sexta-feira, 21 de março de 2014

PASADENAGATE



refinaria_pasadena_02Sol quadrado – Dilma Vana Rousseff, a especialista em minas e energia que chegou à Presidência da República, cometeu um grave erro ao alegar, por meio de nota oficial, que foi induzida a erro na aquisição, pela Petrobras, de uma obsoleta refinaria em Pasadena, no estado norte-americano do Texas. A explicação reverberou negativamente e saiu do controle dos palacianos. A explicação dada por Dilma, que à época do negócio era presidente do Conselho de Administração da Petrobras, não apenas comprovou a sua conhecida incompetência, mas acirrou os ânimos dos outros conselheiros da petroleira nacional.
Com a repercussão do caso no noticiário nacional, os conselheiros se rapidamente defenderam e acabaram colocando Dilma em situação de extrema dificuldade. Dilma informou que o laudo técnico que recomendou a aquisição era “falho”, enquanto o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou que as referidas cláusulas contratuais são “normais” em negócios desse naipe. Ou seja, há algo muito errado nesse negócio.
Considerando que a Petrobras, com a anuência de Dilma Rousseff, adquiriu por US$ 1,18 bilhão uma refinaria – ultrapassada e que não atende às necessidades da empresa – que anos antes foi comprada por US$ 42 bilhões, qualquer cidadão, até mesmo o mais desavisado, há de concluir que se trata de um escândalo que facilmente pode ser rotulado como “batida de carteira”, quiçá não seja o maior roubo da história verde-loura.
No vácuo do da reverberação do escândalo, a tropa de choque petista que atua na rede mundial de computadores arrefeceu os ânimos e sequer vem comentando o caso, até porque não há como explicar o inexplicável. Os ataques chulos e ofensivos aos críticos do desgoverno do PT reduziram drasticamente, o que confirma a covardia desses terroristas cibernéticos de aluguel.
A grande questão nesse imbróglio é que os partidos de oposição no Congresso Nacional começaram a coletar assinaturas para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a aquisição da refinaria de Pasadena e o escândalo da empresa holandesa SBM, que segundo denúncias do governo da Holanda pagou propina a funcionários da petroleira para conseguir contratos de locação de plataformas marítimas utilizadas na exploração de petróleo. Somados, os dois escândalos ultrapassam a marca de R$ 3 bilhões, o que em qualquer país minimamente sério já teria levado os responsáveis para a cadeia.
Ucho.Info

domingo, 9 de março de 2014

UMA ELEIÇÃO CHEIA DE "POSTES"

