Quando, nos últimos meses de 2008, a crise financeira internacional rumava na direção do Brasil, o então presidente Luiz Inácio da Silva não se preocupou com o consumidor e ocupou os meios de comunicação para pedir que o consumo interno fosse mantido em níveis elevados, como forma de neutralizar os efeitos daquilo que o ex-metalúrgico decidiu chamar de “marolinha”.
À época, os jornalistas do ucho.info alertaram para o perigo que emoldurava o pedido de Lula, que resolveu atacar alguns setores da imprensa, sob a desculpa que determinados profissionais da mídia torciam contra o Brasil. Na verdade, tais jornalistas apenas traduziram em palavras uma visão de longo prazo. Entre os tantos alertas por nós disparados estava a atitude omissa das autoridades diante do derrame de carros novos no mercado, uma vez que as montadoras foram beneficiadas com uma redução temporária do IPI para determinados modelos de automóveis.
A previsão de outrora pode ser facilmente constatada nas ruas e avenidas das principais cidades brasileiras, que hoje sofrem com a chamada falta de mobilidade urbana. Com esse derrame de carros novos, muitas capitais viram o já caótico trânsito piorar sobremaneira. A nossa cobrança à época era que o governo federal, que lutava contra a crise financeira internacional, tinha o dever de destinar parte do excesso de arrecadação para investimentos em mobilidade urbana.
Como se não bastasse esse caos que ora impera nas principais metrópoles verde-louras, o repentino e descomunal crescimento da frota nacional de veículos vem obrigando o Brasil a importar combustíveis. E nesse processo de importação há gasolina e etanol. Não faz muito tempo, Lula da Silva circulou pelo planeta para alardear os benefícios do combustível verde, como se fosse ele o pai da ideia. Tempos depois, o mesmo Lula peregrinou na condição de xeique tupiniquim do petróleo, embalado pela descoberta de jazidas de petróleo e gás na camada pré-sal.
A importação de gasolina, a um custo 30% maior do que o preço que a Petrobras vende ao mercado interno, faz com que a estatal petrolífera seja obrigada diariamente a sangrar seus cofres, o que causa prejuízo descomunais aos acionistas. Em qualquer país minimamente sério, as autoridades responsáveis por esse cenário já estariam demitidas e em casa, aproveitando o ócio que um bom pijama proporciona. A importação de etanol decorre de outra falha grosseira do Estado. Com o advento dos veículos bicombustível, o consumo de etanol disparou no País, sem que nenhum investimento no setor tenha integrado os planos do governo federal. Sem cana de açúcar suficiente para produzir o combustível renovável, os usineiros agora aguardam uma solução do Palácio do Planalto para o setor.
Contudo, há nesse cenário sucroalcooleiro outra situação gritante de falta de planejamento. Com a falta de matéria-prima, as caldeiras das usinas trabalham aquém da capacidade. Tal situação permite que a pressão interna de uma caldeira seja aumentada, o que na ponta gera energia elétrica. Mas como disse certa feita um conhecido e fanfarrão filósofo de botequim, “nunca antes na história deste país”.
Fonte: Ucho.Info
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