Olhar distante, a pele pálida e uma tristeza que parece não ter fim, num corpo franzino de menina marcado pela dor. Aos 16 anos, a perda do primeiro filho, na madrugada do dia 30 de março deste ano, após nove meses de uma gravidez desejada e muito "paparicada" pela família, caiu como um raio sobre a dona de casa da Serra Brena Alves.
Longe dali, no bairro São Pedro, em Vitória, a comerciária Dayana dos Santos Teixeira, 21, no quarto mês de gestação, está determinada a esquecer a mesma dor que hoje tortura Brena. Dayana, como a adolescente da Serra, em 2010 também perdeu seu primeiro filho na mesma Maternidade Pró-Matre, na Capital.
Brena e Dayana são apenas dois casos que simbolizam a dor de muitas mulheres pobres que associam o parto dos seus filhos não à alegria, mas a sofrimento. Inúmeras guardam na memória situações no mínimo constrangedoras que, sistematicamente, são registradas na Grande Vitória: peregrinação por unidades públicas em busca de vagas; longa espera por atendimento; dor, muita dor, física e moral.
Grávida de novo, olhando para o enxoval guardado da primeira gravidez, Dayana desta vez não deseja voltar para o mesmo hospital-maternidade, "para não correr nenhum risco"Diferentemente das mulheres de média e alta renda, que podem escolher onde, como e com quem darão à luz seus bebês, existem aquelas para as quais o momento mais sublime de suas vidas acaba virando pesadelo.
Idas e vindas
E não é difícil encontrar quem tenha vivido esse drama. A própria Brena, antes de chegar à Pró-Matre passou primeiro pela Maternidade de Carapina, na Serra, onde permaneceu durante uma noite.
Por falta de vaga, um dia depois foi transferida para a Pró-Matre, em Vitória, onde seu parto, por via normal, só foi feito dois dias depois. Mas o bebê, que segundo a tia de Brena, Luciana, pesava 3,4 quilos, e devido à demora no parto teria aspirado mecônio (fezes) misturado ao líquido amniótico, já estava morto.
O metalúrgico Paulo Henrique Alves da Rocha, 23, marido de Brena, e a mãe dela, dona Luciene, perderam o controle ao saber da notícia. "Quebrei um vaso de cimento na Pró-Matre. Nunca agi assim, mas naquele dia tive a certeza de que por meus filhos sou capaz de tudo", diz a mulher. O caso foi parar na polícia, que também apura a morte da criança.
30% normal - Em 2010, foram realizados 1.306.898 partos normais e 693.040 cesáreas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. A taxa de cesarianas nas unidades públicas é de 30%. Já nas privadas ou suplementares ao SUS, 84% dos partos são cesáreas, enquanto apenas 16% são normais
R$ 165,00 por parto - É o valor pago pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a um obstetra por parto normal na Pró-Matre. Cesariana paga ao profissional valor de R$ 150,00. Anestesistas recebem por cesariana R$ 61,00
11,79 de óbitos - No Estado, em 2010, a taxa de óbitos infantis (até 1 ano) foi de 11,79 a cada mil nascidos vivos. Já a mortalidade materna foi de 48,40. Os últimos dados do Brasil, de 2009, foram de 14,54 e 59,92
Grito de Guerra
Brena garante que a médica que a atendeu durante o pré-natal assegura que seu bebê estava bem, embora ela tenha manifestado, durante a gravidez, dois problemas: catapora, no final do terceiro mês de gestação, e infecção urinária, no primeiro. Ela e Paulo Henrique constituíram advogado e vão acionar a Pró-Matre e os profissionais da unidade na Justiça.
Dayana dos Santos Teixeira, 21, também perdeu seu bebê na mesma maternidade em abril de 2010, e não gosta de lembrar de detalhes da sua tragédia. Quando começou sentir as dores, foi para o Hospital das Clínicas, onde não conseguiu atendimento, e por isso acabou seguindo para a Pró-Matre.
Era sexta-feira, e, segundo Dayana, um acadêmico a orientou a voltar para casa. No domingo, "com uma dor terrível", ela foi à Pró-Matre, onde após três horas de espera, foi examinada e encaminhada ao Hospital Dório Silva, que fica na Serra. Lá, a confirmação: o bebê estava morto.
