A antiga marchinha de carnaval conta da tristeza do jardineiro ao ver a flor despencada, sem vida. Era um tempo em que os jardins públicos tinham flores. E jardineiros. Mas esses também se foram e não há esperanças de que um dia voltem.
Foi-se o tempo em que a vizinhança conhecia o jardineiro pelo nome. Era ele que atendia, com muito prazer, as senhoras que ao final da missa de domingo pediam uma mudinha de violeta ou de murta. O jardim era seu local de trabalho e de prazer. Ali passava o dia inteiro revolvendo a terra, podando galhos, replantando mudas, admirando o seu pedaço de paraíso. E vigiando para que nenhum moleque pisasse em suas flores. Porque jardim público era lugar de rosas, dálias, manacás, lírios, margaridas, esporinha, veludo, brincos de princesa, beijos, violetas, jasmins....
Mas as coisas mudaram para pior. Nossos jardins perderam as flores e ganharam um novo layout, uma tendência nacional que fez de cada um igual a qualquer outro. E nenhum é bonito. Não perca seu tempo fotografando seu amor nestes recantos. Nunca se saberá se a foto foi feita na Praça dos Namorados ou em outra qualquer de Aracaju, de Belém ou do Rio.
Nossos jardineiros foram vítimas da praticidade dos administradores municipais que terceirizaram os serviços. Agora, de tempos em tempos, um batalhão de operários (outro dia contei dezesseis) pousa sobre os gramados dos parques e dos canteiros centrais das avenidas. São jardineiros de outra galáxia. Vêm munidos de cortadores elétricos de grama, óculos especiais e luvas. Ora, vamos e venhamos, não podem ser jardineiro aqueles que no final do dia têm as unhas tão limpas como a de um dentista! Jardineiro de verdade mete a mão na terra com a intimidade que a natureza lhe concede em retribuição ao amor que ele devota às plantas. Mas esse pelotão intergalático deixa a grama limpa e bem aparada durante a semana que se segue. Depois o mato volta, a tiririca toma conta e o que se vê é feio e triste.
Temos uma flora rica e diversificada, mas longe dos olhos da população. Quem não se encanta com nossas orquídeas? São muitas, belíssimas e objeto de cobiça de colecionadores de todo o mundo. Mas só podemos admirá-las durante a Semana do Verde, quando são expostas e comercializadas em tendas armadas pelas prefeituras. Por que os jardins públicos não têm orquidários?
Fazer a coisa certa não é tão difícil e tão caro como parece. Em São Paulo, cada praça tem um zelador que monitora os espaços e cuida das plantas. E - morramos de inveja dos franceses - os 52 km lineares de canteiros dos jardins do Chateau de Vilandry são cuidados por apenas 13 jardineiros. E são lindos e floridos como as peças publicitárias que exaltam os nossos prefeitos.
Marcos Alencar.
Foi-se o tempo em que a vizinhança conhecia o jardineiro pelo nome. Era ele que atendia, com muito prazer, as senhoras que ao final da missa de domingo pediam uma mudinha de violeta ou de murta. O jardim era seu local de trabalho e de prazer. Ali passava o dia inteiro revolvendo a terra, podando galhos, replantando mudas, admirando o seu pedaço de paraíso. E vigiando para que nenhum moleque pisasse em suas flores. Porque jardim público era lugar de rosas, dálias, manacás, lírios, margaridas, esporinha, veludo, brincos de princesa, beijos, violetas, jasmins....
Mas as coisas mudaram para pior. Nossos jardins perderam as flores e ganharam um novo layout, uma tendência nacional que fez de cada um igual a qualquer outro. E nenhum é bonito. Não perca seu tempo fotografando seu amor nestes recantos. Nunca se saberá se a foto foi feita na Praça dos Namorados ou em outra qualquer de Aracaju, de Belém ou do Rio.
Nossos jardineiros foram vítimas da praticidade dos administradores municipais que terceirizaram os serviços. Agora, de tempos em tempos, um batalhão de operários (outro dia contei dezesseis) pousa sobre os gramados dos parques e dos canteiros centrais das avenidas. São jardineiros de outra galáxia. Vêm munidos de cortadores elétricos de grama, óculos especiais e luvas. Ora, vamos e venhamos, não podem ser jardineiro aqueles que no final do dia têm as unhas tão limpas como a de um dentista! Jardineiro de verdade mete a mão na terra com a intimidade que a natureza lhe concede em retribuição ao amor que ele devota às plantas. Mas esse pelotão intergalático deixa a grama limpa e bem aparada durante a semana que se segue. Depois o mato volta, a tiririca toma conta e o que se vê é feio e triste.
Temos uma flora rica e diversificada, mas longe dos olhos da população. Quem não se encanta com nossas orquídeas? São muitas, belíssimas e objeto de cobiça de colecionadores de todo o mundo. Mas só podemos admirá-las durante a Semana do Verde, quando são expostas e comercializadas em tendas armadas pelas prefeituras. Por que os jardins públicos não têm orquidários?
Fazer a coisa certa não é tão difícil e tão caro como parece. Em São Paulo, cada praça tem um zelador que monitora os espaços e cuida das plantas. E - morramos de inveja dos franceses - os 52 km lineares de canteiros dos jardins do Chateau de Vilandry são cuidados por apenas 13 jardineiros. E são lindos e floridos como as peças publicitárias que exaltam os nossos prefeitos.
Marcos Alencar.
Gostei....Acho que flores, cidade bonita, "enfeitadinha" aumenta a autoestima do cidadão, faz com que sinta orgulho do lugar onde mora.... Eu, particularmente, amoooooooo uma florzinha.... Boa tarde dr Marco. O senhor é ótimo. Seu blog também!
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