Tom dos discursos contra ditadura incomoda comandantes das três Forças
Presentes na cerimônia no Palácio do Planalto, os três comandantes militares não esconderam o incômodo com o tom dos duros discursos contra a ditadura militar. (...)
Sentados um ao lado do outro, os comandantes da Marinha, almirante Julio Soares de Moura Neto, do Exército, general Enzo Peri, e da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, não acompanharam, em vários momentos, os aplausos de parlamentares, ministros, ex-militantes e familiares de perseguidos políticos. Só aplaudiram, protocolarmente, o encerramento do discurso da presidente Dilma Rousseff.
Os militares permaneceram imóveis durante quase todo o discurso do presidente da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, o advogado Marco Antonio Barbosa, escolhido para falar em nomes dos familiares de ex-militantes de esquerda. Barbosa lembrou os desaparecidos.
- Não foi plenamente atendida a reivindicação do direito milenar e sagrado da família de enterrar seus mortos... As legislações não foram suficientes para localizar os restos mortais de todos os mortos - disse Barbosa.
- A Lei de Anistia criou a esdrúxula figura dos crimes conexos, como se aqueles fossem crimes políticos e não de fato. Era o intuito dos donos do poder à época - completou.
A solenidade foi marcada também por cenas de emoção, com mais um reencontro da presidente Dilma com ex-companheiras de cela e com familiares de desaparecidos políticos, como as filhas do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido desde 1971, depois de ser levado de sua casa, no Rio, por agentes da Aeronáutica, e de João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart.
Dilma esteve presa na Torre das Donzelas, no alto do presídio Tiradentes, em São Paulo. Duas de suas ex-companheiras de cadeia estavam no Palácio do Planalto prestigiando a cerimônia: Rita Sipahi e Maria Aparecida Costa. Dilma abraçou cada uma, e elas conversaram rapidamente.
- É um momento histórico. A criação dessa comissão é um marco para a História do país. Só podia ser ela - elogiou Maria Aparecida.
Rita contou que Dilma, ao cumprimentá-la, lembrou de seu apelido na prisão. Mas ela não revela.
- Não é o nome de guerra da gente no combate à ditadura. Eram apelidos com os quais nos tratavam na cela - disse Rita.
A ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, conduziu a presidente no encontro com os familiares. Muito emocionada, Rosário chorou.
O evento foi marcado também pela presença de vários nomes citados para integrar a Comissão da Verdade. Dilma indicará os sete integrantes do grupo. Estavam no Palácio o ex-ministro Nilmário Miranda, o ex-advogado de presos políticos Belisário Júnior e o procurador Marlon Weichert, de São Paulo.
O ministro da Defesa, Celso Amorim, afirmou não haver resistência das Forças Armadas sobre a criação da Comissão da Verdade.
- É um momento histórico - disse Amorim.
Evandro Éboli e Chico de Gois
Presentes na cerimônia no Palácio do Planalto, os três comandantes militares não esconderam o incômodo com o tom dos duros discursos contra a ditadura militar. (...)
Sentados um ao lado do outro, os comandantes da Marinha, almirante Julio Soares de Moura Neto, do Exército, general Enzo Peri, e da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, não acompanharam, em vários momentos, os aplausos de parlamentares, ministros, ex-militantes e familiares de perseguidos políticos. Só aplaudiram, protocolarmente, o encerramento do discurso da presidente Dilma Rousseff.
Os militares permaneceram imóveis durante quase todo o discurso do presidente da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, o advogado Marco Antonio Barbosa, escolhido para falar em nomes dos familiares de ex-militantes de esquerda. Barbosa lembrou os desaparecidos.
- Não foi plenamente atendida a reivindicação do direito milenar e sagrado da família de enterrar seus mortos... As legislações não foram suficientes para localizar os restos mortais de todos os mortos - disse Barbosa.
- A Lei de Anistia criou a esdrúxula figura dos crimes conexos, como se aqueles fossem crimes políticos e não de fato. Era o intuito dos donos do poder à época - completou.
A solenidade foi marcada também por cenas de emoção, com mais um reencontro da presidente Dilma com ex-companheiras de cela e com familiares de desaparecidos políticos, como as filhas do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido desde 1971, depois de ser levado de sua casa, no Rio, por agentes da Aeronáutica, e de João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart.
Dilma esteve presa na Torre das Donzelas, no alto do presídio Tiradentes, em São Paulo. Duas de suas ex-companheiras de cadeia estavam no Palácio do Planalto prestigiando a cerimônia: Rita Sipahi e Maria Aparecida Costa. Dilma abraçou cada uma, e elas conversaram rapidamente.
- É um momento histórico. A criação dessa comissão é um marco para a História do país. Só podia ser ela - elogiou Maria Aparecida.
Rita contou que Dilma, ao cumprimentá-la, lembrou de seu apelido na prisão. Mas ela não revela.
- Não é o nome de guerra da gente no combate à ditadura. Eram apelidos com os quais nos tratavam na cela - disse Rita.
A ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, conduziu a presidente no encontro com os familiares. Muito emocionada, Rosário chorou.
O evento foi marcado também pela presença de vários nomes citados para integrar a Comissão da Verdade. Dilma indicará os sete integrantes do grupo. Estavam no Palácio o ex-ministro Nilmário Miranda, o ex-advogado de presos políticos Belisário Júnior e o procurador Marlon Weichert, de São Paulo.
O ministro da Defesa, Celso Amorim, afirmou não haver resistência das Forças Armadas sobre a criação da Comissão da Verdade.
- É um momento histórico - disse Amorim.
Evandro Éboli e Chico de Gois
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