segunda-feira, 13 de junho de 2011

O NOVO JOGO DE DILMA.

Dilma Rousseff reembaralhou as cartas do seu governo, botou um novo jogo na mesa. Só que os outros jogadores (e os brasileiros) ainda não sabem o que ela fará com as cartas que ainda têm nas mãos. A partir de amanhã, Dilma terá obrigatoriamente que preencher não só cargos que os sempre esfomeados aliados reclamam, mas as expectativas criadas por sua atuação na crise que abateu o governo há um mês.

Há nos bastidores uma ofensiva entre os fieis aliados de Dilma (sim, eles existem). A ideia central é convencer os formadores de opinião e a diminuta parcela da população que lê jornais que Dilma retomou as rédeas do governo, deu um chega para lá em petistas e peemedebistas afoitos e até em Lula.

Faz parte também desse trabalho calculado insistir também que Dilma tem gosto, sim, pela política – não pela política miúda, da conversinha ao pé do ouvido com políticos, mas pela estratégia política. Invariavelmente, como se a história se repetisse, lembram também que o governo Lula só ganhou seu rosto definitivo depois das crises que levaram o ex-trio todo-poderoso formado por Antonio Palocci, José Dirceu e Luiz Gushiken à lona. O renascimento de Dilma, por essa visão chapa-branca, estaria garantido como que por encanto.

No mundo real, as coisas não são exatamente assim. Em primeiro lugar, se é verdade que Dilma Rousseff bancou, sim, duas ministras importantes contra a vontade de petistas e peemedebistas, é verdade também que todos eles estão contrariados. Esqueça, portanto, o que 90% dos políticos dizem em público sobre a “boa escolha” que Dilma fez ao nomear Gleisi Hoffman e Ideli Salvatti. Nas conversas entre eles, o tom é de choradeira e ameaça. O PMDB não está em paz com o governo. Parte expressiva do PT também não. Profissionais que são, esperam um vácuo para tentar enquadrá-la.

Assim como fizeram na votação do Código Florestal, terão boas oportunidades para dar os seus recados. Se determinadas nomeações não saírem, se a conversa com o Planalto não fluir como querem, o troco aparecerá. No Senado, por exemplo. Uma rejeição ao nome de Henrique Meirelles na votação para aprovar o seu nome para o posto de Autoridade Pública Olímpica é sempre o exemplo dado por essa turma.

As consequências da atuação de Lula daqui para frente são uma incógnita. O palestante número um do Brasil baixou um pouco a crista para efeito externo. Já sabe seus arroubos por holofotes e por roubar a cena devem ser contidos diante do público. Mas apenas diante do público. Não abre mão, contudo, de “ajudar” Dilma nos bastidores. Continua se metendo no governo em conversas reservadas. Será sempre uma sombra. Está encarnado nesse papel para o qual se auto-escalou – até por que odiou os primeiros 90 dias pós-governo. Não se adaptou definitivamente à vida na planície.

Este é um ponto relevante. Todo o discurso dos dilmistas nos últimos dias têm sido na linha da retomada da autoridade da presidente – afinal, Dilma mandou Antonio Palocci para o espaço, levou Gleisi Hoffman para o seu lado a despeito do que queria Lula. Ele, por sua vez, quer continuar “ajudando” o governo. Dependendo da calibragem, essa “ajuda” vira “tutela”. Mais à frente, numa outra crise, como repetir esse discurso da retomada da autoridade novamente?

Por Lauro Jardim

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