Papel e caneta na mão. Se o assunto é o pleito de outubro, é melhor o eleitor tomar nota de alguns novos nomes que já começam a ganhar as páginas de jornais e a internet e logo, logo, estarão na boca do povo. Além de se inteirar sobre os candidatos e cargos em disputa, é bom conhecer o vocabulário próprio da eleição para não perder nenhum lance no jogo das urnas. Em redes virtuais ou fruto da criatividade dos próprios políticos e demais envolvidos no processo, os códigos, apelidos e até verbos surgem dando um jeito próprio a disputas estaduais e nacionais.
Em Minas Gerais, tudo começou com o "Lulécio", nome dado a prefeitos e lideranças que, em 2006, apoiaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição para o Palácio do Planalto e o ex-governador Aécio Neves (PSDB) para chefiar o governo mineiro. Sem crise de consciência pelo fato de os dois integrarem extremos opostos no campo político, os partidos alinhados nacionalmente com um e regionalmente comoutro colocaram o bloco na rua para fazer a campanha que, para os mais ideológicos, poderia parecer estranha.
Quem pensava que o "Lulécio" acabaria naquele ano se enganou, e hoje incorpora ao glossário o "Dilmasia" - nome que virou motivo de brincadeira do presidenciável José Serra (PSDB) e do vice-presidente da República, José Alencar (PRB). "Parece nome de remédio ou de doença", disseram. A tradução, a exemplo do que ocorreu com Lula e Aécio, é a dobradinha de voto na ex-ministra Dilma Rousseff (PT), que agora concorre à cadeira de Lula, e no governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB). Também incomodada com a sonoridade do nome, a presidenciável acrescentou o "Anastadilma" como alternativa para os seus eleitores que vão optar em solo mineiro pela continuidade do governo tucano.
No campo da oposição, o pré-candidato a governador Hélio Costa (PMDB) não demorou a rebater o "Dilmasia". Segundo ele, se isso ocorrer, aqueles que seriam na teoria seus opositores também podem praticar o "Serrélio", voto no tucano José Serra para presidente e no peemedebista para o Palácio da Liberdade.
Até para o Senado já surgiu uma dobradinha inusitada: o "Pimentécio". Com o ex-governador Aécio Neves e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT), pré-candidatos às duas vagas disponíveis aos mineiros no Senado, não faltará quem corra o estado pedindo votos para os dois adversários. O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), apadrinhado político de Aécio e Pimentel, foi o primeiro a se dispor a pedir votos para ambos.
Até mesmo a debandada que houve na base aliada ao presidente Lula em Minas, com a intervenção nacional para que fosse do PMDB a cabeça de chapa - a outra opção seria Fernando Pimentel- gerou uma situação de votos opostos. O PR liberou seus filiados para apoiar qualquer candidato ao governo de Minas. Com isso, enquanto as bancadas federal e estadual de deputados vão apoiar Antonio Anastasia, o presidente estadual da legenda, Clésio Andrade, diz que deve apoiar Hélio Costa, criando mais uma combinação: o "Anastélio".
Juliana Cipriani
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