal educado, mal capacitado, lutando para manter sua família, surrupiado em seus direitos por um Estado cada vez mais voraz em seus tributos e que não os devolve em serviços públicos de qualidade, enfim, a grande maioria de nosso povo.
De repente se vê premiado pela megasena com uma soma jamais imaginada nem nos seus sonhos mais delirantes. O que fazer? Passado o susto e a empolgação inicial começa a ser assediado por novos amigos, parentes que não via há séculos, espertalhões de todos naipes, todos absolutamente interessados na sua fortuna literalmente caída dos céus. Perde o sossego, a tranqüilidade, sua segurança precisa ser reforçada, paz nunca mais. Começa então a imaginar como tirar o melhor proveito do dinheiro e garantir o futuro dos seus, negócios, investimentos de todos os tipos lhe serão proposto e se não tiver os pés nos chãos, poderá perder tudo e voltar à vidinha de antes, só que pode-se ser pobre a vida toda sem maiores problemas, mas é muito difícil voltar a ser pobre após ter experimentado o glamour da fortuna.
Assim também acontece com pequenos e pobres municípios, dependentes quase que exclusivamente dos repasses constitucionais e que de repente se vêm contemplados com os milhões dos royaltes do petróleo. Nesse caso também os prefeitos serão assediados por todo tipo de velhacos, propostas tentadoras, empreiteiras, consultorias, deputados crescerão o olho sobre aquela cidade até então completamente ignorada. Não são raros os desvios de conduta, a tentação do dinheiro fácil torna a corrupção caminho trilhado por muitos.
O grande desafio desses gestores é como empregar o dinheiro, como distribuí-lo melhorando a vida da população carente e ávida pela melhoria que esses recursos possam trazer. Temos conhecimento de gastos abusivos, luxos desnecessários, assistencialismo exagerado, denuncias de superfaturamento das obras e outras mazelas.
Temos conhecimento também de projetos sérios, comprometidos em realmente melhorar o futuro de seus munícipes, faço questão de mencionar aqui um que me encanta e merece nossos aplausos. No pequeno município de Presidente Kennedy, sul do Espírito Santo, a prefeitura paga a faculdade, seja de qual curso for, para jovens cujas famílias tenham renda inferior mensal a R$ 2,000,00 , sessenta jovens estão fazendo curso técnico no SENAI, com todos os custos pagos pela Prefeitura e mais uma ajuda de custo de R$ 500,00 por mês para cada um. Considerando que grandes industrias estão se instalando no município, inclusive com a construção de um grande porto para navios de grande porte, a capacitação desses jovens é indispensável na luta pelas oportunidades que virão. É uma iniciativa digna de elogios.
Criei este paralelo para mostrar que nos dois casos a linha entre o certo e o errado é muito tênue, ambos estão literalmente no fio da navalha.
A regra, Xará, é a má conduta. As boas medidas são tão raras que quando ocorrem viram notícia.
ResponderExcluirMas infelizmente, como o Sr. Dr. comentou a má conduta está presente ainda mais visível neste meio. Faz alguns dias que li em algum jornal que um secretário deste mesmo município foi surpreendido com uma alta quantia, cerca de R$100 mil reais, obtidos por meio de propina. Abaixo da matéria vinha em uma pequena linha um simples comentário de que o prefeito o havia exonerado. Agora nos vem a pergunta: Porque um prefeito tão sério, que exonera o tal secretário em pleno flagrante, surrupiando nosso suado dinheiro, contratou esse mesmo funcionário? Não seria muito melhor, ao invés de contratar por troca de favores, amigos, conhecidos, aliados, contratasse alguém com estudo, instrução, conhecimentos, valores... mesmo que essa pessoa não seja ativamente participante do meio político, e sim, um simples, honesto e capaz... "cidadão" de sua cidade... Que é povo... que respeita o povo!
ResponderExcluirDesculpe-me pelo desabafo, Sr. Dr. Marco Sobreira... não quero levantar nenhuma polêmica, mas sim, através do seu blog... fazer com que os nossos políticos... pensem um pouco mais... em como ocupar seus "cargos de confiança". Um grande abraço... e boa noite!