Grávida de novo, olhando para o enxoval guardado da primeira gravidez, Dayana desta vez não deseja voltar para o mesmo hospital-maternidade, "para não correr nenhum risco".
Processos
Só a Pró-Matre responde a 30 processos movidos por famílias cujos filhos ou morreram ou apresentaram alguma sequela pós-parto. Médico e obstetra, o diretor Perácio Lora Soares, 73, nem sabe quantificar quantas crianças trouxe ao mundo - ele fez partos até os 70 anos -, e fala do desconforto e da dor que, segundo ele, profissionais da maternidade enfrentam quando ocorrem problemas no atendimento a uma parturiente.
Mas admite que é praticamente impossível não haver registro de problemas numa unidade que, embora com enfermaria limpas e confortáveis, realiza 450 partos e 1.200 consultas por mês, e onde apenas dois médicos obstetras trabalham em plantões de 12 horas.
Para completar, anestesiologistas não ficam no local permanentemente. Só vão quando chamados, prática que, por determinação de Soares, terá que acabar em maio. "Já pensou se acontece um engarrafamento?", pergunta, certo da resposta.
Déficit
Filantrópica, a Pró-Matre, que recebe verba do SUS, do governo do Estado e da Prefeitura de Vitória, mantém um déficit mensal de R$ 200 mil, deve R$ 3 milhões à Caixa e R$ 1 milhão a fornecedores. O sonho do diretor? Que o empresariado ajude a instituição e, dessa forma, ela consiga manter nos plantões não dois, mas quatro médicos.
Hoje, quando uma cesariana tem que ser realizada, apenas um médico, e um acadêmico, realizam a cirurgia, porque o outro doutor tem que cuidar das demais parturientes, em trabalho de parto, além de receber as que chegam à unidade.
É bom que se diga que o governo limita a realização de cesarianas em hospitais públicos e conveniados ao SUS. No Espírito Santo, o índice é de 32%, mas a própria Pró-Matre diz realizar 48%. Resultado: seus repasses mensais são parcialmente cortados, pelo descumprimento da meta.
Na rede privada, o próprio governo federal admite que "assusta o alto índice de casos em que as cesáreas são agendadas por conveniência".
É certo que problemas de atendimento não se restrigem apenas à unidades públicas e filantrópicas. No Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES), somente em relação a partos, há 59 sindicâncias e 14 processos éticos em tramitação, o que representa, respectivamente,13,9% e 9,3% do total desses procedimentos.
Profissão perigo
Diretor do CRM, o ginecologista Adenilton Pedro Cruzeiro diz que a obstetrícia é especialidade de risco. Ele mesmo deixou de fazer partos, assim como não mais os realiza o presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Espírito Santo, Fábio Leal.
"Obstetra não tem vida própria - o telefone toca a qualquer hora - e, se trabalha para o SUS, recebe pouquíssimo", diz Leal. Segundo ele, pelo menos 30 médicos deixaram de fazer partos nos últimos dois anos no Estado. Pai de dois médicos, Perácio Soares diz que pediu a ambos que não façam obstetrícia.
Perácio Soares diz que ser obstetra significa estar sempre ao lado da paciente, mas não é raro ouvir-se relatos de mulheres que não recebem esse padrão de atenção.
Wesleiana da Silva da Penha, 24, por exemplo, mesmo satisfeita com o atendimento que recebera na Pró-Matre, onde teve a menina Ana Clara, na semana passada, ainda lembra do sofrimento do seu primeiro parto, quando seu filho Moisés, hoje com 6 anos, passou da hora de nascer, aspirou mecônio, e teve que ficar 12 dias internado
Wesleiana da Silva da Penha, 24, por exemplo, mesmo satisfeita com o atendimento que recebera na Pró-Matre, onde teve a menina Ana Clara, na semana passada, ainda lembra do sofrimento do seu primeiro parto, quando seu filho Moisés, hoje com 6 anos, passou da hora de nascer, aspirou mecônio, e teve que ficar 12 dias internado.
Dois anos depois, a mesma Wesleiana ficou seis horas sentada num banco da maternidade São João Batista, em Cariacica, contorcendo-se de dor, à espera de atendimento para dar à luz Izaac, 4.
