Em e-mail, ex-presidente do Panamericano revela expectativa com venda para a Caixa
Executivos do Panamericano cogitaram procurar o Banco do Brasil (BB) se não conseguissem vender a instituição para a Caixa Econômica Federal. É o que revelam e-mails trocados entre Rafael Palladino, ex-presidente do Panamericano, e Guilherme Stoliar, sobrinho e braço direito de Silvio Santos. As mensagens foram apreendidas pela Polícia Federal no inquérito que apura as fraudes de R$ 4,3 bilhões no Panamericano.
Ainda assim, a prioridade era a negociação com a Caixa. "Com a grife da Caixa, vamos encher a burra de dinheiro", escreveu Palladino a Stoliar no dia 9 de janeiro de 2009. A venda de metade do Panamericano para o banco do governo, por R$ 740 milhões, foi selada em novembro daquele ano. Palladino também afirmou que o fechamento da operação acabaria com o "problema de captação de grana".
Naquele momento, o sistema bancário sentia os efeitos da crise financeira global. Pequenos e médios bancos enfrentavam dificuldades para captar dinheiro no mercado. Nos e-mails, fica claro que os executivos enxergavam no governo a salvação para os problemas do Panamericano.
No dia em que o Banco do Brasil anunciou a compra de metade do Votorantim, Palladino escreveu a Stoliar: "É exatamente isso que temos de fazer com a Caixa Federal. Se não der, vamos bater no Banco do Brasil. Fechando isso, o grupo vai ficar líquido para pagar todos os compromissos".
Stoliar respondeu: "Na conversa que tive com ele (referência a Silvio Santos), falamos da venda, ele está 100% de acordo e acha que é o nosso melhor caminho. Certamente ele já deve ter lido sobre o Votorantim".
Poucos meses antes dessa troca de e-mails, o Panamericano havia batido à porta do Banco do Brasil, mas por outro motivo, como revelou o Estado ontem. A instituição que, naquele momento, pertencia 100% ao Grupo Silvio Santos, tentou vender ao BB carteiras de crédito.
O banco estatal considerou sofrível a qualidade dos empréstimos oferecidos, rejeitou a maior parte das carteiras e comprou apenas uma pequena parcela considerada de risco mais baixo.
"Amigos". Em outro e-mail, Stoliar relata a Palladino um jantar que tivera na noite anterior com Silvio Santos. Na mensagem, conta como estava a negociação do Panamericano com a Caixa e afirmou ter comentado com o empresário que alguns "amigos" estavam ajudando na tarefa.
"Disse que vocês estão trabalhando firme para vender parte do banco e que, provavelmente, teremos a ajuda dos "amigos" nessa venda", escreveu. "Disse a Silvio quem eram os "amigos" e ele ficou de boca aberta, como qualquer um ficaria."
Para os investigadores, os "amigos" seriam políticos. Em meio às dificuldades, os executivos que comandavam o Panamericano tentaram montar uma rede de contatos políticos.
Os documentos da PF mostram que eles se comunicavam com Luiz Gushiken, ex-ministro do governo Lula, e procuraram a ajuda do presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP). Além disso, tentaram convencer fundos de pensão de estatais a aplicar dinheiro no banco.
Stoliar termina a mensagem com mais uma referência a Silvio Santos. "Acho que é muito importante que Silvio esteja bem por dentro do que está acontecendo, para não ter medo e até para poder ajudar."
O escândalo do Panamericano estourou em 9 de novembro de 2010, menos de um ano depois da compra feita pela Caixa Econômica Federal. Socorrida pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), a instituição teve a fatia de Silvio Santos vendida para o BTG Pactual.
Procurados, Guilherme Stoliar, que atualmente é o principal executivo do Grupo Silvio Santos, e Rafael Palladino, indiciado pela PF como um dos responsáveis pelo rombo no Panamericano, não quiseram comentar.
Fonte: O Estado de São Paulo
Executivos do Panamericano cogitaram procurar o Banco do Brasil (BB) se não conseguissem vender a instituição para a Caixa Econômica Federal. É o que revelam e-mails trocados entre Rafael Palladino, ex-presidente do Panamericano, e Guilherme Stoliar, sobrinho e braço direito de Silvio Santos. As mensagens foram apreendidas pela Polícia Federal no inquérito que apura as fraudes de R$ 4,3 bilhões no Panamericano.
Ainda assim, a prioridade era a negociação com a Caixa. "Com a grife da Caixa, vamos encher a burra de dinheiro", escreveu Palladino a Stoliar no dia 9 de janeiro de 2009. A venda de metade do Panamericano para o banco do governo, por R$ 740 milhões, foi selada em novembro daquele ano. Palladino também afirmou que o fechamento da operação acabaria com o "problema de captação de grana".
Naquele momento, o sistema bancário sentia os efeitos da crise financeira global. Pequenos e médios bancos enfrentavam dificuldades para captar dinheiro no mercado. Nos e-mails, fica claro que os executivos enxergavam no governo a salvação para os problemas do Panamericano.
No dia em que o Banco do Brasil anunciou a compra de metade do Votorantim, Palladino escreveu a Stoliar: "É exatamente isso que temos de fazer com a Caixa Federal. Se não der, vamos bater no Banco do Brasil. Fechando isso, o grupo vai ficar líquido para pagar todos os compromissos".
Stoliar respondeu: "Na conversa que tive com ele (referência a Silvio Santos), falamos da venda, ele está 100% de acordo e acha que é o nosso melhor caminho. Certamente ele já deve ter lido sobre o Votorantim".
Poucos meses antes dessa troca de e-mails, o Panamericano havia batido à porta do Banco do Brasil, mas por outro motivo, como revelou o Estado ontem. A instituição que, naquele momento, pertencia 100% ao Grupo Silvio Santos, tentou vender ao BB carteiras de crédito.
O banco estatal considerou sofrível a qualidade dos empréstimos oferecidos, rejeitou a maior parte das carteiras e comprou apenas uma pequena parcela considerada de risco mais baixo.
"Amigos". Em outro e-mail, Stoliar relata a Palladino um jantar que tivera na noite anterior com Silvio Santos. Na mensagem, conta como estava a negociação do Panamericano com a Caixa e afirmou ter comentado com o empresário que alguns "amigos" estavam ajudando na tarefa.
"Disse que vocês estão trabalhando firme para vender parte do banco e que, provavelmente, teremos a ajuda dos "amigos" nessa venda", escreveu. "Disse a Silvio quem eram os "amigos" e ele ficou de boca aberta, como qualquer um ficaria."
Para os investigadores, os "amigos" seriam políticos. Em meio às dificuldades, os executivos que comandavam o Panamericano tentaram montar uma rede de contatos políticos.
Os documentos da PF mostram que eles se comunicavam com Luiz Gushiken, ex-ministro do governo Lula, e procuraram a ajuda do presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP). Além disso, tentaram convencer fundos de pensão de estatais a aplicar dinheiro no banco.
Stoliar termina a mensagem com mais uma referência a Silvio Santos. "Acho que é muito importante que Silvio esteja bem por dentro do que está acontecendo, para não ter medo e até para poder ajudar."
O escândalo do Panamericano estourou em 9 de novembro de 2010, menos de um ano depois da compra feita pela Caixa Econômica Federal. Socorrida pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), a instituição teve a fatia de Silvio Santos vendida para o BTG Pactual.
Procurados, Guilherme Stoliar, que atualmente é o principal executivo do Grupo Silvio Santos, e Rafael Palladino, indiciado pela PF como um dos responsáveis pelo rombo no Panamericano, não quiseram comentar.
Fonte: O Estado de São Paulo
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