GAUDÊNCIO TORQUATO - O Estado de S.Paulo
A ideia lançada por Lula pegou: a eleição de outubro deverá ser a mais povoada de "postes" nestes tempos cheios de surpresas, reviravoltas e maquinações no terreno político. No Maranhão, no Ceará, em Pernambuco e na Bahia, candidatos tirados do bolso do paletó dos chefes do Poder Executivo começam a "iluminar" o ambiente regional, na esteira da nova liturgia que se instala na paisagem: a elevação de perfis ao altar de governador de Estado sem os escolhidos passarem pelo longo corredor de mandatos parlamentares e, na maioria dos casos, sem terem obtido um voto popular sequer em sua trajetória.
O fato não chega a ser uma novidade, eis que tanto a chefe da Nação como o prefeito da maior cidade do País tomaram seus assentos sem nunca se terem submetido ao sufrágio universal. Coisas novidadeiras numa cultura política escrita com o lápis de caciques e sob a tradição de costumes passados de pais para filhos, cuja expressão de modernidade é mais a idade dos novos coronéis do que pensamento comprometido com reformas na seara política.
Nos férteis terrenos eleitorais do PT, feitos extraordinários costumam ser creditados ao feeling do ex-presidente Luiz Inácio, que escolhe e impõe nomes ao partido, como ocorreu com a presidente Dilma Rousseff e o prefeito Fernando Haddad. Maior liderança popular e mais forte cabo eleitoral do País, "respirando política por todos os poros", como dele se costuma dizer, sua vontade é ordem e sua orientação, lei. Não sobra perfil capaz de contrariá-lo. Seguindo essa vereda, os governadores Cid Gomes, Roseana Sarney, Eduardo Campos - pré-candidato à Presidência - e Jaques Wagner, entre outros, dão mostras de que o modo lulista de escolher candidato é a "invenção da vez". Pode ser até uma forma menos democrática, por privilegiar o recorrente mote "quem é dono da flauta dá o tom". Mas, inegavelmente, é medida prática. Evita discussões prolongadas entre aliados, acelera a formação de parcerias, antecipa o jogo eleitoral, na medida em que os preteridos passam a seguir outros rumos, enquanto eventuais dissabores passam a ser administrados no balcão de recompensas. Afinal de contas, qual o significado desse novo modus faciendi?
Sobressai, primeiro, a sensação de um sopro de renovação na esfera política. Algo como, se a reforma política está emperrada no Congresso, a sociedade à sua maneira pavimenta o caminho de novas lideranças, elegendo perfis assépticos, não contaminados pelo vírus da corrupção, particularmente quadros técnicos com experiência na administração pública. À inércia do poder centrífugo (Legislativo, Executivo) reage o poder centrípeto (a força social organizada), que identifica na planilha de nomes aqueles com capacidade de representar as demandas populares. Portanto, o novo ordenamento condiz com o clima social. Há muito se clama por partidos com programas claros e consistentes; representantes mais próximos das comunidades; um sistema de votação que contemple quadros de maior expressão eleitoral, sem puxar para a Câmara candidatos de parca votação; figuras que desfraldem os valores republicanos.
As imagens são inescapáveis: o copo de água suja transbordou. Ou, ainda, não há mais como jogar para debaixo do tapete o lixo acumulado pela velha política. O eleitor mostra-se cansado de ouvir as mesmas lorotas. A cada legislatura se recorre à pregação da reforma política. Às vésperas do pleito, o saldo é zero. Como ir às urnas respirando os ares poluídos que há décadas contaminam os pulmões da República? Pouca coisa muda e, ante a inação do Poder Legislativo em matéria eleitoral, as decisões, mesmo homeopáticas e de pouco empuxo na escala dos avanços, acabam sendo tomadas pelo Judiciário. Os últimos retoques no reboco do velho casarão das urnas acabam de ser dados pelo Tribunal Superior Eleitoral, que proibiu o uso de telemarketing em campanhas eleitorais, obrigando, ainda, à adoção de legenda ou à língua de sinais (Libras) nos debates a serem promovidos pela TV. Por falta de densidade (responsabilidade do Legislativo), a Justiça Eleitoral usa o pincel para uma rápida camada cosmética. Mais uma questão de lana-caprina.
E assim as frustrações das camadas sociais se vão acumulando e disparando os mecanismos de cognição dos conjuntos eleitorais. O primeiro movimento é na direção das caras novas no palco da política. Na parede dos velhos retratos a atenção se volta para a última foto, a figura desconhecida, o sinal diferenciado no painel da mesmice. "Quem sabe esta pessoa não faria melhor do que o fulano (quem foi mesmo?) em quem votei na última vez (quando mesmo)?" - essa é a dúvida do eleitor. Portanto, os dirigentes tirados da cartola por Lula e os "postes" que tentarão exibir sua luz nos próximos meses são, na verdade, extensões simbólicas do ciclo que se abre na política por força de uma nova disposição social, cuja inspiração é querer romper com velhos paradigmas. Para chegar à Presidência não há mais necessidade de longa carreira política, como a que teve Jânio Quadros. Eleito suplente de vereador em 1947, assumiu o mandato com a cassação de vereadores; depois, foi o deputado estadual mais votado (1951) e, em seguida, prefeito de São Paulo (1953), governador do Estado (1955), deputado federal pelo Paraná (1958, mas não exerceu o mandato), presidente da República (1961) e novamente prefeito de São Paulo (1985).
A par dos traços de assepsia política presentes nos perfis dessa nova geração de dirigentes, o feitio técnico complementa a identidade, a denotar sua agregação à esfera da administração planejada e consequentes programas com foco em prioridades, ações balizadas por critérios racionais e de pouco comprometimento com populismo eleitoreiro. Esse é o dilema que enfrentam, pois a modelagem técnica das gestões nem sempre resulta em urnas fartas. O consolo é constatar que o voto começa a deixar o coração do brasileiro para chegar à cabeça