Beatriz Ferreira, 27, também teve que migrar da Maternidade de Carapina para a Pró-Matre, onde Mateus nasceu, na última quarta-feira. Ela admite que temeu pelo que poderia acontecer, ainda infuenciada pelas imagens do caixão do bebê de Brena Alves, carregado pela avó Luciene, e exibido na TV, na semana anterior.
"Revivi o que enfrentei há seis anos, quando tive meu primeiro filho, Calebe, na Pró-Matre. Após 12 horas de observação e dor, quiseram induzir meu parto normal e eu não deixei. Sofri muito", diz ela.
Os médicos dizem que intercorrências - nome técnico para complicações - podem acontecer, em qualquer tipo de unidade hospitalar. E insistem que há diferença entre complicação e erro médico, causado por imperícia, imprudência ou negligência.
Ineficácia
Para a subsecretária de Estado da Saúde, Gisele Oliveira, na Grande Vitória o maior problema está na rede básica, onde o pré-natal "ainda é falho e ineficaz". Muitas mulheres submetem-se a poucas consultas e não recebem o acompanhamento devido.
Outro problema está no fato de os municípios não terem maternidade de referência para encaminhar as gestantes.
Um estudo iniciado há um ano e meio busca estruturar as redes da mulher e da criança no Estado. Mas a chamada humanização do parto, bonita no papel, ainda não é aplicada em todas as unidades públicas do Estado.
Em 2010, foram realizados 1.306.898 partos normais e 693.040 cesáreas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. A taxa de cesarianas nas unidades públicas é de 30%. Já nas privadas ou suplementares ao SUS, 84% dos partos são cesáreas, enquanto apenas 16% são normais
No Estado, em 2010, a taxa de óbitos infantis (até 1 ano) foi de 11,79 a cada mil nascidos vivos. Já a mortalidade materna foi de 48,40. Os últimos dados do Brasil, de 2009, foram de 14,54 e 59,92.
Fonte: A Gazeta - Cláudia Feliz.
Longe dali, no bairro São Pedro, em Vitória, a comerciária Dayana dos Santos Teixeira, 21, no quarto mês de gestação, está determinada a esquecer a mesma dor que hoje tortura Brena. Dayana, como a adolescente da Serra, em 2010 também perdeu seu primeiro filho na mesma Maternidade Pró-Matre, na Capital.
Brena e Dayana são apenas dois casos que simbolizam a dor de muitas mulheres pobres que associam o parto dos seus filhos não à alegria, mas a sofrimento. Inúmeras guardam na memória situações no mínimo constrangedoras que, sistematicamente, são registradas na Grande Vitória: peregrinação por unidades públicas em busca de vagas; longa espera por atendimento; dor, muita dor, física e moral.
Grávida de novo, olhando para o enxoval guardado da primeira gravidez, Dayana desta vez não deseja voltar para o mesmo hospital-maternidade, "para não correr nenhum risco"Diferentemente das mulheres de média e alta renda, que podem escolher onde, como e com quem darão à luz seus bebês, existem aquelas para as quais o momento mais sublime de suas vidas acaba virando pesadelo.
Idas e vindas
E não é difícil encontrar quem tenha vivido esse drama. A própria Brena, antes de chegar à Pró-Matre passou primeiro pela Maternidade de Carapina, na Serra, onde permaneceu durante uma noite.
Por falta de vaga, um dia depois foi transferida para a Pró-Matre, em Vitória, onde seu parto, por via normal, só foi feito dois dias depois. Mas o bebê, que segundo a tia de Brena, Luciana, pesava 3,4 quilos, e devido à demora no parto teria aspirado mecônio (fezes) misturado ao líquido amniótico, já estava morto.
O metalúrgico Paulo Henrique Alves da Rocha, 23, marido de Brena, e a mãe dela, dona Luciene, perderam o controle ao saber da notícia. "Quebrei um vaso de cimento na Pró-Matre. Nunca agi assim, mas naquele dia tive a certeza de que por meus filhos sou capaz de tudo", diz a mulher. O caso foi parar na polícia, que também apura a morte da criança.
