segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A POLITICA E O CRIME

Sai do ar, não se sabe até quando, a novela do escândalo que envolve o ex-ministro Orlando Silva, do Esporte. Um de seus capítulos deu-se em sessão do Senado, na qual se fizeram ameaças veladas aos que cobravam a punição dos envolvidos no episódio. Senadores correligionários do ministro e dirigentes de seu partido fizeram ameaças à oposição e à imprensa. Lamentavelmente, alguns passaram dos limites.

O ensaista Hans Magnus Enzensberger, em livro editado na Espanha, Política y delito, diz que, para Freud, a caracterização da linguagem do ato criminoso é idêntica à da política. E exemplifica hostilidades, como "derrubadas" de ministros; o candidato "bate" o adversário; o governo é "derrotado". Pelo visto, noutros tempos, as palavras aspeadas definiam situações políticas extremas, de ameaças. As do Senado foram piores.

A Procuradoria Geral da República pediu e o Supremo aceitou abrir processo contra o ministro, evitando, assim, conflitos no Congresso. Na sessão das ameaças, o ministro desqualificou o denunciante, um bandido — como disse — que, ele sim, queria aproveitar-se das falcatruas ocorridas, mas é levado a sério. O Congresso aprovou esse benefício aos denunciantes que colaborarem com a Justiça. Lula, que sancionou tal medida, pediu para reagirem contra Dilma, em favor do ministro.
Tal descabimento do ex-presidente foi desqualificado, pouco depois, por um pastor evangélico, em denúncia feita à Folha de S.Paulo, de parte da tramoia ministerial.

Esse novo denunciante abalou o argumento da defesa do ministro, no Senado, mostrando que o procurador geral e o Supremo tinham motivo para investigar a corrupção no Ministério do Esporte.
Essa é a praga que arrasa o Brasil. Veja (26/10/11) diz que os corruptos surrupiaram R$ 85 bilhões em 2010. Segundo o Globo, o rombo foi de R$ 67 bilhões, desde 2003. Nesse jornal, João Ubaldo Ribeiro ironiza: democratizou-se a impunidade no país. Para Bolívar Lamounier, a corrupção não tem controle entre nós. O certo é que os brasileiros estão perplexos e sem fala, enquanto, contra essa praga que também o aflige, o mundo inteiro enche as praças de seus países.

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