sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O FIM DO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMILIA.

O que está acontecendo com o PSF (Programa de Saúde da Família) no Brasil? Teoricamente um programa excelente para a democratização da saúde que, após inicio promissor está correndo sério risco de perder sua finalidade e ser abandonado por milhares de Prefeituras. Faremos breve descrição do programa: Demarca-se um território que deve conter de 1500 a 2000 pessoas ou 500 a 700 famílias, faz-se levantamento minucioso de todas as casas, prédios, entidades públicas, privadas, sociais, esportivas, religiosas, enfim tudo que é relevante ao cotidiano da comunidade. Compete à equipe, composta minimamente por um médico, enfermeira, técnico de enfermagem e agentes de saúde, após diagnóstico de todos os fatores de risco, promover, não a ausência de doença mas sim, um completo estado de sanidade física, mental, econômica e psicosocial, usando para isso todos seus recursos e interagindo com outros agentes disponíveis, visando sua finalidade. Sabendo que 80% dos problemas de saúde são resolvidos na Atenção Básica ou Primária, o Programa contribuiria ainda para evitar a superlotação dos hospitais, deixando aos mesmos a responsabilidade de procedimentos de média e alta complexidade. Parece perfeito, porém para que estes objetivos sejam alcançados, uma carga horária de trabalho de 8 horas/dia é necessário. É impossível se fazer PSF com carga horária inferior. A principio, vislumbrando um programa de alto alcance social e que ainda teria financiamento compartilhado com o Governo Federal e Estadual, os Prefeitos aderiram em massa, até porque ganhos políticos eleitorais são naturais com este tipo de trabalho. O salário médio pago ao médico do programa, que gira em torno de 6 mil reais, deixou de ser atrativo em função da extensa carga horária, que impede que o profissional tenha outra atividade, sobrando-lhe plantões noturnos ou em finais de semana, agravado pelo fato de que a maioria dos gestores não pagam o 13º salário e não dão férias, direitos elementares a qualquer trabalhador. É necessário um grande conhecimento e experiência em Clinica médica, já que todos os agravos que acometem as pessoas do território têm que ser tratados ou pelo menos diagnosticados pela equipe, o que requer também que o profissional tenha perfil adequado à filosofia do programa. Mas o que temos visto é que jovens médicos aproveitam o espaço entre a formatura e o inicio da pós-graduação, geralmente 10 meses para ocuparem esse cargo, com um salário, aí sim, atrativo, mas que não têm a experiência necessária para atenderem aos anseios da comunidade e quando começam a adquiri-la abandonam o programa em função de sua especialização. A falta de reajuste da parcela do Governo Federal e a omissão dos Governos Estaduais é outro agravante que os Prefeitos tentam solucionar, oferecendo salários em torno de 4 mil reais para uma carga horária de 4 horas, transformando o PSF num simples ambulatório. Infelizmente o Programa está morimbundo, abandonado pela falta de visão do Governo do PT, abandonado pela omissão dos Governadores e pela queda de arrecadação dos Municípios com a crise econômica. Estamos assistindo gradualmente o fim da única esperança que a camada mais pobre da população tinha de ter acesso a uma saúde pública de qualidade.



4 comentários:

  1. Caro colega, concordo em gênero, número e grau com seu post. Em tese seria perfeito, não fossem exatamente os empecilhos, se fosse como uma verdadeira contratação com condições de trabalho dignas e salário compatível, aliados a educação continuada no projeto, seria perfeito. Caro, mas mais baratos que as milhões de internações que iríamos economizar, não é mesmo? E fixaria os médicos, os generalistas seriam valorizados, e não desprezados. Não seria mais o PSF apenas um meio dos futuros especialistas fazerem um pé de meia e aguentarem 2 ou 3 anos de residência, aí sim com salários parecidos com os de Cuba...

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  2. Infelizmente os governos não se interessam nem pela saúde nem para a educação.
    A idéia é ótima. Mas poderia ter médicos residentes (com salários menores e contrato 2 anos)e especialístas que ganhariam melhor?

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  3. Seu artigo é o fiel retrato do descaso com que é tratado a saúde pública e seus profissionais no Brasil. É o descompromisso social, reflexo de um governo aventureiro e ineficiênte. Saúde, Educação e Segurança, responsabilidade total do estado, justamente onde se vê mais desvalorização e falta de gerência. Perfeita sua avaliação.

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  4. Infelizmente é pena que isso esteja acontecendo. Muito boa a sua divulgação.

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