30% normal - Em 2010, foram realizados 1.306.898 partos normais e 693.040 cesáreas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. A taxa de cesarianas nas unidades públicas é de 30%. Já nas privadas ou suplementares ao SUS, 84% dos partos são cesáreas, enquanto apenas 16% são normais
R$ 165,00 por parto - É o valor pago pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a um obstetra por parto normal na Pró-Matre. Cesariana paga ao profissional valor de R$ 150,00. Anestesistas recebem por cesariana R$ 61,00
11,79 de óbitos - No Estado, em 2010, a taxa de óbitos infantis (até 1 ano) foi de 11,79 a cada mil nascidos vivos. Já a mortalidade materna foi de 48,40. Os últimos dados do Brasil, de 2009, foram de 14,54 e 59,92
Grito de Guerra
Brena garante que a médica que a atendeu durante o pré-natal assegura que seu bebê estava bem, embora ela tenha manifestado, durante a gravidez, dois problemas: catapora, no final do terceiro mês de gestação, e infecção urinária, no primeiro. Ela e Paulo Henrique constituíram advogado e vão acionar a Pró-Matre e os profissionais da unidade na Justiça.
Dayana dos Santos Teixeira, 21, também perdeu seu bebê na mesma maternidade em abril de 2010, e não gosta de lembrar de detalhes da sua tragédia. Quando começou sentir as dores, foi para o Hospital das Clínicas, onde não conseguiu atendimento, e por isso acabou seguindo para a Pró-Matre.
Era sexta-feira, e, segundo Dayana, um acadêmico a orientou a voltar para casa. No domingo, "com uma dor terrível", ela foi à Pró-Matre, onde após três horas de espera, foi examinada e encaminhada ao Hospital Dório Silva, que fica na Serra. Lá, a confirmação: o bebê estava morto.
Grávida de novo, olhando para o enxoval guardado da primeira gravidez, Dayana desta vez não deseja voltar para o mesmo hospital-maternidade, "para não correr nenhum risco".
Processos
Só a Pró-Matre responde a 30 processos movidos por famílias cujos filhos ou morreram ou apresentaram alguma sequela pós-parto. Médico e obstetra, o diretor Perácio Lora Soares, 73, nem sabe quantificar quantas crianças trouxe ao mundo - ele fez partos até os 70 anos -, e fala do desconforto e da dor que, segundo ele, profissionais da maternidade enfrentam quando ocorrem problemas no atendimento a uma parturiente.
Mas admite que é praticamente impossível não haver registro de problemas numa unidade que, embora com enfermaria limpas e confortáveis, realiza 450 partos e 1.200 consultas por mês, e onde apenas dois médicos obstetras trabalham em plantões de 12 horas.
Para completar, anestesiologistas não ficam no local permanentemente. Só vão quando chamados, prática que, por determinação de Soares, terá que acabar em maio. "Já pensou se acontece um engarrafamento?", pergunta, certo da resposta.
Déficit
Filantrópica, a Pró-Matre, que recebe verba do SUS, do governo do Estado e da Prefeitura de Vitória, mantém um déficit mensal de R$ 200 mil, deve R$ 3 milhões à Caixa e R$ 1 milhão a fornecedores. O sonho do diretor? Que o empresariado ajude a instituição e, dessa forma, ela consiga manter nos plantões não dois, mas quatro médicos.
Hoje, quando uma cesariana tem que ser realizada, apenas um médico, e um acadêmico, realizam a cirurgia, porque o outro doutor tem que cuidar das demais parturientes, em trabalho de parto, além de receber as que chegam à unidade.
É bom que se diga que o governo limita a realização de cesarianas em hospitais públicos e conveniados ao SUS. No Espírito Santo, o índice é de 32%, mas a própria Pró-Matre diz realizar 48%. Resultado: seus repasses mensais são parcialmente cortados, pelo descumprimento da meta.
Na rede privada, o próprio governo federal admite que "assusta o alto índice de casos em que as cesáreas são agendadas por conveniência".
É certo que problemas de atendimento não se restrigem apenas à unidades públicas e filantrópicas. No Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES), somente em relação a partos, há 59 sindicâncias e 14 processos éticos em tramitação, o que representa, respectivamente,13,9% e 9,3% do total desses procedimentos.
