Duas grandes pragas ameaçam o Brasil, uma é endêmica, cultural e atinge desde o Governo Federal até a mais longínqua prefeitura desse imenso país. A outra atinge diretamente nossas crianças e adolescentes, causando verdadeiro extermínio e dilaceração familiar.
A corrupção penaliza milhares de brasileiros, atinge diretamente a educação e a saúde, surrupiando recursos indispensáveis a um aprendizado de maior qualidade e condena aos que dependem do SUS a um atendimento desumano, agora mesmo acabei de atender uma mãe, cuja ultrassonografia do filho está há quatro meses na fila de espera, um absurdo inaceitável. É justamente esta camada da população, a que mais paga por essa roubalheira desenfreada que assola o Brasil.
A droga espalha-se por todos os recantos, corrompendo, aliciando, esfacelando a estrutura familiar, viciando e levando para o sub-mundo da violência desde a mais tenra idade, levando nossas meninas à prostituição, exploradas , violentadas e abandonadas ao seu próprio destino, que por sinal, só tem dois caminhos, a perda da liberdade ou a pena de morte, na justiça implacável dos traficantes.
Não passa um só dia sem que a mídia noticie algum caso de assalto aos cofres públicos e o assassinato de cidadãos, na maioria das vezes, inocentes, vitimas da violência motivada pelo consumo, ou pelo desespero de se conseguir dinheiro a qualquer custo para alimentar o vicio das drogas.
Nos dois casos, o governo mostra-se inoperante, omisso, não há vontade política de um combate eficiente, na corrupção, além do corporativismo, a frouxidão das leis incentivam a impunidade e até mesmo quando alguém é condenado, não se devolve o expropriado, algum tempo de cadeia, progressão de pena, prisão domiciliar, liberdade condicional e depois a emancipação econômica e os benesses da luxúria em detrimento do sofrimento do povo.
Em relação às drogas, o problema é ainda maior, inexiste o combate eficiente nas fronteiras, fica-se prendendo pequenos traficantes e apreendendo alguns carregamentos enquanto os barões no narcotráfico continuam investindo, ganhando um mundo de dinheiro e espalhando as drogas para todas as nossas cidades. Imagina-se que para cada carregamento apreendido, mais de dez entram livremente, tornando eventuais prejuízos irrisórios diante do lucro exorbitante.
Não há um programa nacional de recuperação dos dependentes químicos, as clinicas existentes são inacessíveis a quem não tem dinheiro, as poucas que existem estão constantemente superlotadas. No Espírito Santo por exemplo existe em Cachoeiro de Itapemirim uma clinica psiquiátrica com 400 leitos que atende todo o estado, 70% dos leitos estão ocupados por dependentes químicos, que após o período de desintoxicação, são liberados e como não há acompanhamento psico-social, rapidamente retornam ao vicio, alimentando o ciclo vicioso, consumo>>internação>>alta>>retorno ao consumo. No sul do estado só temos um pronto-socorro psiquiátrico, com pouquíssimos leitos, o que levou uma colega psiquiatra a fazer o seguinte comentário: “Atendo, tiro o paciente da crise e tenho que liberá-lo para que volte ao mundo das drogas, é melhor que sejam presos, pelo menos permanecerão sem consumir pelo tempo que durar a prisão,” é triste, mas é a nossa realidade.
Não temos recursos? Quanto é roubado nesse país? Quanto vale a vida de toda uma geração? Com a palavra, nossos governantes.
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