terça-feira, 11 de outubro de 2011

INDIFERENÇA À VIDA, AGONIA NO MEIO DA RUA

Alberto Nascimento Sant'Anna, comerciário que trabalha no Shopping Vitória e sofreu um AVC em frente ao prédio da Assembléia Legislativa, é removido do Hospital Sâo Lucas para o Hospital Central

Alberto Nascimento Santana, 29, foi levado por um comerciante para o Hospital São Lucas e transferido para o Hospital Central, em Vitória, onde está em estado grave

Sofrimento"Eu estou deprimido. Me sinto mal desde a manhã de domingo. Fico imaginando que poderia ter visto ele mais cedo, ou no dia anterior."
Dirceu Paigel comerciante, que socorreu Alberto Santana

"É uma vergonha ver meu neto passar por isso. Logo eu que já salvei tantas vidas e, agora, não sei o que fazer. Entrego a Deus."
Dineri Maria Ribeiro, avó de Alberto, enfermeira aposentada


Foram cerca de oito horas de espera, até que o vendedor Alberto Nascimento Santana, 29 anos, fosse socorrido pelo comerciante Dirceu Paigel, e levado por ele até o Hospital São Lucas. O socorro pode ter salvado a vida de Alberto, que permanece internado, em estado grave, na UTI do Hospital Central, após sofrer dois Acidentes Vasculares Cerebral (AVCs).

Ele foi transferido de hospital cerca de 33 horas depois de ser socorrido, a espera de um leito. E sua situação ainda é grave.

O que mais assusta é o fato de o vendedor ter sofrido os AVCs nas escadarias da Assembleia Legislativa, na Capital, entre 22 e 23 horas do último sábado, após sair da loja onde trabalha, no Shopping Vitória.

"Imaginar que um monte de gente viu esse rapaz passando mal e ninguém o socorreu é horrível. Fico imaginando que poderia ter visto ele mais cedo", diz Dirceu Paigel.

SocorroEle voltava de uma padaria, em direção à sua casa, quando viu Alberto deitado na escada. "No começo, fiquei com receio. Mas precisava saber se estava tudo bem. Quando vi que ele precisava de ajuda, cheguei a pedir por socorro aos que estavam no ponto de ônibus, mas eles tinham medo. Falavam que ele era um drogado, um viciado... Não interessa. Ele precisava de ajuda", relata o comerciante.

Ele decidiu, então, socorrê-lo sozinho. "Quando o Alberto apertou minha mão, vi que estava consciente. Deve ter sido horrível ficar lá, jogado, e ver que ninguém queria ajudá-lo", lamenta Paigel.

A família, revoltada, resolveu fazer um boletim de ocorrência, no domingo, alegando omissão de socorro. "Ninguém o ajudou. Nem a polícia. Isso é um absurdo. Tudo o que aconteceu é um absurdo", conta a mulher dele, Flávia Silva de Paula, 26 anos, casada há três anos.

A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) afirma que nenhuma viatura da Polícia Militar foi ao local, mesmo sem ser acionada, nem houve pedido de socorro.

AVC em jovens é raro, diz médica
Segundo a neurologista clínica Gisele Alves de Oliveira, não é comum um jovem sofrer Acidente Vascular Cerebral (AVC), como Alberto Nascimento Santana, 29. "Não é muito comum, nessa idade, o AVC isquêmico, quando entope alguma artéria ou veia. É menos raro o aneurisma hemorrágico, quando o sangue nem chega a entrar no cérebro, mas fica no crânio, podendo causar morte cerebral", diz especialista

Maurilio Mendonça - A Gazeta

Um comentário:

  1. eu fico pensando na hipocrisia da sociedade, que bota o dedo na cara de seus políticos, quando episódios lamentáveis como esse, não mexer com a humanidade de ninguém, se fosse um branco engravatado, seria ajudado, a pessoa pensaria, poxa vou ajudar esse cara, vai que é um cara rico... então é isso, foi um péssimo exemplo para os capixabas.

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