Profissão perigo
Diretor do CRM, o ginecologista Adenilton Pedro Cruzeiro diz que a obstetrícia é especialidade de risco. Ele mesmo deixou de fazer partos, assim como não mais os realiza o presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Espírito Santo, Fábio Leal.
"Obstetra não tem vida própria - o telefone toca a qualquer hora - e, se trabalha para o SUS, recebe pouquíssimo", diz Leal. Segundo ele, pelo menos 30 médicos deixaram de fazer partos nos últimos dois anos no Estado. Pai de dois médicos, Perácio Soares diz que pediu a ambos que não façam obstetrícia.
Perácio Soares diz que ser obstetra significa estar sempre ao lado da paciente, mas não é raro ouvir-se relatos de mulheres que não recebem esse padrão de atenção.
Wesleiana da Silva da Penha, 24, por exemplo, mesmo satisfeita com o atendimento que recebera na Pró-Matre, onde teve a menina Ana Clara, na semana passada, ainda lembra do sofrimento do seu primeiro parto, quando seu filho Moisés, hoje com 6 anos, passou da hora de nascer, aspirou mecônio, e teve que ficar 12 dias internado
Wesleiana da Silva da Penha, 24, por exemplo, mesmo satisfeita com o atendimento que recebera na Pró-Matre, onde teve a menina Ana Clara, na semana passada, ainda lembra do sofrimento do seu primeiro parto, quando seu filho Moisés, hoje com 6 anos, passou da hora de nascer, aspirou mecônio, e teve que ficar 12 dias internado.
Dois anos depois, a mesma Wesleiana ficou seis horas sentada num banco da maternidade São João Batista, em Cariacica, contorcendo-se de dor, à espera de atendimento para dar à luz Izaac, 4.
Beatriz Ferreira, 27, também teve que migrar da Maternidade de Carapina para a Pró-Matre, onde Mateus nasceu, na última quarta-feira. Ela admite que temeu pelo que poderia acontecer, ainda infuenciada pelas imagens do caixão do bebê de Brena Alves, carregado pela avó Luciene, e exibido na TV, na semana anterior.
"Revivi o que enfrentei há seis anos, quando tive meu primeiro filho, Calebe, na Pró-Matre. Após 12 horas de observação e dor, quiseram induzir meu parto normal e eu não deixei. Sofri muito", diz ela.
Os médicos dizem que intercorrências - nome técnico para complicações - podem acontecer, em qualquer tipo de unidade hospitalar. E insistem que há diferença entre complicação e erro médico, causado por imperícia, imprudência ou negligência.
Ineficácia
Para a subsecretária de Estado da Saúde, Gisele Oliveira, na Grande Vitória o maior problema está na rede básica, onde o pré-natal "ainda é falho e ineficaz". Muitas mulheres submetem-se a poucas consultas e não recebem o acompanhamento devido.
Outro problema está no fato de os municípios não terem maternidade de referência para encaminhar as gestantes.
Um estudo iniciado há um ano e meio busca estruturar as redes da mulher e da criança no Estado. Mas a chamada humanização do parto, bonita no papel, ainda não é aplicada em todas as unidades públicas do Estado.
Em 2010, foram realizados 1.306.898 partos normais e 693.040 cesáreas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. A taxa de cesarianas nas unidades públicas é de 30%. Já nas privadas ou suplementares ao SUS, 84% dos partos são cesáreas, enquanto apenas 16% são normais
No Estado, em 2010, a taxa de óbitos infantis (até 1 ano) foi de 11,79 a cada mil nascidos vivos. Já a mortalidade materna foi de 48,40. Os últimos dados do Brasil, de 2009, foram de 14,54 e 59,92.
Fonte: A Gazeta - Cláudia Feliz.
dr.marcos, passaram-se quase um ano da sua publicação e, aparentemente, a situação na promatre mudou um pouco. pelo menos é a impressão que se tem ao ser atendido. contudo, as condições de atendimento na maternidade de carapina andam em frangalhos. minha filha está grávida e foi extremamente mal atendida pelo médico. este demonstrava extremo descompromisso com a profissão. ressaltam-se ainda as precariedades higiênicas e estruturais desta.
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