MERVAL PEREIRA17.3.2013 10h33m
O senador Aécio Neves também vem se movimentando nos bastidores para
pavimentar possíveis acordos partidários quando sua candidatura à presidência da
República for confirmada oficialmente pelo PSDB. Ele joga com os mesmos
descontentamentos que seu provável adversário Eduardo Campos vem tentando
explorar na aliança governista, e ambos dependem também da economia para
viabilizar suas candidaturas.
Campos mais que Aécio, pois terá que romper com
o governo para lançar-se candidato, enquanto o senador mineiro é a escolha
natural dos tucanos em 2014. Além disso, o PSDB tem sido o repositório da
votação oposicionista nas últimas três eleições, por pior que seja sua situação
interna ou a fraqueza de sua atuação no Congresso.
Na hora decisiva, ainda é
a sigla que une os que não querem um governo petista, tendo tido uma média de
40% dos votos nacionais no segundo turno, fosse qual fosse o candidato. Na
eleição de 2010 o PSDB chegou a ter 45% dos votos, mais devido à fragilidade da
candidata Dilma do que por seus próprios méritos. Passar desse nível para
desbancar o PT do governo depende, sobretudo, da situação do país e da campanha
que fizer.
As circunstâncias das últimas campanhas levaram o PSDB para uma
posição mais conservadora do que seria necessário para ampliar essa votação no
segundo turno, a tal ponto que o hoje governador Geraldo Alckmin teve menos
votos no segundo turno de 2006 do que no primeiro.
É ponto pacífico entre os
políticos que um acordo formal entre os candidatos no segundo turno não é tão
importante quanto o candidato classificado encarnar uma proposta capaz de ser
aceita pelos eleitores que, no primeiro turno, votaram contra a candidatura
oficial. No caso de 2014, a se confirmarem as candidaturas de Marina Silva,
Eduardo Campos e Aécio Neves, não é provável que todos estejam juntos no segundo
turno.
No momento, o PSB não admite apoiar Marina Silva, por exemplo,
considerando-a uma fundamentalista que prejudicaria o país com suas ideias. É
provável até mesmo que já no primeiro turno os dois divirjam mais do que
concordem.
Tanto Campos quanto Aécio têm mais possibilidades de receberem apoio mútuo, mas o PSDB não tem tantas divergências assim com Marina e poderia receber o apoio dela e de Campos num segundo turno, sendo claro que Aécio tem um perfil conciliador que facilita os acordos. Campos quase certamente receberia o apoio de Aécio, e de parte do eleitorado de Marina que busca uma alternativa nova, independente do radicalismo das ideias ambientais.
Tanto Campos quanto Aécio têm mais possibilidades de receberem apoio mútuo, mas o PSDB não tem tantas divergências assim com Marina e poderia receber o apoio dela e de Campos num segundo turno, sendo claro que Aécio tem um perfil conciliador que facilita os acordos. Campos quase certamente receberia o apoio de Aécio, e de parte do eleitorado de Marina que busca uma alternativa nova, independente do radicalismo das ideias ambientais.
O senador Aécio
Neves pretende dar a sua campanha um ar mais progressista, evitando a armadilha
petista de colocar os tucanos como reacionários na política e entreguistas na
economia. O que Aécio Neves teria a mais que seus companheiros oposicionistas é
a estrutura partidária do PSDB espalhada pelo país. Devido a isso, o PSDB
considera que no momento decisivo, parceiros tradicionais como o PPS e o DEM
permanecerão coligados.
Aécio vem conversando nas mesmas áreas em que o
governador de Pernambuco está testando suas possibilidades, como o PDT, mas
também com o PTB e o PP, presidido pelo senador Francisco Dornelles, de quem é
muito próximo. Mas só aceitará concorrer se estiver convencido de que a seção
paulista do PSDB ficará ao seu lado, mesmo que Serra não seja persuadido a
aderir ao projeto.
Assim como o governador de Pernambuco Eduardo Campos,
também o senador Aécio Neves trabalha com a hipótese de o PMDB do Rio romper com
o governo devido não apenas à questão dos royalties do petróleo como também à
candidatura de Lindbergh Farias pelo PT ao governo do Rio. Nesse caso, Aécio tem
a vantagem do relacionamento estreito que mantém não apenas com o governador
Sérgio Cabral, mas com o prefeito do Rio Eduardo Paes, ambos vindos dos quadros
do PSDB.
Além disso, Aécio pretende explorar sua ligação pessoal com o Rio de
Janeiro, e também trabalha para conseguir um acordo sobre os royalties. Ele
sabe, porém, que o partido terá pela frente, provavelmente no ano da eleição,
que encarar o julgamento do chamado “mensalão mineiro”, que envolve o hoje
deputado federal Eduardo Azeredo, à época presidente nacional do partido.
A
partir da decisão do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do mensalão do PT,
de que não há caixa 2 com desvio de dinheiro público, as chances de Azeredo
escapar de uma condenação são mínimas. Ele já foi avisado de que, ao contrário
do PT, o PSDB não pretende assumir sua defesa, e se não se desligar do partido,
será expulso se condenado.
Fonte: O
Globo
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