VERGONHOSO APOIO A MADURO

O Estado de S.Paulo
Em vez de assumir suas responsabilidades e pressionar o governo da Venezuela a dialogar com a oposição para superar a violenta crise no país, o governo brasileiro prefere fazer de conta que nada está acontecendo. O assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, esteve recentemente na Venezuela e disse que há uma "valorização midiática" dos confrontos. "O país não parou, as coisas estão funcionando", afirmou Garcia. Não se trata de autismo, mas de uma estudada farsa, cujo objetivo é fazer crer que Nicolás Maduro tem a situação sob controle e que as manifestações só são consideradas importantes pelos "veículos de comunicação internacionais".
Desse modo, o governo petista continua a seguir a estratégia de desmerecer os protestos contra o chavismo, como se estes fossem mero alarido de quem foi derrotado nas urnas, e não uma legítima expressão de descontentamento com os rumos que o país tomou nos últimos anos. Essa política explica por que o Brasil aceitou subscrever a indecente nota do Mercosul que criminalizou os oposicionistas venezuelanos.
Enquanto Garcia finge que tudo não passa de invenção da imprensa - segundo ele, Maduro vai se encontrar com jornalistas estrangeiros para "aclarar os fatos" -, a situação na Venezuela se deteriora a cada dia. Um dos mais importantes sinais de que a desestabilização pode estar se espalhando inclusive entre os militares foi a destituição de três coronéis da Guarda Nacional Bolivariana. Eles são acusados de criticar a repressão aos manifestantes.
Além disso, em inegável tom de confronto, Maduro ordenou, durante um desfile militar, que as milícias chavistas dissolvessem barricadas erguidas por manifestantes. Esses grupos paramilitares, que agem impunemente à margem da lei, são justamente a vanguarda da repressão oficial aos manifestantes. O número de mortos em um mês de protestos já chega a 20, e há inúmeras denúncias de violações de direitos humanos por parte das forças governistas.
Foi diante desse quadro que um grupo de ex-presidentes latino-americanos, entre os quais Fernando Henrique Cardoso, decidiu publicar uma carta na qual critica a "repressão desmedida" contra "manifestações estudantis de protesto pacífico" e cita, com preocupação, os testemunhos de "tortura e tratamento desumano e degradante por parte de autoridades". A mensagem exorta Maduro a, "sem demora", criar condições para o diálogo com a oposição, pedindo o "fim imediato" da perseguição a estudantes e dirigentes oposicionistas, o fim da hostilidade à imprensa independente e a libertação dos detidos nos protestos, em especial do líder Leopoldo López - acusado pelo governo de ser o principal articulador dos protestos.
Era essa a mensagem que deveria constar das manifestações da diplomacia brasileira em relação à crise venezuelana, e não o cinismo de quem acha que nada está acontecendo. Mas o governo petista prefere endossar a beligerância de Maduro - que rompeu relações com o Panamá apenas porque esse país sugeriu uma reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA) para discutir a situação. A OEA, como se sabe, é para os chavistas o equivalente à encarnação do diabo, por ter os Estados Unidos como membro.
Conforme informou Marco Aurélio Garcia, a única instância aceitável de diálogo para Maduro é, claro, a União de Nações Sul-americanas (Unasul) - aquela que, em sua última reunião de cúpula, exaltou o "impulso visionário" do falecido caudilho Hugo Chávez para a criação da entidade e que é atualmente presidida pelo notório Dési Bouterse, ex-ditador e atual presidente do Suriname, procurado pela Interpol por narcotráfico.
Sem poder contar com os países vizinhos mais importantes para constranger Maduro a interromper a violência e negociar de fato, resta à oposição seguir a prudência de Henrique Capriles, seu principal líder. Para ele, embora os protestos sejam legítimos, a única solução para a crise é a "saída eleitoral", porque "a maioria do país apoia a Constituição e quer viver numa democracia".

MEXENDO COM FOGO

dilma_rousseff_373 É no mínimo inconcebível o fato de a estrutura do governo ser transformada em comitê de campanha, como faz a presidente Dilma Vana Rousseff com a máquina palaciana. Almejar a reeleição é um direito que a presidente tem – e como tal deve exercê-lo –, mas não se pode confundir os interesses do País com os objetivos de sua campanha política. O Brasil está paralisado há alguns anos, mas para agravar o cenário agora vive uma crise política grave, que coloca a nação mais adiante na rota do descompasso.
Preocupada em não perder o tempo de televisão a que tem direito o PDMB, Dilma tenta sufocar a rebelião que eclodiu no principal partido político da base aliada. A ideia da presidente é isolar o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ), parlamentar hábil e profundo conhecedor do jogo político. É verdade que Cunha tem seus pontos de vulnerabilidade, os quais poderiam ser atacados pelos palacianos durante eventual reação mais acirrada, mas é preciso lembrar que o líder peemedebista, se cair, o fará atirando até o final.
Quando Eduardo Cunha foi escolhido para liderar o PMDB na Câmara, o ucho.infoalertou para o detalhe de que o governo teria sérios problemas de relacionamento com o partido. E isso está se confirmando sem muito esforço, pois o peemedebista fluminense é dono de currículo político conhecido. Mesmo que sua capacidade de arregimentação seja grande, Eduardo Cunha não está agindo à revelia da cúpula do partido. Na verdade, ele age com o apoio velado dos caciques peemedebistas, que cobram mais e melhores postos no governo para que o partido continua no projeto de reeleição de Dilma Rousseff.
Lula, o lobista que continua dono do governo, vem operando nos bastidores para tentar conter a crise que surgiu entre petistas e peemedebistas, que nos últimos dias têm troca insultos publicamente. A situação começa a escapar do controle do Palácio do Planalto e o PMDB já cogita lançar candidato próprio à Presidência da República, o que atrapalharia os planos do PT. A ideia é lançar o destemperado Roberto Requião, senador e ex-governador do Paraná, como postulante ao cargo. Se isso acontecer, Dilma precisara da barba de Lula para colocá-la de molho, porque com o novo cenário as pesquisas eleitorais divulgadas até então aterrissarão na seara do mero devaneio.
Dilma tem ouvido os conselhos nada sensatos do marqueteiro João Santana e do “companheiro de armas” Franklin Martins, que tem defendido a tese de que batendo incondicionalmente na classe política a presidente há de crescer em meio à opinião pública. A continuar nessa trilha perigosa, Dilma só tem a perder, uma vez que o PMDB é formado por profissionais da política. Em suma, o fogo é alto, a temperatura política está elevada e a fervura da sucessão tende a subir