sexta-feira, 25 de novembro de 2011

SEM APOIO DO PP, NEGROMONTE É MAIS UM COTADO PARA CAIR

Mário Negromonte, ministro das cidades - Editoria: Política - Foto: Marcello Casal Jr/ ABr

Com aval de Negromonte, funcionários teriam alterado documento de obra da Copa

A Fraude
Mudanças
Projeto:
Segundo denúncias, o Ministério das Cidades teria forjado documento que autorizou mudanças no projeto de mobilidade urbana em Cuiabá (MT), ampliando o custo da obra para R$ 1,2 bilhão, R$ 700 milhões a mais do que o original
Alteração:
O projeto inicial previa a construção de um corredor de ônibus - BRT (Bus Rapid Transit). Em junho, o governo de Mato Grosso anunciou que pretendia trocar o BRT pela implantação de um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT)
Apoio:
Para obter ajuda financeira do governo federal, o governo de Mato Grosso necessitava de um parecer favorável do Ministério das Cidades
Versões:
Um parecer, assinado pelo analista de infraestrutura da pasta Higor Oliveira Guerra, diz "não haver posição clara sobre a melhor tecnologia" e pede realização de estudo de viabilidade. Mas a diretora deu novo parecer, que dizia que "os estudos apresentados pelo governo do Estado do Mato Grosso contemplaram a simulação de dois cenários, para BRT e para VLT"


Brasília

A situação do ministro das Cidades, Mário Negromonte, ficou ainda mais frágil, após denúncia de que a pasta fraudou documento para aprovar proposta milionária. Abandonado pela cúpula do PP, Negromonte está sendo "fritado" pelos próprios colegas de partido. Eles reivindicam a manutenção da pasta nas mãos da legenda, mas querem substituir Negromonte por outro correligionário durante a reforma ministerial, que a presidente Dilma Rousseff pretende fazer no início de 2012.

Após reportagem publicada ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo, o Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF-DF) instaurou investigação para apurar suposta fraude em nota técnica do Ministério das Cidades.

O documento teria sido alterado para aprovar mudança no projeto de mobilidade urbana para Copa em Cuiabá (MT), em parecer que vetava a alteração. Segundo o MPF-DF, o objetivo é apurar possível prática de improbidade administrativa por gestores do ministério.

A reportagem afirma que houve uma mudança de parecer técnico da pasta a pedido do governador do Mato Grosso, Sinval Barbosa (PMDB), e do próprio ministro Negromonte.

A Procuradoria da República em Mato Grosso, que já vinha fazendo esse acompanhamento em procedimento investigatório prévio às denúncias divulgadas ontem, irá analisar o impacto causado com a mudança no projeto - ampliando o custo da obra para R$ 1,2 bilhão, R$ 700 milhões a mais do que o previsto na proposta original.

IsoladoNegromonte está isolado dentro do próprio PP há, pelo menos, seis meses. A maioria da bancada da Câmara e do Senado não o apoia, o acusa de incompetência e quer vê-lo fora do Ministério. Nesse cenário e sem respaldo político do PP, Negromonte é dado como carta fora do baralho dentro de seu próprio partido. Mas assim como fez com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), a presidente Dilma está disposta a manter Negromonte até a reforma ministerial.

Oposição quer convocar ministro
A oposição cobrou investigação sobre a denúncia de fraude na obra de mobilidade urbana em Cuiabá (MT) para a Copa do Mundo de 2014. O PSDB acionou o Ministério Público Federal do Distrito Federal, enquanto o PPS quer uma análise do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o caso.

Deputados e senadores oposicionistas querem ainda ouvir o ministro das Cidades, Mário Negromonte. O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), representou junto ao Ministério Público pedindo inquérito contra Negromonte e quatro servidores da pasta para apurar a existência de crime de improbidade administrativa. Foi pedido o afastamento do cargo de todos eles.

Para Nogueira, a fabricação de outro parecer com o mesmo número de outro de teor contrário visa ocultar provas de irregularidades. O PPS, por sua vez, acionou a Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara com um pedido para que o Tribunal de Contas da União (TCU) também investigue a denúncia. A ação foi feita por meio de um pedido para a criação de uma Proposta de Fiscalização e Controle.

Documento foi apenas revisado, diz diretora
No papel de porta-voz do ministro Mário Negromonte, a diretora de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Luiza Vianna, anunciou a abertura de uma sindicância, não para apurar a fraude na aprovação do modelo de transporte, mas para identificar como a nota técnica original, contrária ao projeto, foi parar no processo.

Ela negou que tenha havido fraude e explicou que o documento original foi apenas revisado. "A nota técnica foi revisada porque continha vícios de linguagem e de opinião pessoal". Luiza apontou o analista técnico Higor Guerra como o responsável por quaisquer irregularidades.

Fonte: A Gazeta

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