sexta-feira, 18 de novembro de 2011

OS SINAIS DE DILMA

Apesar das primeiras impressões sombrias, a reunião entre o governador Renato Casagrande (PSB) e a presidente Dilma rendeu notícias boas e notícias ruins. As boas: Dilma sinalizou que vai vetar o projeto sobre os royalties, se a Câmara mantiver o texto aprovado no Senado. Também indicou que trabalha para deixar a questão para 2012.
As ruins: ela não vai comandar a negociação, nem vai ceder fatia maior de recursos para saciar os Estados não produtores. É algo que beira a omissão, porque foi o governo federal quem criou essa discórdia, ao propor um novo modelo de exploração de petróleo. Além disso, ela quer a aprovação imediata do projeto que reduz as alíquotas de ICMS em operações entre os Estados. Essa medida extingue o Fundap e se tornou agora a nossa maior ameaça.

Em relação aos royalties, a impressão é de que o Espírito Santo e Rio saíram do canto do ringue e ganharam tempo e fôlego para a briga no próximo ano. E embora a presidente siga à distância do debate, a fala dela trouxe duas sinalizações positivas.

A primeira: a discussão sobre os royalties em 2012 pode jogar a possível perda de recursos para 2013, porque a redução da receita não pode ocorrer no ano corrente. E o Estado pode tentar um acordo na comissão especial que será criada sobre o tema. Essa, pelo menos, é a expectativa de integrantes da bancada federal. Aliás, a comissão estaria sendo criada por interferência da presidente.

Outro sinal positivo foi o possível veto. Isso se for mantido o texto aprovado no Senado. A presidente disse desconfiar dos números apresentados pelo senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), além de temer pela questão federativa. De todo modo, se ocorresse, o veto reforçaria os argumentos jurídicos dos Estados produtores.

Agora, o lado ruim. Lideranças ainda consideram que a participação de Dilma é fundamental. "Não sei se sem a intermediação dela conseguiremos um acordo", reconhece o governador.

Mas muito, muito pior que isso é a iminência de perda do Fundap. Dilma disse que a medida é uma proteção contra a crise econômica internacional. Por isso, deve ser aprovada com urgência, para favorecer a indústria.

Em razão desse quadro, Casagrande defendeu que o Estado tenha compensações para prejuízos às finanças das cidades e do governo, e para a possível fuga de empresas e o desemprego que fatalmente ocorrerão. Além disso, também seria necessária uma regra de transição diferenciada.

Por enquanto, não há garantias desses pontos, embora Casagrande tenha iniciado conversas nesse sentido com o governo federal. De qualquer forma, é preciso definir rapidamente uma estratégia e iniciar logo uma mobilização para desmontar essa bomba ainda mais letal que a dos royalties.
Cena Política

O deputado Hércules Silveira (PMDB) chegou a ir ao início da Marcha contra a Corrupção, em Vitória, na Praia de Camburi. Mas, diante dos olhares pouco receptivos dos manifestantes, desistiu e achou melhor não participar. "Se vai causar constrangimento, é melhor eu não ir", justificou o deputado. Para uma raposa política que o viu o local, fora a saia justa, Hércules teria escapado de tomar uma vaia. Será?

Ordem de Dilma?

Após reunião ontem, cerca de 70 deputados federais do PT decidiram atuar pelo adiamento da votação do projeto sobre os royalties. A intenção seria buscar um acordo federativo e acabar com a disputa entre produtores e não produtores de petróleo. Pelo visto, é mais um sinal da ação da presidente Dilma Rousseff no tema.

Mobilização
Em relação aos royalties, o governador Renato Casagrande disse que a bancada na Câmara seguirá atuando para impedir a votação. Quanto ao projeto sobre o ICMS, Casagrande afirma que se articula com governadores de Estados que também perderão incentivos fiscais. E pediu aos três senadores do Estado que tentem derrubar a urgência para a votação da matéria

Fonte: Praça oito - A Gazeta

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