sexta-feira, 7 de outubro de 2011

BRASIL MATA MAIS QUE MÉXICO EM GUERRA


A taxa de homicídios no Brasil é de 22,7 por 100 mil habitantes, a quinta maior da América Latina, relata a ONU. No México, que vive guerra com o narcotráfico, é 18,1 por 100 mil.

Brasil tem taxa de 22,7 assassinatos por 100 mil habitantes, a 5ª da América Latina; SP é bom exemplo, de acordo com estudo da ONU

O México vive uma guerra entre o governo e os cartéis da droga que deixou 34 mil mortos desde 2006. Mas é no Brasil onde proporcionalmente se mata mais. O País é o quinto colocado na América Latina - terceiro na América do Sul - quando se analisa a taxa de assassinatos por cem mil habitantes (a nossa é de 22,7 e a do México, de 18,1). Os dados fazem parte do Estudo Global de Homicídios 2011, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc).

O estudo da Unodc faz um balanço dos assassinatos no mundo. Ele reúne dados de 207 países fornecidos pela Justiça criminal ou pelos sistemas de saúde. "A curva da violência no México é ascendente, enquanto a do Brasil é descendente", afirmou o pesquisador Guaracy Mingardi. Segundo ele, a violência no Brasil é disseminada, espalhada, e os homicídios têm causas intrapessoais, enquanto que no México a violência é mais midiática e concentrada nos cartéis.

De fato, os dados do Unodc apontam um rápido crescimento dos assassinatos desde 1995 na América Central e no Caribe enquanto que, no mesmo período, os casos diminuíram na Europa e na Ásia. Em todo o mundo foram registrados 468 mil assassinatos em 2010. De acordo com o estudo do Unodc, 36% dos homicídios aconteceram na África e 31% dos casos foram registrados nas Américas. Os continentes com menor participação no total de casos foram a Europa (5%) e a Oceania (1%).

A disseminação das armas de fogo é um fator importante para os assassinatos nas Américas, onde 74% desses crimes são praticados com esse tipo de arma - no mundo, esse total fica em 42%. Outros fatores que são apontados pelo estudo como importantes para a variação do total de casos de homicídios são a crise econômica mundial, o tráfico de drogas, o crime organizado e a existência de "grande número de população juvenil especialmente nos países em desenvolvimento". "Enquanto 6,9 por grupo de cem mil pessoas são assassinadas em nível mundial, a taxa de homens jovens vítimas é três vezes maior (21,1 por cem mil)."

Na América do Sul, o Brasil ficou atrás apenas da Venezuela (49 homicídios por cem mil habitantes) e Colômbia (33,4 casos por cem mil). O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que é preciso ter ações integradas entre os governos para o combate à violência para melhorar a situação do País - que em números absolutos é ainda o líder em casos de assassinatos no mundo, com 43,9 mil casos. Cardozo destacou a necessidade de se combater a impunidade e a necessidade de se criar unidades policiais específicas nos Estados para combater homicídios. Além disso, ele defendeu investimentos na perícia criminal.

São Paulo. No Estado de São Paulo, os assassinatos são investigados pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), cujo plano de combate aos assassinatos, com ênfase na prisão de homicidas contumazes, contribuiu, segundo especialistas, para a redução de 70% dos assassinatos registrada entre 1999 e 2010 na capital.

Nas páginas 79 e 80, o estudo cita o caso paulista como exemplo de que políticas públicas de prevenção e de repressão podem diminuir dramaticamente esse tipo de delito. De 52,58 casos por cem mil habitantes registrados em 1999, a cidade de São Paulo passou a ter 10,6 casos em 2010 - os números continuam caindo neste ano.

"Alguns Estados, como São Paulo, Minas e Rio, adotaram políticas que, associadas a outros fatores, tiveram um impacto importante nos homicídios", afirmou Mingardi. Ele cita a redução da população jovem, as campanhas de desarmamento, as mudanças na segurança pública (aumento do policiamento e prisão de grandes homicidas) e os investimentos feitos por cidades em segurança como fatores importantes para a redução da violência no Estado de São Paulo.

O estudo do Unodc cita "a adoção de novos métodos de policiamento" como fator importante para a redução dos crimes. A Secretaria da Segurança Pública comemorou. A notícia virou o principal destaque em seu site na tarde de ontem.

Fonte:  COM AGÊNCIA BRASIL - O Estado de São Paulo

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